Quem sou eu ?
- Thiago Oliveira Braga
- Capital do Ceará, Ceará, Brazil
- cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Profissão: Uma casa de muitas portas.
Por Ignácio de Loyola Brandão
Aos 17 anos o filho ouviu a pergunta dos pais, que se mostravam ansiosos:
– Então, já sabe o que vai fazer?
– Estou pensando.
– Os vestibulares estão aí, ninguém espera.
– Ainda não decidi.
– Quando vai decidir?
– Eu também me pergunto. Tem tanta coisa!
– O que vai te dar segurança?
– Não sei. Alguma coisa na vida dá segurança?
– Como vai sustentar a família?
– Que família? Nem tenho namorada, pai!
A mãe estava ouvindo, quieta. Entrou na conversa:
– Pois está na hora de ter uma. Para endireitar essa vida!
O filho voltou-se para um, para outro, chutou o chão com a ponta do tênis.
– Quer dizer que são duas decisões? Profissão e namorada?
– Com a tua idade eu já trabalhava, assim me aposentei cedo.
A mãe voltou à carga:
– Nunca pensou lá na frente em uma boa aposentadoria, uma vida calma, filhos e netos...?
– Mãe, eu tenho 17 anos... Aposentadoria? Nem acabei o colegial, nem fiz vestibular, nem tenho emprego.
– Mas já é um homem! E homem tem de saber o que fazer! Como vai ganhar dinheiro?
– Pensam que é fácil? No tempo de vocês, já que falam tanto desse tempo, que nem sei qual é, era mais fácil. Tinha quatro ou cinco coisas. Banco, comércio, medicina, engenharia, advocacia, farmácia, funcionalismo público.
– Coisas que permitiam uma carreira, meu filho.
– Vocês pensaram no sonho?
– Que sonho?
– No meu sonho.
– E qual é o seu sonho? Vamos! Diga! Quanto dinheiro vai ganhar com o seu sonho?
– Não sei, ainda não estou dentro dele.
– Sonhos são bons para sonhar. Mas o que seria da vida real, do pé no chão, do dia-a-dia?
– Tem tanta coisa. Pensei em ser designer, gosto de desenho, de fotografia, de cinema. Ou ser paisagista. Pensaram? Desenhar jardins com plantas? Ou artista plástico! Biólogo é uma profissão legal, saber sobre a vida de tudo. Químico é outra que posso curtir numa boa. Ou físico. Meu sonho mesmo era ser astronauta...
– Estamos vendo, vive no mundo da Lua! Desça na Terra, menino!
– Menino? Olha a minha idade.
– Pé no chão.
– Numa boa posso ser arquiteto, médico. Cirurgião de cabeça. Um transplantador de corações e órgãos. Verdade. Pensaram? Ou construir prédios enormes. E gastronomia? Ser chef. Querem coisa melhor? Ou perfumista. Comandante de avião.
– Avião? Avião nem pensar, pelo amor de Deus.
– Encadernador, enólogo. Adoro vinho.
– Pé no chão, meu filho. Está flutuando!
– Está todo mundo no ar, pai! Pensa que não converso com ninguém? Pensa que é fácil nesse mundo de hoje? Informática. É um caminho. Mas em que especialização? E dentro dessa especialização, em que campo? Nesse campo, em que segmento? Há milhares de nichos, profissões, ofícios, trabalhos, mas qual será o meu? Gosto de tudo.
– Quem gosta de tudo não gosta de nada. Igual a jogador que joga em todas as posições e acaba não jogando em nenhuma.
– Outro dia, entrei numa faculdade, fui a departamento por departamento, olhando, investigando. Esse mundo de hoje é louco, pai. Tem milhões de profissões e milhões de desempregados. Uma coisa é legal, não dá dinheiro. Outra dá dinheiro, não é legal. Olha, vocês esqueceram dessa minha idade, ou talvez naquele tempo fosse diferente. Agora, é uma angústia desgraçada. E se eu errar? Perco quantos anos?
Os pais até que concordavam, procuravam uma forma de ajudar, não sabiam. O mundo atual é cheio de armadilhas, todo mundo fala em empreendedorismo, em investimento, em mil cursos, phd, mba, estágios, bolsas, pedem experiência, mas como ter experiência antes do primeiro emprego?
– Você tem a vida toda pela frente...
– Todo mundo diz isso, é clichê, gente. O mundo está apressado, veloz, apressam a gente para escolher, decidir, encaminhar, resolver. Como solucionar a vida nessa idade?
A mãe decidiu:
– Quer saber? Siga o sonho.
– E se eu errar?
– Somente você fará essa cobrança. Os sonhos se reciclam. Escolha, desiluda-se, canse, mude, a vida é sua, ninguém pode te cobrar.
– Siga o sonho. Obrigado, mãe. Agora é só encontrar esse sonho.
Ignácio de Loyola Brandão, 72 anos, é escritor e jornalista, tem 32 livros publicados. Recebeu este ano o Prêmio Jabuti de Melhor Ficção de 2008 com o livro O Menino Que Vendia Palavras.
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Reflexão
ENEM 2010: Questões de Filosofia
A política, foi inicialmente, a arte das pessoas se ocuparem do lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem.
VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M.V.M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.
Nesta definição o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo caracterizado por uma democracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política?
a. A distribuição equilibrada do poder.
b. O impedimento da participação popular.
c. O CONTROLE DAS DECISÕES POR UMA MINORIA.
d. A valorização das opiniões mais competentes.
e. A sistematização dos processos decisórios.
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O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem aos distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo. Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a. Inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b. Bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c. Compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d. Neutralidade diante da condenação dos servos.
e. CONVENIÊNCIA ENTRE O PODER TIRÂNICO E MORAL DO PRÍNCIPE.
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A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas, ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.
FOUCAULT, M. Aula de 14 e janeiro de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é
a. Combater ações violentas na guerra entre as nações.
b. Coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c. Criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
d. Estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
e. ORGANIZAR AS RELAÇÕES DE PODER NA SOCIEDADE E ENTRE OS ESTADOS.
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A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque o produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para um exercício de pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política é uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza de valores para organizar também uma nova prática política.
CORDI. et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado)
O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob este enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como
a. INSTRUMENTO DE GARANTIA DA CIDADANIA, PORQUE ATRAVÉS DELAS OS CIDADÃOS PASSAM A PENSAR E A AGIR DE ACORDO COM VALORES COLETIVOS.
b. Mecanismo de criação dos direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
c. Meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que e efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
d. Parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses a ação privada dos cidadãos.
e. aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades.
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Na ética contemporânea, o sujeito é não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética atinge um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente com a política, entendida esta como a área de avaliação de valores que atravessas as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si.
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta
a. Os conteúdos éticos decorrentes da ideologias político-partidárias.
b. O valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.
c. A sistematização de valores desassociados da cultura.
d. O SENTIDO COLETIVO E POLÍTICO DAS AÇÕES HUMANAS INDIVIDUAIS.
e. O julgamento das ação ética pelos políticos eleitos politicamente.
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A questão tinha um quadrinho da Mafalda dizendo numa fila para vacinar-se a uma enfermeira: "Viemos nos vacinar contra o despotismo"
Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto de cidadãos.”
JAPIASSÚ, H; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Uma suposta “vacina” contra os despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo
a. Impedir a contratação de familiares para o serviço público.
b. Reduzir a ação das instituições constitucionais.
c.Combater a distribuição equilibrada de poder.
d. EVITAR A ESCOLHA DE GOVERNANTES AUTORITÁRIOS.
e. Restringir a atuação do parlamento.
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