Quem sou eu ?

Minha foto
Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A vida fora do gramado

Em agosto de 1969, enquanto no Maracanã lotado o escrete canarinho nos garantia a classificação rumo ao tricampeonato no México, fora das quatro linhas a vida no Brasil não era tão risonha.

Afinal, desde 1964 vivíamos sob duro regime militar.
Após três anos de governo Castelo Branco, terrivelmente autoritário mas ainda não inteiramente troglodita, assumira o general Costa e Silva, troupier de poucas luzes. Acentuava-se cada vez mais a militarização da vida nacional.

Às prisões e cassações de políticos, estudantes e dissidentes de toda sorte, a sociedade civil respondera com grandes passeatas, que reuniam estudantes universitários, intelectuais, artistas, donas de casa e profissionais liberais.

O troco do regime não se fez esperar: em 13 de dezembro de 1968 abatia-se sobre o país o Ato Institucional nº 5, que suspendia o habeas corpus e concedia ao presidente o direito de fazer novas cassações, suspender direitos políticos, legislar por decreto-lei, intervir nos estados e decretar estado de sítio.
Para coroar, o Congresso Nacional foi posto em recesso por tempo indeterminado, e feroz censura foi baixada sobre a imprensa e todas as formas de manifestação intelectual e artística.
Ao longo do primeiro semestre de 1969, o regime fechou-se mais e mais. Cerca de cem parlamentares foram cassados, entre outros cidadãos atingidos pelas medidas de exceção.

As prisões se abarrotavam com os opositores do governo; mais de 200 professores universitários e pesquisadores foram compulsoriamente aposentados. Entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A Lei de Segurança Nacional foi alterada, para punir a divulgação de notícias “inconvenientes” e permitir ao ministro da Justiça intervir nas rádios e TVs.

Setores da oposição, por sua vez, radicalizavam suas ações: organizações de esquerda iniciavam a luta armada, e multiplicavam-se os assaltos a bancos e atentados a quartéis.

Naquele 31 de agosto, correu entre as mais de 180 mil pessoas presentes ao Maracanã para ver Pelé infernizar a defesa paraguaia o boato de que Costa e Silva tinha morrido.

Na realidade, ele já estava gravemente doente desde o dia 27, quando se manifestaram os primeiros sintomas, mas a imprensa, censurada, noticiou que o presidente cancelara sua agenda em razão de “forte gripe”.

Dois dias depois, os três ministros militares constituíram-se em junta e passaram a responder pelo governo, impedindo o vice-presidente Pedro Aleixo de assumir.

Finalmente, naquele domingo, 31 de agosto de 1969, desfez-se a farsa: o AI-12 entronizava a Junta Militar e confirmava o afastamento de Costa e Silva.

Nas arquibancadas do Maracanã, nós nos abraçávamos, felizes, certos de que o pesadelo estava terminando. Mas não desconfiávamos de que se consumava, na verdade, um golpe de Estado.
O pesadelo entrava em nova fase.

Em 17 de outubro a ditadura passou a exibir sua face mais medonha.

A Junta Militar baixou a Emenda Constitucional nº 1, incorporando ao arcabouço jurídico brasileiro mais uma leva de legislação excepcional: penas de morte, banimento e prisão perpétua; limitação à liberdade artística e de cátedra; fim da imunidade parlamentar e da garantia ao direito de associação; manutenção da vigência dos atos institucionais.

Para encenar a mímica da normalidade institucional, em 25 de outubro o Congresso foi reaberto especialmente para eleger o general Médici e o almirante Rademaker presidente e vice-presidente da República.

A linha-dura vencera de ponta a ponta.

O Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1970 e teve que amargar 24 anos de espera para ser novamente campeão.

Fora das quatro linhas, ainda se passariam mais 20 anos até que o povo pudesse novamente votar para presidente.
________________________________
A pedido da Editoria de Esportes do jornal O Globo, escrevi este artigo, que foi publicado no Caderno de Esportes do jornal em 13.08.2001

sábado, 29 de agosto de 2009

Os sete pecados capitais - LUXÚRIA


“Pai, livrai-me da luxúria, mas não por enquanto..."

Santo Agostinho (viveu no século III e foi bispo,escritor,teólogo,filósofo,padre e Doutor da Igreja Católica)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Toma lá, dá cá (rumo a série A)


Palmas para o Vovô
Eita Ceará Pai d’égua!
Dentro do Maracanã, calou os mais de 27 mil torcedores vascainos que compareceram ao Maracanã, deixou os descrentes de boca aberta e não deixou duvidas a Seu Ninguém do que é capaz nesta Série B.
Futebol inteligente, futebol de elite.Devolve com o mesmo placar a derrota sofrida no Castelão, ainda na Segunda Rodada da série B.

E valeu a pena esperar esse vitória, e valerá ter esperado 16 anos para o acesso a elite do futebol brasileiro.
Foi um dos feitos que vão figurar na quase centenária história do alvinegro, pois foi a primeira vitória do Ceará em partidas oficiais contra o Vasco e até onde eu sei, o Ceará nunca tinha vencido de time nenhum dentro do Maracanã.
Expresso, rumo à Série A.
Boa Sorte Ceará, a série B continua...

Thiago Oliveira Braga, dentre outras coisas, torcedor do Ceará S.C.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Descoberto o ouro negro


Trabalho com adolescentes,seja eles na igreja, na escola ou em alguma outra atividade que venha a realizar. Isso me dá conta do que costumo fazer (ou pensar em fazer) é fruto de minha realização para com eles. Uma das praticas que temos feito como grupo é a valorização da data do dia, da semana, e sempre lembramos. É claro que existem algumas datas bem irrelevantes (como por exemplo, o dia do Filosofo ... rsrsrsrs ... brincadeira pelo fato de ser estudante de Filosofia), mas outras bem significativas.

Entrando nessa onda, eu vou postar um texto que fala de uma DESCOBERTA referente ao dia de hoje, dentro dos próximos dias deverei escrever sobre alguma data que considero que valha a pena ocupar uma espaço no nosso BLOG.

1859 – Primeiro poço de petróleo é perfurado a uma profundidade de 21m, no estado da Pensilvânia (EUA). Foi descoberto por Edwin Laurentine Drake, que utilizou um instrumento de madeira e uma perfuradora movida a vapor.

A data passou a ser considerada o nascimento da moderna indústria petrolífera.

Milhares de poços surgiram na Pensilvânia do noite para o dia. Carroças e barcaças transportavam o óleo dos campos para as refinarias.

Uma da primeiras utilizações do petróleo foi substituindo o óleo de baleia na iluminação. Passou a ser refinado em alambiques, obtendo-se assim o querosene.

Com a invenção dos motores a explosão e a diesel, as frações do petróleo que eram desprezadas passaram a ter novas aplicações.

No Brasil, a primeira sondagem foi realizada em Bofete, São Paulo, entre 1892 e 1896, pelo fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo. Entretanto, só em 1939 foi descoberto petróleo em Lobato, na Bahia.

Um ano antes, tinha sido criado o Conselho Nacional do Petróleo, para avaliar os pedidos de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo. O CNP era o responsável pela regulação das atividades de importação, exportação, transporte, distribuição e comércio de petróleo e derivados e o funcionamento da indústria do refino.

As perfurações prosseguiam em pequena escala, até que, em 3 de outubro de 1953, o presidente Getúlio Vargas sancionou a Lei nº 2004, que instituiu o monopólio estatal da pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados e criou a Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

A partir do início da exploração de petróleo em águas profundas, foram descobertas grandes reservas na plataforma continental brasileira. O estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo o país.

Hoje, a Petrobras está entre as maiores empresas petrolíferas do mundo. E o petróleo é uma das principais commodities minerais produzidas pelo Brasil.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Brasil um País de todos...


Todos os ladrões

Todos os políticos ladrões

Todos os professores que ganham cinco reais por hora

Todos os traficantes que comandam o país

Todos os policiais que comandam o tráfico

Todos os alunos estaduais que fingem que aprendem

Todos os professores que fingem que ensinam

Todos os pais que fingem estar felizes com tudo isso

Brasil, um país de...

Todos nós, negros, brancos, pardos, cafuzos, mamelucos, índios

Todos filhos da pátria despatriados patrioticamente

Todos os favelados e milionários

Todos empregados e desempregados

Todos crentes, carentes e cretinos

Todos católicos, praticantes ou nominais

Todos os pentecostais e carismáticos

Todos a favor do aborto e todos desabortados


Brasil, um país de...


Todos os missionários e mercenários

Todos universais, seja do reino de Deus ou de qualquer outro reino

Todos que leem e aqueles que não leem e os que também não sabem ler

Todos os indiferentes tentando agir de forma diferente para não ser diferenciado

Todos os que cuidam da terra poluindo-a com tudo que usam para cuidar da mesma

Todos os que cantam, que choram, que gritam, que riem

Todos que amam futebol, e que esquecem de seus sofrimentos na hora do gol


Enfim...


Viva o nosso Brasil. Um país de Todos, um Brasil de ninguém.

Calebe Ribeiro

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os sete pecados capitais - IRA


“Tanto a mansidão como o pacificar, longe de serem fracas, têm seu pivô na força. A força de não usar o poder é vista mais claramente e de forma mais construtiva quando a possibilidade de se usar esse poder é maior. Na Escritura hebraica a figura da paz não é de duas ovelhas deitadas juntas, mas a do leão deitado junto à ovelha, que seria uma presa fácil.”

Os Guinness

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma viagem que valeu história


Viajei no dia 9 de Julho de 2009 para São Paulo para trabalhar numa temporada de acampamento de crianças e adolescentes em Arujá-SP. Até aí nenhuma informação extraodinária, afinal com os preços das passagens mais baratas que ônibus, até eu estou viajando.

Mas o motivo desse texto não será pra relatar mais uma de minhas idas a cidade de São Paulo, mas especificamente a data, que ficou marcada pra mim, pelo fato de ter sido feriado na cidade e mudou completamente os meus planos, ao chegar (sem falar do frio, que é um componente significativo pra quem mora no Ceará).

Mas como sou curioso, fui aos livros entender melhor o motivo do feriado, e o que tem de tão importante nessa data pra ter até um feriado em todo o estado, pois aqui no Ceará, só tem desses se for por algum motivo religioso, caso contrario, não lembro de nenhum desses aqui na minha cidade/estado.

Então, senta que lá vem história ...

1932 – Começa a Revolução Constitucionalista, que opôs os paulistas ao governo federal, chefiado por Getúlio Vargas.

Com a vitória da Revolução de 30, Getúlio assumiu o poder e instalou um governo provisório. O Congresso e as Assembléias foram fechados, e interventores federais nomeados para governar os estados.

Para São Paulo foi nomeado o tenente João Alberto Lins de Barros.

A exclusão do governo do Partido Democrático (PD) – que havia apoiado a Revolução de 30 – deu início a uma campanha de mobilização da sociedade paulista, pela imediata reconstitucionalização do país e a ampliação da autonomia política dos estados.

Apesar da renúncia de João Alberto, a hostilidade entre os paulistas e o governo Vargas só fez aumentar.

No início de 1932, os dois principais partidos paulistas se uniram, formando a Frente Única Paulista (FUP), que passou a preparar uma revolta armada. Percebendo a força do movimento, Getúlio nomeou o civil e paulista Pedro de Toledo como interventor e publicou o novo Código Eleitoral, que previa a realização de eleições para a Assembleia Constituinte em maio do ano seguinte.

Essas medidas foram entendidas pelos paulistas como manobra protelatória de Vargas.
Em 23 de maio, um grupo de jovens estudantes tentou invadir a sede de um jornal favorável a Getúlio. No conflito com um grupo de tenentistas, morrem os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais de seus nomes foram usadas para designar uma sociedade secreta, MMDC, que passou a tramar a derrubada do governo Vargas.

(Muitos anos depois, a Lei estadual nº 11.658, de 13.01.2004 criou o “Dia dos heróis MMDCA” (23 de maio), incorporando ao quarteto original a inicial de Orlando de Oliveira Alvarenga, ferido no dia 23 de maio, mas que só veio a falecer em 12 de agosto.
As ruas Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo, Alvarenga e MMDC se cruzam no bairro do Butantã, em São Paulo.)

No dia 9 de julho eclode o movimento na capital e no interior do estado. Comandavam as forças rebeldes Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo – militantes da Revolução de 1930 –, e Isidoro Dias Lopes – líder do levante de 1924.

A revolução teve apoio de amplos setores da sociedade paulista, como intelectuais, industriais, estudantes, políticos ligados à República Velha ou ao Partido Democrático. Todos lutavam contra a ditadura de Vargas.

Durante três meses, São Paulo viveu um verdadeiro esforço de guerra: indústrias se mobilizaram para fabricar armamentos, e a população se uniu na campanha Dê ouro para o bem de São Paulo.

O bloqueio naval da Marinha ao porto de Santos impediu que simpatizantes de outros estados pudessem integrar a revolução. Apesar de setores políticos gaúchos e mineiros serem solidários com a causa constitucionalista, decidiram permanecer leais ao Governo Provisório.
Isolados, os paulistas assinaram a rendição em outubro de 1932.

O governo federal evitou fazer represálias, cuidando logo de abastecer a capital com os gêneros de primeira necessidade que começavam a faltar devido ao prolongado isolamento.
Além disso, em agosto de 1933, São Paulo finalmente viu chegar um civil e paulista à chefia do governo, com a nomeação de Armando de Sales Oliveira para substituir o general Valdomiro Lima.

E finalmente, em 1934 foi promulgada(quer dizer que foi votada, e não imposta quando no caso é outorga da a nova Constituição).


domingo, 23 de agosto de 2009

A música no período do regime militar



“Você corta um verso, eu escrevo outro

Você me prende vivo, eu escapo morto”

Pesadelo – M. Tapajós e Paulo C. Pinheiro

Alguns são saudosos do Regime Militar. É bom reavivar a memória: entre 1964 e 1985, o país sofreu censura ampla, geral e irrestrita. Nada escapava da ceifa dos censores. O clássico da literatura O Vermelho e o Negro, de Stendhal, foi proibido por causa do “vermelho” do título. Na novela Escrava Isaura, não se podia usar a palavra escravo. A polícia saiu às ruas à procura do autor de Electra, a mando dos militares chocados com a violência da peça teatral. Naturalmente, não encontraram o grego Sófocles, morto 20 séculos antes.

Para calar a voz da nação, por ocasião do golpe militar de 64, improvisou-se uma equipe formada por esposas de militares, ex jogadores de futebol e funcionários públicos desviados da função. Despreparados e apoiados pela FTP e Igreja, os cães de guarda da moral eram implacáveis com quem destoasse dos valores ultramoralistas, antidemocráticos e anticomunistas do regime. Mais tarde, entre 74 e 85, concursos públicos para censores exigiram nível universitário. Os novos censores eruditos e bem informados continuaram tomando decisões pessoais. Além dos critérios de corte serem poucos claros, faltava diálogo entre os diferentes órgãos de repressão e sobrava arbitrariedade. Aldir Blanc conta que viu um general, aos gritos, ordenar a morte de Ney Matogrosso, pois o neto não parava de imitar o seu rebolado. Paulo Coelho ficou preso por um mês por trajar camisa da seleção do Paraguai, o que o delegado julgou um insulto. Mais casos curiosos podem ser conferidos no ótimo site http://www.censuramusical.com.br/.

Pela lógica da repressão, vigiar a cena musical garantia a desmobilização política da sociedade. Para os militares, artistas da MPB, inteligência de esquerda, movimentos operários e estudantil conspiravam para desestabilizar o regime. Os artistas lutavam pelo direito de sobrevivência no mercado de trabalho. Foi um período de grande efervescência cultural e política, onde a chamada música de protesto floresceu e se tornou a grande trincheira de resistência ao autoritarismo.

Entre 66 e 72, os festivais da canção fomentaram o protesto pacífico. A MPB driblava a censura com letras repletas de metáforas. Chico Buarque, contra a própria vontade alçado ao posto de bardo opositor, teve 40 musicas vetadas, a metade por razões políticas. Abusando do duplo sentido, são dele “Cálice” e “A Rita” , composta um ano após o golpe da Dita(dura), que, “além de tudo,me deixou um violão”. Em “Acorda amor” , canção onde diz ter medo de ladrão do que dos militares, burlou censores com o pseudônimo de Julinho da Adelaide. Com o endurecimento do regime, Chico espontaneamente exilou-se na Itália. Menos sorte teve Geraldo Vandré, o irado compositor de “Pra não dizer que não falei de flores” : lenda viva após o exílio do Chile desagregou-se como pessoa pública. Em 89 inexplicavelmente compôs “Fabiana”, uma homenagem à FAB.

A maioria das letras, no entanto, era vetada por questões morais. Para preservar a imagem de nação com rígida moral cristã, a censura policiava a anti-metáfora da música de protesto, a música simples e direta ao povo. Odair José, o terror das empregadas, foi perseguido por versos que feriam a hipocrisia puritana. Teve “A Pílula” censurada por pressão da igreja. Luiz Ayrão, cantor brega mais engajado, compôs no 13 aniversário do golpe “há treze anos te aturo e não agüento mais” à qual deu o nome de “Divórcio”. A censura não percebeu.

Nos versos da canção, amordaçava-se o canto de um povo, num clima de paranóia. “Tortura de amor” , de Waldick Soriano, foi vetada por causa da palavra tortura. A censura à “Curvas da Marquesa de Santos”, de Luís Nassif, justificava : personagem histórica não podia ter curvas. Em “Casa Forte”, de Edu Lobo, faltou letra e a música foi proibida. “Pra não dizer que não falei de flores” e “Disparada” foram vetadas na voz do autor, mas Jair Rodrigues podia cantá-las. Ter ou não a obra liderada era,nas palavras de Chico Buarque, roleta russa. “Apesar de você” crítica a ditadura disfarçada de querela amorosa já tinha vendido 100.000 compactos quando foi censurada. Em “Bolsa de Amores” Chico comparava uma garota às ações da bolsa de valores “moça fina, ordinária,ao portador”. Teve que trocar o “ao portador” por “sem valor”. Em “Trocando em Miúdos” aplacou censores acrescentando “e nunca leu” ao “devolva o Neruda que você me tomou”.

Aquele foi um tempo de patrulha ideológica interna. Em 72, Wilson Simonal desentendeu-se com o seu contador. Para vingar-se, o advogado espalhou que o cantor delatava colegas contra o regime militar. Foi o suficiente para levá-lo ao ostracismo. Faleceu, em 2000,antes de ver seu nome absolvido pela Comissão de Direitos Humanos da OAB. Caetano Veloso, por seu estilo independente, era taxado como subversivo pelos militares, e de “entreguista Odara” pelos colegas engajados.

Alguns artistas aderiram ao regime da potência de “amor e paz”. Don e Ravel assinaram a marchinha “Eu te amo, meu Brasil”. Jorge Ben compôs “Brasil Tropical” e “Brasil” e Zé Kéti foi o autor do hino do sesquicentenário da independência.

O começo do fim da longa e tenebrosa nevasca cultural foi em 1979. O recém criado Conselho Superior de Censura abrandava a atuação repressiva. Num tempo, página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória das nossas gerações, Chico e Francis Hime compuseram o samba “Vai Passar”, hino da campanha das DIRETAS JÁ. Em 88 o ciclo de fechou com a promulgação da nova constituição. O grito de guerra do início da ditadura militar, de João do Vale – “Carcará pega, mata e come” – enfim silenciava. Era o fim do regime do “Pisa na fulo,mas não maltrata o carcará”. Que ele descanse em paz, sem direito à ressurreição ou a vida eterna.

Vivemos em outros tempos, então aproveite o seu tempo.

Thiago Oliveira Braga

Visão melhor


Salmo 73.1-3a

Quando nos vemos deficientes em sabedoria, não é porque a Palavra de Deus tenha páginas que estejam faltando, mas porque não temos visto tudo o que há nas páginas que já temos. Não precisamos de outro livro, mas de dar mais atenção ao livro que temos; não demandamos mais conhecimento, mas uma visão melhor para vermos aquilo que já foi revelado em Jesus Cristo.

Não há dúvida quanto a isso! Deus é bom - Bom para as pessoas boas, bom para os que são bons de coração. Mas eu quase deixei de ver isso, Deixei de ver sua bondade. Eu estava olhando do outro lado...

Por Eugene Peterson

sábado, 22 de agosto de 2009

Felicidade


“Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar”
Aristóteles

domingo, 16 de agosto de 2009

Dia do filósofo


Eu iria escrever um texto incrível parabenizando Sócrates, Platão, alguns pré-socráticos. Mas desisti e achei que uma melhor homenagem seria eu ficar algumas horas me questionando o porquê de eu escrever tal texto.

É com essa “reflexão” que faço a lembrança do meu, do seu , do nosso dia do Filosofo. 16 de Agosto de 2010 espero está formado e empregado como professor de Filosofia e daí escrevo algo mais.

Saudações a todos.

Thiago Oliveira Braga

O mundo contempla o esplendor de Usain Bolt


"Consegui me vencer". Isto sim é declaração de um campeão, ou melhor, de um ícone, do melhor de todos os tempos em se falando de atletismo. Usain Bolt sobrepujou o atleta que estava em seu encalço tentando superá-lo no campeonato mundial dos 100m em Berlim. Tyson Gay que é um grande velocista se esforçou ao máximo mas ainda ficou 13 centésimos atrás de Bolt que bateu o próprio record(em Pequim com 9s69) cravando 9s58. Gay fez 9s71.


A comparação é até descabida, mas mesmo assim é possível: Gay tem a musculatura compacta e robusta, tem passadas mais ligeiras e é sério e concentrado; já Bolt é esguio e delgado, um galgo de 1,96, que tem passadas mais lentas, mas bem maiores do que as de seu desafiante, Bolt é irreverente, debochado, marrento, provocador, convencido, mas é o melhor. Só a título de comparação, enquanto Gay dá duas passadas, Bolt dá uma, e esta uma vale por três de Gay.


Hoje Bolt bateu um novo record mundial, e fez isto com folga e tranquilidade. O grande fascínio desse atleta, além da extrema velocidade, é a sua maneira despojada, criativa e irreverente. Ele faz caretas, caras e bocas, gestos; ele dança, pede silêncio e quando está próximo da linha de chegada, olha para o adversário que está se matando de correr e sorri. Qual o atleta que faz isso no mundo? É difícil encontrar. Usain Bolt é a alegria do povo e promete muito mais. Segundo ele, sua meta é a marca de 9s40 nos 100 metros e é bem possível que ele atinja.
Hoje o mito escreveu mais um capitulo em sua história.
Com vocês ao serviço d’EleThiago Oliveira Braga

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Refletindo em Aristóteles 2


"Onde as necessidades do mundo e os seus talentos se cruzam, aí está a sua vocação"


Aristóteles

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Refletindo em Karl Barth


"Quando contamos nossas virtudes nos tornamos competidores.
Quando confessamos nossos pecados nos tornamos irmãos"


Karl Barth

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Copa do Brasil, 1994: um vice-campeonato ainda engasgado

Por Ciro Câmara, na edição deste domingo (9 de Agosto de 2009) do Jornal O POVO

“És o time das grandes campanhas”. O verso do hino do Ceará Sporting Club nunca esteve tão em voga quanto na temporada de 1994. No ano marcado pelo tetra mundial da seleção brasileira e pela morte de Ayrton Senna, a campanha do vice-campeonato na Copa do Brasil conseguiu rivalizar com os demais fatos, pelo menos para os alvinegros. Amanhã, o feito completa 15 anos.

A campanha consolidou nomes, como os de Sérgio Alves, Vitor Hugo e Airton na galeria de ídolos do clube; derrubou gigantes como Palmeiras e Internacional; e levantou polêmica que rende até hoje: afinal, Sérgio Alves sofreu ou não o pênalti que renderia o título ao Vovô, na decisão contra o Grêmio?

A campanha alvinegra começou sem empolgar. Dirigido por Mauro Fernandes, o Vovô sofreu para desclassificar o Campinense (PB) - vitória em casa por 2 a 0 e derrota fora por 2 a 1, com vaga garantida no saldo de gols. Os resultados vacilantes custaram o cargo de Fernandes, substituído por Dimas Filgueiras, ex-atleta e funcionário do clube.

A missão era não fazer feio na segunda fase, diante do poderoso Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo. O goleiro Chico afirma que a entrada de Dimas foi decisiva para a arrancada do time. “Quando o Dimas assumiu a coisa se transformou, criou um novo ânimo”, lembra o atual auxiliar-técnico do Ferroviário.

Após o empate sem gols no Castelão, o time abriu o placar em São Paulo, com gol de Jaime. O Verdão empatou. O resultado foi o suficiente para a classificação. O atacante Sérgio Alves diz que “caiu a ficha” do potencial da equipe após esse jogo. “Ali, percebemos que podíamos ir longe”.

Em seguida, veio o mata-mata diante do Internacional. O Vovô bateu os colorados por 1 a 0, no Castelão, gol de Gerônimo. Na partida da volta, o mesmo Gerônimo marcou para o Alvinegro, derrotado por 2 a 1, mas classificado por ter mais gols fora de casa. “Houve uma pressão grande e tivemos a capacidade segurar aquele resultado”, destaca Chico.

A semifinal foi diante de outra surpresa: Linhares (ES). O primeiro jogo, no Castelão, empate sem gols. Na volta, o Ceará bateu os adversários por 1 a 0, gol de Sérgio Alves. Restava um obstáculo para o título. O time iniciava o mata-mata contra o Grêmio em casa, em 7 de agosto. No Castelão com 53 mil pagantes, o jogo foi de baixo nível e o placar terminou em 0 a 0. O resultado não frustrou os alvinegros, preocupados em não tomar gols em casa.

Três dias depois, o Ceará se via no estádio Olímpico (RS). O Grêmio partiu para o sufoco e, aos 3min, marcou com Nildo. Os gaúchos tiveram oportunidades de aumentar no primeiro tempo. Na etapa final, o Alvinegro conseguiu equilibrar a partida mas não alcançou o empate, que daria o título. Ficou ainda a reclamação sobre pênalti sobre Sérgio Alves, considerado regular pelo árbitro Oscar Roberto de Godói. Uma revolta que dura 15 anos.

Desde então, nenhuma equipe local conseguiu chegar tão próximo de um título de máxima expressão nacional.

COPA DO BRASIL
GRÊMIO
1 - Danrlei; Ayupe, Paulão, Agnaldo e Roger; Pingo, Jamir, Émerson e Carlos Miguel (Wallace); Fabinho e Nildo (Carlinhos). Técnico: Luís Felipe Scolari
CEARÁ 0 - Chico; Ronaldo, Aírton, Vítor Hugo e Claudemézio; Mastrillo, Ivanildo, Elói e Catatau; Jerônimo e Sérgio Alves. Técnico: Dimas Figueiras
Local: estádio Olímpico, em Porto Alegre
Data: 10/8/1994
Árbitro: Oscar Roberto Godói
Público: 49.263 pagantes
Gol: Nildo, aos 3min do 1ºT
Campanha do Ceará: 22/2 - Ceará 2×0 Campinense (Ronaldo e Ney); 25/3 - Campinense 2×1 Ceará (Catatau); 18/5 - Ceará 0×0 Palmeiras; 29/5 - Palmeiras 1×1 Ceará (Jaime); 4/6 - Ceará 1×0 Internacional (Gerônimo); 8/6 - Internacional 2×1 Ceará (Gerônimo); 23/7 - Ceará 0×0 Linhares; 30/7 - Linhares 0×1 Ceará (Sérgio Alves); 7/8 - Ceará 0×0 Grêmio e 10/8 - Grêmio 1×0 Ceará.

ONDE ANDA

> Chico (goleiro) - Atualmente trabalha como auxiliar-técnico do Ferroviário
> Ivanoé (goleiro) - Abandonou o futebol em 2006 e hoje mora em Quixadá
> Airton (zagueiro) - Trabalha como segurança e disputa campeonatos de subúrbio
> Aldemir (zagueiro) - É gerente do Ferroviário
> Ronaldo Salviano (volante) - Era árbitro e agora treina o Maguary
> Ivanildo (meia) - Mora em Fortaleza
> Roberto Carlos - (lateral ) - Supervisor do Horizonte
> Jaime (lateral) - Atua como amador, em Sobral
> Zé Ricardo (meia) - Mora no Rio de Janeiro
> Malhado (lateral) - Reside em Recife
> Claudemir (atacante) - É frentista na Capital
> Elói (meia) - Mora no Rio de Janeiro
> Claudemésio (lateral) - É de mototaxista em Fortaleza
> Da Silva (zagueiro) - Disputou a 3ª Divisão estadual pelo São Benedito
> Vitor Hugo (zagueiro) - Atua como técnico de futebol
> Sérgio Alves (atacante) - Continua no clube.Tem 39 anos
> Mastrillo (volante) - Treina o River do Paiuí
> Gerônimo (atacante) - Mora em Maceió (AL)
> Catatau (atacante) - Tem uma fábrica de papelão, em Campinas (SP).
> Nonato (atacante) - Falecido
> Dimas Filgueiras (treinador) - É funcionário do Ceará.
> Paradeiro desconhecido - Niltinho, Bizu, Ney e Rildo (atacantes), Renato Martins (lateral esquerdo), Eugênio (zagueiro) e Cafu (lateral)

Esse ano foi marcante pra mim, não pelo tretracampeonato da Seleção Brasileira, mas pela campanha bonita que o Ceará teve naquele ano. Confesso que chorei muito ao final do jogo, e fui para quase todos os jogos dessa campanha (excluindo a do Linhares-ES).
Valeu Ceará, tive, tenho e terei orgulho de ser alvinegro, espero que o ano de 2009 seja um ano de alegrias.

Da-lhe Ceará.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Palavras X Exemplos


“As palavras movem, os exemplos arrastam”.
(Pe. Antonio Vieira)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A esculhambação do forró atual



'Tem rapariga aí?
Se tem levante a mão!'.

A maioria, as moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto.Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicasbem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (SaiaRodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa.Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vaitomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Futuro não é mais como era antigamente

Dialética do tempo : O Pelourinho da cidade de Aracati-CE ladeado por parabólica e luz elétrica. 19.06.09 (Foto: Thiago Oliveira Braga)

Que tempos modernos os nossos não?!

Tive a oportunidade de passar 17 dias em Arujá-SP, trabalhando numa temporada de inverno do Acampamento Jovens da Verdade , e estando longe de casa, mesmo sendo em zona rural, tive oportunidade de levar meu notebook e internet móvel , e devido a isso estava lá, mas ao mesmo tempo ON TIME, com tudo que estava acontecendo. (inclusive três vitórias do Ceará S.C., sendo que duas fora de casa).

Quantas não são as ferramentas que Deus tem nos dado para levar Sua verdade aos confins da terra. O que temos feito com toda essa parafernália que temos recebido ? O que poderemos fazer nesse espaço globalizado que São Paulo fica "ali" do lado.

A tecnologia acaba nos deixando sobremaneira acomodado, no entanto, nossas responsabilidades são as tão grandes, pois as demandas da nossa geração é , e continuará aumentando.

Tem horas que tenho que optar em saber o que será melhor: o que é importante ou o que é essencial. Nem sempre é muito fácil fazer essas decisões, apesar do contexto não muito favorável, quero continuar fiel aquilo que acredito.

Que Deus nos desperte para essa realidade. Para novas possibilidades, para quebrar velhas barreiras e alcançar lugares novos.

Até a próxima (E o Ceará é bem AQUI, e continua lindo) !

Com vocês ao serviço d’Ele


Thiago Oliveira Braga