Quem sou eu ?
- Thiago Oliveira Braga
- Capital do Ceará, Ceará, Brazil
- cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
O que temos construído ?
Grande ironia. É justamente do projeto da torre de Babel que extraímos grande ensinamento para o "projeto de construção" da igreja. Aqueles queriam construir uma cidade com uma torre que chegasse até o céu. Pretendiam ficam famosos e se precaver de uma outra chuva forte, e põe nisso, que os espalhasse pelo mundo.
Vários erros de projeto: a pretensão de chegar no céu, pois no céu a gente só chega levado por alguém que é do céu; a motivação de empreender para ter um nome, pois a gente não faz para ser, a gente faz porque é; e, a pretensão de correr para o céu para fugir da terra, pois o máximo que podemos fazer é trabalhar para a terra mais parecida com o que imaginamos seja o céu.
Erros comuns ainda hoje. Ainda tem gente achando que o reino de Deus é levado adiante pelo mérito e esforço humano, sem o concurso da graça de Deus; ainda tem gente que acredita que sua identidade depende de suas conquistas e realizações; e ainda tem gente cujo projeto de vida não inclui a terra, mas apenas o céu, isto é, não é um projeto de vida, é um projeto de morte.
Mas apesar dos erros, é em Babel que Deus se pronuncia revelando um dos maiores segredos do sucesso de qualquer empreendimento histórico e coletivo: "Essa gente é um povo só, e todos falam uma só língua. Isso que eles estão fazendo é só o começo. Logo serão capazes de fazer o que quiserem". Unidade. Eis o segredo. Unidade no entendimento, no projeto, no processo, nos esforços. Talvez daí o mote dos militantes: "o povo unido jamais será vencido". Semelhantes ao que Jesus: "uma casa dividida contra si mesma não prospera".
A fragilidade em boa medida, se explica daí. No lugar de unidade, dispersão; de cooperação, competição; de soma e multiplicação, subtração e divisão; de sujeição mútua, difamação; de uma só lingua, muitos sonidos incertos; de um só coração e mente, muitas caras, e caras de gente que mente.
Eis porque é imprescindível uma parada para ouvir novamente a voz de Deus. Separar um tempo para reavaliar a identidade, a caminhada, as aspirações e os sonhos para o futuro. Desacelerar a agenda ativista para abrir espaço para a reflexão e a devoção comunitária.
Em que proporção caminhamos em unidade, falamos a mesma língua e rumamos na mesma direção ? Quão informada está a caravana a respeito da viagem? Falamos todos a mesma lingua ? Enfim, estamos em unidade. Unidade com Deus, e unidade entre nós.
Estamos construindo um pouco do Reino de Deus. E não uma torre. Não queremos chegar no céu. Queremos chegar chegar até os confins da terra para fincar bandeiras e declarar "o reino de Deus chegou". Queremos ser um povo só, falando uma só língua. Esperamos que Deus coloque em nossas mãos o que ainda falta do "projeto impossível" e faça de nós um povo capaz não sermos relutantes a colocarmos a mão na massa.
Com vocês, ao serviço d'Ele
Thiago Oliveira Braga
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Deus
Amor líquido como sabão
“O fracasso de uma relação é com freqüência um fracasso de comunicação”
Zygmunt Bauman
Confesso que fiquei tentado em colocar o seguinte título nesse texto: “Uma garotinha de 5 anos resenha livro de Zygmunt Bauman”. Depois pensei melhor, imaginei que poderia suscitar incontáveis visitas ao blog pela curiosidade que tal frase provocaria nos mecanismos de busca na Internet, e daí optei por esse que está aí. Conto-lhes como ele surgiu.
Carolina, a tal garotinha do título abortado, que sucede ser minha filha caçula, viu um exemplar de “Amor líquido” descansando em minha mesinha de cabeceira. Curiosa, e dando seus primeiros passinhos com as letras, leu-me em voz alta a capa.
Ela saiu dali intrigada. Creio que o subtítulo não a ajudou muito, “Acerca de la fragilidad de los vínculos humanos”. Sim, minha versão é em espanhol e a pobre criatura ainda tem que aprender a ler em dois idiomas. O mundo é assim mesmo, cruel e injusto.
Passamos os dois ao banheiro, com o nobre propósito de lavar as mãos antes do almoço. Seu olhinho se iluminou, apontou para o pote de sabonete líquido e aí me disse triunfante “Amor líquido como sabão!”. Que pai, por mais insensível que fosse não concordaria com a brilhante e breve resenha que sua jovem filha acabara de fazer do livro de Bauman?
Estou apenas no começo do que me parece ser um excelente ensaio. O primeiro capítulo sobre como a gente se enamora e se desenamora (como se diz isso em português?) em nosso mundo é fabuloso. Creio que tem muito a ver com aquela estranha idéia, comentada aqui anteriormente, de colocar prazo de validade nos casamentos.
Foi outro dia, quando cruzei ao outro lado do rio e visitei minha livraria preferida, que resolvi acabar com essa pendência com o catedrático em sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Adquiri então esses quatro títulos: Amor líquido, Miedo líquido (la sociedad contemporânea y sus temores), Modernidad líquida, Vidas desperdiciadas (la modernidad y sus parias).
Tudo bem, reconheço que há muito “líquido” nesse pacote. Não tem problema, estou em dieta mesmo. Não por razões estéticas, claro. Nem porque minha esposa tenha insinuado que eu precisasse. Ou será que ela o fez e eu não entendi o que ela tentava me dizer? Espero que o Bauman resolva meu dilema no próximo capítulo.
Foto: © The soap dispenser formerly known as Gonzo
Upload feito originalmente por Andreas Reinhold
http://osulemeunorte.blogspot.com/2008/09/amor-lquido-como-sabo.html
Ricardo Wesley M. Borges
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