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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Investigar,refletir e construir


A crise de valores fragmenta os padrões éticos e cria uma atitude amoral no cotidiano.Quem são os responsáveis?

Estamos passando por mais um processo eleitoral. Em geral,e por repetidas vezes, afirma-se que a atual realidade brasileira decorre da existência de políticos corruptos. Entretanto, a política é norteada por valores, e está diretamente relacionada a Ética. Segundo Aristóteles, em Ética a Nicômaco, a finalidade da política é a vida justa e feliz. Assim, segundo o filosofo, o ideal ético se realiza pela política, pois esta visa alcançar o bem. Mas seria o bem comum um de nossos valores?

Penso que a corrupção vista no Congresso Nacional é reflexo da micro-corrupção praticada em nosso cotidiano. Só há tolerância à corrupção em sociedades nas quais esses valores estão arraigados.

Na verdade, a nossa sociedade vive uma crise de valores marcada por uma tendência pós-moderna que fragmenta a Ética numa pluralidade de éticas (política, educacional, médica), fazendo com que o individuo se mostre nos mais diversos lugares e de diferentes formas. Isso permite que a relação entre as pessoas se torne amoral, de modo que seus objetivos, de caráter individualista, sejam alcançados sem depender de uma ética universal.

Interesses privados

Por que a mesma pessoa que contesta um político nepotista deixa o amigo entrar na sua frente numa fila? Qual é a diferença entre um político que emprega o irmão e uma pessoa que permite que alguém fure a fila na sua frente? Ambos utilizam sua posição em favor de interesses privados e, assim, são nepotistas.

A questão principal é: por que não percebemos essas ações? Por que não percebemos que na verdade nossa “democracia” – a de uma sociedade na qual o interesse privado prevalece sobre o público – tem um Estado que não está voltado para o bem comum?

Essa fragmentação ética está enraizada, que não percebemos que agir com valores variáveis compromete os interesses coletivos. Pois, se defendermos um todo, isto deverá permanecer em todas as esferas da vida (pública e privada): em casa, no trabalho, nas férias...

A ética aristotélica é universal e é aquela a qual se pretende retornar. Mas, para que ela se efetive, é necessário ter moral fixa, a que todos sigam rigorosamente, pois a corrupção, o nepotismo e o clientelismo só ocorrem porque muitos se omitem ou infringem leis e princípios morais. Além de atos violentos contra o coletivo, há certa moral por trás desses atos que é sustentada por todos que compõem, atos que se repetem quase que involuntariamente em nosso cotidiano.

Assim, mais importante do que compreender nossa visão patriarcal de sociedade é entender que esta é formada por todos e que nossos valores muitas vezes são criados e reproduzidos por nós mesmos. Portanto, está sob nossa responsabilidade a construção do Brasil, e não precisamos esperar por um político ideal, que nunca se revela.

Thiago Oliveira Braga