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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Obrigado


Obrigado ao Buiú.

Se não fosse aquele gol do Central aos 36 do segundo tempo, teríamos seguido em frente na Copa do Brasil. Daí, com um pouco mais de sorte, poderíamos ter superado o Vasco na fase seguinte. Lotaríamos o Castelão, relembraríamos o vice de 94, falaríamos mais uma vez que o Ceará tem tradição na competição e, finalmente, chegando às oitavas ou quartas, aquele velho sentimento de dever cumprido se transformaria em desculpa: "é, até que fomos longe".

Obrigado ao Douglas.

Se não fossem os verdadeiros milagres operados pelo goleiro do Fortaleza na final, teríamos sido campeões cearenses. Aí, com a faixa no peito, teríamos coroado a incompetência de um péssimo segundo turno. Teríamos entrado num lenga-lenga de Parque dos Campeonatos X Reconhecimento de Penta X Maior Torcida do Estado e versus tudo que é discussão sem fim. E, por fim, teríamos zoado tanto o nosso rival, que por sua vez teria se reforçado muito mais para a série B e, sem precisar do Chiquinho de Xangô ou Bento XVI, talvez hoje tivesse numa situação menos vexatória.

Obrigado às seis primeiras rodadas.

Se não fosse o desastroso começo de campeonato, provavelmente teríamos prosseguido com o Zé Teodoro. Assim, com uma derrotinha aqui e uma zoninha acolá, teríamos feito a décima sétima proposta para o Givanildo - e escutado o décimo sétimo "não". O tabu de não vencer fora estaria completando 3 anos, e o seis de 16 anos de Série B estaria pintando o 7. PC Gusmão seria treinador do Fluminense. Geraldo, meia do Naútico. E o Mota, bem, o Mota estaria comendo carne de cachorro na Coreia e fazendo uma ruma de gols pra gente ver só no Youtube.

Obrigado ao Wellington Silva, ao Charles Hebert e à Ticiane Falcão.

De coração, gostaria de cumprimentar pessoalmente cada um deles. Dando a mão, claro. Tudo bem, se não fosse o digno trio, poderíamos ter empatado ou até vencido aquele jogo contra o Paraná. Mas aí, pense bem, não teríamos escutado o PC Gusmão garantir para todo o Brasil, na vigésima quinta rodada, que o Ceará iria subir, sim senhor. Não teríamos mostrado para o restante do país o quanto cearense é tinhoso, o quanto temos sangue nos olhos e, principalmente, o quanto nos tornamos invocados quando arengados.

Obrigado à Varicela.

Se não fosse fosse a catapora do Rômulo, é possível afirmar que o Sérgio Alves não teria sido relacionado para nenhuma partida. Certo, sem o Carrasco, poderíamos até estar onde estamos. O Luizinho poderia ter desencantado, o Preto poderia ter voltado a marcar e, inesperadamente, o Éslei poderia mostrar a que veio. Mas, uma coisa é certa, sem as bolinhas vermelhas do Rômulo, não teríamos visto um estádio ir à loucura, vibrando com um gol aos 44 do segundo tempo - literalmente chorado. Não teríamos cantado mais uma vez a música que está virando segundo hino e, o que é pior, não teríamos a imagem de um dos nossos maiores ídolos, aos 39 anos de idade, comemorando um gol feito um menino.

Obrigado.

Não, não vou agradecer ao PC Gusmão, ao Geraldo, ao Michel, ao Mota, ao Boiadeiro, ao Fabrício, ao Evandro Leitão, enfim, não vou agradecer a ninguém que hoje faz o Ceará Sporting Club. Não agradeço porque, simplesmente, não consigo. Com palavras, não. Mesmo sendo redator, mesmo escrevendo trocentos textos, há trocentos anos, definitivamente não sei expressar o tamanho dessa gratidão. Ok, posso até dizer obrigado pelos gols, pelas vitórias e pelo acesso à série A. Se fosse assim, estaria feito. Mas é que pra mim, o Ceará, este Ceará aí, é bem mais do que isso. E é aqui que a coisa começa a ficar preta. E branca. Por exemplo, como que eu posso agradecer pela felicidade de ver um sujeito, que não ia ao estádio há 10 anos, vibrar e marejar a cada gol do Vozão? Ainda mais quando este sujeito é seu próprio pai? Por favor, quem conseguir descrever, aceito currículos. E mais: como é que eu posso ser de fato gentil a quem está fazendo com que nossas crianças tenham mais orgulho em ser Ceará do que torcer um time de SP ou do RJ?

É, acho que é por isso que, no lugar de escrever, torcedor expressa paixão - e gratidão - cantando: Valeu, Vovô. Valeu, Vovô...

Cyro Thomaz é publicitário

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