Chamou a atenção neste sábado (12/11) a realização do jogo entre Somália e Etiópia, pelas Eliminatórias Africanas da Copa de 2014. A curiosidade, como se sabe, foi despertada mais pelo noticiário envolvendo fome e guerra nesses países e menos pela tradição de ambos no futebol. Para ajudar essa constatação, o jogo terminou empatado sem gols.
Somália e Etiópia são vizinhos e ocupam, ao lado do Djibouti e da Eritreia, a região geográfica conhecida como Chifre da África. Localizado no leste do continente e próxima à Península Arábica, o Chifre sofre com grandes secas que minam a população dos países.
Crescemos acostumados a ver campanhas humanitárias com o objetivo de arrecadar alimentos para a população da Etiópia e da Somália. Nos anos 80, astros do rock e do pop foram engajados por tal causa e criaram iniciativas como o USA For Africa (We Are The World) e o Live Aid.
O problema, no entanto, persiste. A Somália enfrenta grave crise alimentícia, sempre agravada pela instabilidade política da região. Se o Ser Humano é capaz de se adaptar a qualquer ambiente, a guerra e o fanatismo religioso impedem a região de levar adiante medidas paliativas à seca.
Em meio a este cenário, o jogo deste sábado não foi disputado na Somália por conta da falta de segurança no país. O empate por 0 a 0 ocorreu no Djibouti. Na próxima quarta-feira, é a vez de a Etiópia receber os somalis em casa. Quem vencer a disputa entra na fase de grupos das Eliminatórias.
É difícil ou quase impossível encontrar maiores informações sobre as duas seleções, inclusive no site da Fifa. Sabe-se apenas que a Etiópia está num estágio mais avançado e chega a ter jogadores que atuam no exterior. Aos somalis, competir já é uma vitória.
Seja como for, é reconfortante saber que – a despeito de seus flagelos – somalis e etíopes tentam chegar à Copa. Resta saber o que ocorrerá primeiro: uma história vaga em Mundiais ou a capacidade de despertar real atenção do mundo para seus problemas. Temo que nenhum dos dois.