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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

sábado, 28 de maio de 2011

Barcelona v Manchester United: Glory is ours.



A Nike lançou uma ação especial para os finalistas de hoje da Champions League. Por patrocinar ambos clubes, o objetivo da campanha é valorizar ambos lados, que são totais merecedores do título.




A ação, intitulada de “A glória é nossa”, alimenta a rivalidade entre as equipes e possui declarações de jogadores de ambos lados. Agora, é esperar quem sairá campeão, mas a Nike, está muito feliz com ambos finalistas.



O inglês que torce pelo Ceará.




Faça chuva ou faça sol, um torcedor do Ceará em especial está lá, em todos os jogos, segurando uma bandeira curiosa. Pode ser no estádio Presidente Vargas (PV), no Castelão, no interior do Estado e até fora dele. Ceará desde criancinha? Que nada! Mais conhecido pela torcida como ``gringo``, o inglês Roy Dutton veio morar no Ceará há cinco anos e desde então acompanha fervorosamente os jogos do Vovô.


Não podia ser diferente no ano passado: o professor de inglês acompanhou de perto quando o Alvinegro de Porangabuçu subiu para a Série A do Campeonato Brasileiro. De última hora, todos os amigos desistiram de comprar a passagem e ele foi sozinho assistir Ceará e Ponte Preta. O jogo que, debaixo de chuva, levou o time para a primeira divisão, em Campinas. ``Saí molhado, mas feliz``, relembra. A bandeira em preto e branco com o símbolo do Ceará e as palavras England e Manchester bordadas viraram marca registrada da sua presença nos jogos.

Roy nunca perdeu uma partida do Vovô, a não ser quando se ausentava em viagens para Inglaterra ou Argentina, no seu período de férias. O inglês veio para o Brasil com a sua esposa, que é cearense, e conta como surgiu a paixão pelo time. ``Quando cheguei aqui, fui assistir os jogos do Ceará e também do Fortaleza, mas o Ceará logo de cara me chamou atenção``. Roy, que é da cidade de Manchester, não gosta de acompanhar os jogos pela TV, e costumava fazer o mesmo com o time pelo qual torcia na Inglaterra - o pequeno Bury Football Club -, mas diz que hoje não acompanha mais o campeonato inglês.

Interação

O professor conta que ver o futebol sempre de perto tem mais de um propósito. Além da paixão pela equipe, ele diz que é uma maneira de conhecer o estado do Ceará, o Interior, aproximar-se das pessoas e conhecer as paisagens diferentes que não o costume de ver com tanta frequência.

Roy Dutton ressalta que todos os amigos dele são cearenses, e que sempre viajam juntos de carro para ver os jogos do Vovô. Quando não, vai também com o ônibus das torcidas organizadas Cearamor e Cearachopp.

O inglês parece não reconhecer a curiosidade que desperta como torcedor do Ceará e encara tudo com muita naturalidade. ``Não me considero especial por ser de fora e torcer Ceará``, ele diz.

Sobre as diferenças do futebol inglês para o brasileiro, ele explica que acha o futebol inglês mais organizado e com um nível técnico melhor. Curiosamente, Roy não entende como os torcedores aqui xingam o próprio time e os próprios jogadores e diz, rindo, que ``na Inglaterra, nós só xingamos a equipe adversária``.

E-Mais

> Toda a entrevista foi feita em inglês, pois apesar do tempo em que Roy Dutton vive no Ceará, ele ainda não consegue entender o português fluentemente. Por esse motivo, também não consegue cantar as músicas das torcidas.

> A bandeira que Roy leva para os jogos foi um presente que seus amigos ingleses mandaram fazer a mão, quando ele estava visitando Manchester, há dois anos.

> Na casa do inglês tem vários artefatos do Ceará: puff, chaveiro, copos, bonequinho, bandeiras e flâmula.

> Roy já viajou por quase todo o interior do Ceará, além de cidades como Natal, Campina Grande, São Paulo e Campinas, só para ver o time. Próxima semana ele vai para Santos.

> Os jogadores alvinegros que ele mais admira são Geraldo e Mota, que não está mais no clube.
 
Postado originalmente no O POVO:
 
Mariana Penaforte Rocha



marianapenaforte@opovo.com.br


Especial para O POVO


08 Mai 2010 - 15h55min

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Paradoxos e paradigmas



Essa foto é no "tranquilo" bairro do Lagamar, um bairro pobre da capital do Ceará. A casa bem precária, mas tem SKY HD. E vida que segue...

Boa quarta.


Thiago Oliveira Braga

sábado, 14 de maio de 2011

E o Flamengo ( e o Egídio) dançou.




Egídio cruza para a área do Ceará, a bola bate na parte lateral da cabeça de um zagueiro e sobra, quicando na entrada da área. Ligeiro, Léo Moura pega a sobra antes de Geraldo e cabeceia pro alto, buscando o meio da área, e logo avança em velocidade. "É o toca me voy, amigo", diria Galvão. Enquanto Léo adentra a grande área, a bola encontra o maior talento do atacante Wanderley: escorar pelo alto. O atacante sobe e desvia para o penetrante Léo, que chuta a gol, de primeira. Fernando Henrique já foi batido. A bola vai entrando, mas o zagueiro do Ceará, aquele mesmo que tomara** a bolada na lateral da cabeça, talvez atordoado, consegue dar um peteleco na bola, incapaz de jogá-la para fora. Egídio, que assistiu privilegiadamente a estes intensos e memoráveis segundos, já ensaiava uma dancinha malemolente enquanto o escorador Wanderley, ludibriado pela furada do zagueiro, se desequilibrava na pequena área. Agora é necessário fazer uma pausa.



O gol estava na conta, Egídio já fazia dancinha, a torcida suspirou e fez aquele imenso silêncio que precede o gol. O futebol esgarça as emoções e nos convence de algo só para, segundos depois, consagrar o contrário, o extremo oposto daquilo de que nos convencera**. Que se desfaça a pausa.



O toque do zagueiro bolado não foi suficiente para jogar a bola para fora, mas, por uma brecha nas leis matemáticas, a bola resvalou no travessão e voltou à pequena área. Egídio cancela a dança, Wanderley cancela a queda e, de quatro no gramado, se levanta, dentro da pequena área, desta vez sem goleiro, sem zagueiro. Ele está em frente à trave, no máximo a um metro dela. Dejavu de um segundo atrás, tudo de novo. Egídio pula e prepara um soco no ar, um segundo depois de cancelar a dança malemolente. Wanderley, mais desequilibrado do que bêbado descendo ladeira, cabeceia para o gol vazio. E acerta a trave. Redejavu, Egídio cancela a comemoração de novo. Fim da linha para o Flamengo. Este lance, crucial, teve oito segundos de duração, mas a intensidade de uma tragédia. Oito segundos, duas danças de Egídio, sete toques na bola, dois na trave, dois verbos no mais-que-perfeito e este asteriscão.



** Muito feliz por usar o pretérito mais que perfeito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Saudações alvinegras por Flávio Paiva


Os clubes de futebol, como tudo o que tem história, são criados, se desenvolvem, alguns desaparecem e outros conquistam vida longa e renovada, como o Ceará, que em 2014 chegará aos 100 anos de fundação, com uma torcida solar rejuvenescida no claro e escuro do tempo. O futebol se manifesta com jeito próprio entre encantos e desencantos vindos desde as mais puras fantasias de nossas infâncias.


Escolher um time é definir-se como parte de uma torcida, onde as regras da racionalidade não se aplicam. Torcer é algo muito subjetivo, que depende de diversos fatores, dentre os quais a boa fase vivida pelo time no momento em que se desperta para o esporte, além de suas próprias representações simbólicas. O direito à experiência de torcer, de ter ídolos, de partilhar sentimentos comuns com anônimos, assumindo os percalços e encantos que isso significa é engrandecedor.


Movido por essa compreensão, mesmo sendo torcedor do Ceará, procurei não forçar a preferência dos meus filhos na escolha dos seus times. O risco foi grande, considerando a má fase do Vovô nos últimos anos. Cheguei a ir ao estádio com eles, ora em jogos do Ceará e ora em partidas do Fortaleza, neste caso, atendendo a demandas provocadas por alguns dos seus amigos de escola. Ficou nisso por um período, o que foi importante para eles começarem a demonstrar interesse pelo caderno Jogada, a ver alguns jogos pela televisão, inclusive das ligas internacionais, e a comentar os resultados das partidas.


Quando percebi estava lá, o meu filho mais velho, o Lucas, de 11 anos, querendo ir ao estádio torcer pelo time escolhido por seu coração alvinegro. Desde o ano passado que passamos a ir ao estádio com mais frequência. No dia do meu aniversário, eles me deram de presente uma camisa oficial do Ceará. O mais novo, o Artur, de 9 anos, foi cúmplice na escolha do presente, mas fez questão de ressaltar que não é Ceará, nem Fortaleza, nem Horizonte, nem Guarani... Apenas gosta de jogar futebol, de disputar campeonatos em videogames e de ver as melhores jogadas na televisão.


Dois anos atrás era mais ou menos essa a posição do Lucas. Cada qual tem o seu tempo, por isso não dá para especular que decisão tomará o Artur. Enquanto isso, Lucas e eu estamos adorando a experiência única do abraço de desconhecidos que se reconhecem pela força do preto e do branco, onde a emoção fica mais à vontade. Tem sido muito rica para nós a vivência da psicologia da multidão, das filas para comprar o ingresso e para entrar no estádio, da arquibancada com pipoca, água mineral, palavrão e o "Uhhh!" uníssono provocado pela jogada que não se completou. E, claro, da explosão do gol.


Na partida final do campeonato cearense, realizada domingo passado (8/5) no estádio Presidente Vargas (PV), entre Ceará 5 x 0 Guarani (J), que deu o título de campeão arrastão ao Vovô, apreciamos algumas manifestações que ilustram bem a diversidade da comunicação nesse ambiente de diversão e catarse. Encontramos uma expressão autêntica da nossa molecagem logo que chegamos ao estádio e vimos um cartaz com a foto do Bin Laden vestindo a camisa do Fortaleza, no qual se lia os seguintes dizeres: "Confirmado, Bin Laden morreu de desgosto".


Do riso, saímos para a vaia, quando antes do início do jogo, observamos a colocação no círculo central do campo de uma propaganda da Pepsi, com as cores vermelha, azul e branca - que caracterizam aquela marca de refrigerante - associada pela torcida à bandeira do Fortaleza. Não deu outra: vaia geral. Nas arquibancadas, além da recusa do torcedor de consumir o produto daquela "publicidade tricolor", o enredo voltou-se para a falta de sensibilidade de um marketing que poderia muito bem evitar esse tipo de reação da torcida simplesmente reproduzindo a logo na sua aplicação em preto e branco.


Dentre os episódios que só é possível experienciar estando no estádio, um dos que acho mais curiosos é quando o torcedor fala baixinho com o jogador que está fisicamente no campo distante, em uma comunicação quase silenciosa: "Fernando Henrique, você me orgulha"; "Vai, Nicácio, mostra que tu é mesmo artilheiro"; "Olha, Geraldo, o Osvaldo está sozinho"; "Chuta, chuta, Thiago Humberto!"; "Ei, Mancini, bota alguém para ajudar o Iarley"... Nesses momentos o torcedor conversa sozinho, em uma situação de transferência, mas desconfio que de alguma forma o atleta escuta seu sussurro perdido na zoadaria do estádio.


A arena de esportes é um lugar de criação e de recriação conjunta, um espaço de interações. A coeducação desportiva não se resume ao preenchimento dos motivos que aproxima as pessoas nas arquibancadas; ela possibilita o exercício de diferentes modos de ver, pensar, sentir e dizer do mundo entre vozes recatadas e expansivas. Neste aspecto, gosto de acompanhar meu filho se constituindo pelos significados do crescimento social, seus movimentos em busca de ser o que é potencialmente. Sem contar que o tempo dele é também o meu tempo nessa prazerosa articulação intergeracional.


Uma das características que aprendi a apreciar no futebol é que em torno da bola há um pacto de contraversão por meio do qual nada pode ser afirmado sem levar em consideração o contraditório. Chamar o juiz de ladrão? Pode. Dizer que o técnico é vendido? Pode. Acusar o atleta de mascarado? Pode. Xingar a mãe do presidente do clube? Pode. São gritos que não necessitam de provas para serem bradados, simplesmente porque as acusações não precisam ser reais para lhes dar motivo. Na torcida, todos podem impor suas razões, sabendo que dificilmente alguém as acatará.


Fora das linhas do campo, o combustível do futebol é o falatório, a novelização, o elogiar e o esculhambar. Tudo o que acontece em uma partida nos afeta instantaneamente, nos faz chutar o nada, nos irrita, nos levar a cantar de alegria e a dizer palavrões. Vestir a camisa do time é vestir a partida inesquecível, a decisão dramática, o lance marcante. Tenho predileção por jogo bonito, bem jogado, elegante e raçudo ao mesmo tempo. Prefiro perder uma partida bem disputada que ganhar jogando feio, com movimentação travada, em busca apenas do resultado.


Da arquibancada do estádio ao sofá de casa, o torcedor contempla, vibra, lamenta e chora porque mais do que pelo resultado do jogo, ele torce também por si, pelo seu repertório de reações e capacidade de traduzir a partida em um idioma de universalidade. Esse me parece ser o grande segredo do futebol. Não é à toa que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) tem mais países filiados do que a Organização das Nações Unidas (ONU), em um placar de 208 x 192. O futebol faz a grande liga de nações em um tipo de congraçamento que transpassa culturas, ideologias, situações políticas e condições econômicas.


Torcer é como nadar e andar de bicicleta, quem aprende nunca esquece. A criança sonha em ser jogador e se vê realizando os lances mais espetaculares. Na arquibancada, troca passes com o adulto, no tempo em que este também sonhou assim. E mesmo que um se projete no futuro e o outro se traga do passado, o encontro acontece no presente. O abraço do pai e do filho na hora do gol é o abraço de quem já passou por isso com quem está descobrindo a emoção de torcer. Cada lance é um lance, cada vibração uma vibração, um olhar, um gesto, uma identidade que se pronuncia. E viva o Ceará, campeão de 2011, com palmas especiais para o Dimas Filgueiras, que uniu caráter, competência e compromisso na revitalização do coração alvinegro.

Fonte: Diário do Nordeste


domingo, 8 de maio de 2011

Dia das mães



Mãe... São três letras apenas



As desse nome bendito:


Também o céu tem três letras


E nelas cabe o infinito






Para louvar a nossa mãe,


Todo bem que se disser


Nunca há de ser tão grande


Como o bem que ela nos quer






Palavra tão pequenina,


Bem sabem os lábios meus


Que és do tamanho do CÉU


E apenas menor que Deus !

 
Mário Quintana

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mais que futebol.


Time só existe um. Aquele para o qual você torce. Apenas ele, nenhum outro. Desde a década de 1990, com a popularização das TVs por assinatura e da internet e o acesso mais fácil a campeonatos internacionais, surgiu um curioso fenômeno, o torcedor múltiplo. O sujeito torce pelo CSA, Once Caldas, Napoli, Nottingham Forest, Bayer Leverkusen, Ajax, Colo Colo, Peñarol e Paysandu de Belém do Pará.


Desculpe, eu sou aquele torcedor à moda antiga. E não levo a sério você, torcedor múltiplo. Time é apenas um. Aceito, sim, que um brasileiro torça pelo Manchester United. Da mesma forma que acho normal um paulista que torce pelo Internacional ou um curitibano que torce pelo Corinthians. O que não engulo é gente que faz loteamento no coração. É poligamia futebolística.

Quando tinha 12 anos e comecei a freqüentar o Estádio Castelão, sobretudo por morar na mesma avenida e as violência não ser tão acentuada como nos dias de hoje, pude ver Ceará e Vasco pela Copa do Brasil. O número de torcedores do time carioca era significativo, mas ver um time do eixo Rio-SP no nosso estado era um evento social.

No mesmo período acompanhei pela TV Bandeirantes (O canal do esporte) o São Paulo Futebol Clube ser bi campeão mundial. Ver o time de Telê Santana jogar era fabuloso, e confesso que passei a ter uma simpatia pelo tricolor paulista. Em seguida meus amigos de colégio diziam que “todo mundo” tinha um time pra torcer no Rio de Janeiro, e justamente naquele ano de 1995 o Fluminense foi campeão carioca, e lá vai eu também nutrir uma admiração pelo pó de arroz.

Os anos se passaram a simpatia por outros times também ficaram no passado e via esses times jogarem e passei a ser indiferentes a eles. Tanto faz se ganham, perdem ou empatam. Porque torcer, eu só torço pelo meu time. Fui percebendo que time de futebol era mais que uma mera convenção. Era minha identidade. Dizia de mim, mais do que eu imaginava.

Amanhã tem Flamengo x CEARÁ pela Copa do Brasil. É, baita jogo. Espetacular. Dia bom pra quem gosta de futebol. Oportunidade da grande colônia de Cearenses que moram no Rio de Janeiro irem prestigiar não apenas o único representante do Nordeste na competição, mas sobretudo, o time que representa suas raízes. Isso sim, algo que tem que ser levado em conta.

Essa partida não é a disputa do tostão contra o milhão, ou outras comparações pitorescas que sugerem em véspera de partidas desse nível, mas um time que tem conquistado seu espaço, e levado o nome do estado do Ceará a grande mídia nacional. Hoje o torcedor cearense tem orgulho de vestir a camisa do seu time, e tem deixado de atribuir simpatia aos clubes midiáticos.

Sempre achei que o mundo deveria ser menos maniqueísta, Menos Bem x Mal. Neste caso, porém, não existe meio termo. Torcedor tem um time só. O meu todos já sabem, é o CEARÁ SPORTING CLUB, No Brasil, na Espanha, no Togo, no Camboja e na Austrália.


Valeu galera,


Com vocês, ao Serviço d’Ele,

Thiago Oliveira Braga

terça-feira, 3 de maio de 2011

Brasil perde de goleada para a sociedade do desperdício.





Em 2010, o Brasil produziu 60,8 milhões de toneladas dos chamados resíduos sólidos urbanos. Essa quantidade foi 6,8% mais alta que a registrada em 2009 e seis vezes maior que o crescimento populacional que, no mesmo período, ficou em pouco mais de 1%. De todo esse resíduo, cerca de 6,5 milhões de toneladas foram parar em rios, córregos e terrenos baldios. Ainda 42,4%, ou seja, 22,9 milhões de toneladas foram depositados em lixões e aterros controlados e que não fazem o tratamento adequado dos resíduos. Estas conclusões fazem parte do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos divulgado na semana passada pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).




Detalhes do mesmo relatório demonstram que estamos muito, mas muito distantes de tornar o consumo consciente uma prática cotidiana na vida das pessoas em nosso país. Um bom exemplo é que no ano passado, a média de lixo gerado por brasileiro ficou em 378 quilos, o que é 5,3% superior aos 359 quilos de lixo per capita computados em 2009.


O que esperar do futuro

Em uma sociedade de consumo que vem se caracterizando pelo culto ao descartável, a quantidade de lixo é proporcional a falta de consciência e ações que passam por todos os setores, sejam eles públicos ou privados, até chegar ao próprio cidadão.



Se por um lado podemos registrar com orgulho que no Brasil temos o mais alto nível de reciclagem de latinhas de alumínio do mundo, por outro, também é fácil afirmar que existem materiais tão diversos como papel, papelão, vidro, isopor, garrafas PET, sacolas plásticas e tantos outros que são perfeitamente recicláveis e que simplesmente não o são, por falta de apoio a coleta e comercialização. Pelo menos 30% dos lixos domiciliares são compostos de materiais recicláveis, mas apenas 1% acaba sendo, efetivamente, recuperado pela coleta seletiva.



É muito triste imaginar que toneladas de material reciclável entopem os lixões e aterros quando poderiam voltar a ser utilizados por empresas em produção de novos produtos. Um caso exemplar é o do vidro. Um quilo de vidro é totalmente aproveitado na reciclagem num círculo virtuoso que contribui para que não sejam necessárias as extrações de matérias-primas existentes na natureza. Isso vale para todos os outros materiais que são descartados. Papéis reutilizados e reciclados evitam o corte de árvores; sacolas plásticas reutilizadas e recicladas deixam de entupir bueiros, poluir rios e mares etc.



As razões para esse estado de coisas são inúmeras: ausência de políticas públicas efetivas de incentivo a coleta e reciclagem e de educação ambiental para a população; uma parte da iniciativa privada que não se empenha em tratar resíduos e criar ações para reaproveitamento de materiais na sua linha de produção e o cidadão que desperdiça, não reutiliza, não recicla e ainda joga lixo nas praças, ruas, rios e lagos.



Política Nacional de Resíduos Sólidos para mudar a realidade

Boa parte das esperanças para reverter esse quadro reside na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada em dezembro de 2010 e que estabelece o princípio da responsabilidade compartilhada em relação à destinação dos resíduos. Todos os integrantes da cadeia produtiva sejam eles fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes e até mesmo os consumidores serão responsáveis por todo o processo de ciclo de vida do produto até a disposição final, também conhecido como logística reversa. Nessa conta de responsabilidades também estarão inseridos os serviços de limpeza públicos e de manejo dos resíduos sólidos. A lei prevê ainda o fim dos lixões em todos os municípios brasileiros até 2014.


Diante do aumento da geração de lixo, os desafios propostos pela nova política são enormes e vão requerer esforços dobrados nos próximos anos. Portanto, é preciso também trazer outras questões para a discussão que contribuam para avançar nesse processo.


Cobrar o que é de graça, aumentar o preço do que for muito barato

Um caminho é dar o devido valor ao que hoje é tratado como lixo. Se o poder público garantisse preços convidativos para os materiais hoje menos atrativos, tenho certeza que teríamos mais plásticos, papéis, vidros, isopores, entre outros, sendo recolhidos com eficiência e, consequentemente, voltariam para a cadeia produtiva ao invés de descartados.


Vivemos situações críticas em várias áreas vitais para a sobrevivência humana, a questão da geração do lixo, da contaminação das águas, o desmatamento e o aquecimento global estão entre as principais. Infelizmente, medidas isoladas sejam do poder público, sejam da iniciativa privada e até de cidadãos mais conscientes são louváveis, mas de resultado limitado.


Cobrar por todos esses materiais e embalagens dando valor ao que as pessoas hoje descartam seria uma maneira rápida de mudar a realidade tenebrosa do desperdício, do descarte inconseqüente e da falta de educação.


O melhor, é claro, seria conquistar consciências, mas é óbvio também que os resultados tem sido modestos até mesmo nos países ditos desenvolvidos e educados.


Boa notícia chega do varejo!

Falando em outros países, algo que já foi adotado fora do Brasil vai chegar por aqui nos próximos dias: a cobrança pelas sacolas plásticas!


No próximo dia 9 de maio, um acordo será assinado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) e o Governo do Estado de São Paulo prevendo, inicialmente, uma campanha de 6 meses para a conscientização do consumidor para a importância de usar sacolas retornáveis, caixas ou carrinhos de feira no transporte das compras. Após esse período, ou seja, meados de novembro, as sacolas plásticas tradicionais, que demoram cerca de 100 anos para se decompor, serão substituídas por sacolinhas feitas à base de amido. Essa nova sacola se decompõe no máximo em 180 dias e será vendida pelo preço de custo (R$ 0,20 a unidade).


Essa experiência já foi adotada com sucesso em Jundiaí, cidade de xxx mil habitantes, próxima a Campinas. Hoje apenas 5% dos consumidores acabam por adquirir as sacolinhas biodegradáveis. A maioria esmagadora já se acostumou a nova realidade e, como em outros países, abandonou o uso das sacolas descartáveis.


Quem sabe se com mais ações como essa e um pouquinho mais de consciência, os números do Panorama de Resíduos Sólidos em 2012 não poderão apresentar surpresas mais agradáveis que os deste ano?

Reinaldo Canto

3 de maio de 2011 às 17:09h



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Quem quer ser professor?



Você é louca!” “É tão inteligente, sempre gostou de estudar, por que desperdiçar tudo com essa carreira?” Ligia Reis, de 23 anos, ouviu essas e outras exclamações quando decidiu prestar vestibular para Letras, alimentada pela ideia de se tornar professora na Educação Básica. Nas conversas com colegas mais velhos de estágio, no curso de História, Isaías de Carvalho, de 29 anos, também era recebido com comentários jocosos. “Vai ser professor? Que coragem!” Estudante de um colégio de classe média alta em São Paulo, Ana Sordi , de 18 anos, foi a única estudante de seu ano a prestar vestibular para Pedagogia. E também ouviu: “Você vai ser pobre, não vai ter dinheiro”. Apesar das críticas, conselhos e reclamações, Ligia, Isaías e Ana não desistiram. No quinto ano de Letras na USP, Ligia hoje trabalha como professora substituta em uma escola pública de São Paulo. Formado em História pela Unesp e no quarto ano de Pedagogia, Isaías é professor na rede estadual na cidade de São Paulo. No segundo ano de Pedagogia na USP, Ana acompanha duas vezes por semana os alunos do segundo ano na Escola Viva.


Quando os três falam da profissão, é com entusiasmo. Pelo que indicam as estatísticas, Ligia, Isaías e Ana fazem parte de uma minoria. Historicamente pressionados por salários baixos, condições adversas de trabalho e sem um plano de carreira efetivo, cursos de Pedagogia e Licenciatura – como Português ou Matemática – são cada vez menos procurados por jovens recém-saídos do Ensino Médio. Em sete anos, nos cursos de formação em Educação Básica, o núsmero de matriculados caiu 58%, ao passar de 101.276 para 42.441.



Atrair novas gerações para a carreira de professor está se firmando como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela Educação no Brasil. Não por acaso, a valorização do educador é uma das principais metas do novo Plano Nacional de Educação. Uma olhadela na história da educação mostra que não é de hoje que a figura do professor é institucionalmente desvalorizada. “Há textos de governadores de província do século XIX que já falavam que ia ser professor aquele que não sabia ser outra coisa”, explica Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, coordenadora da pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios. No entanto, entre as décadas de 1930 e 1950, a figura do professor passou a ter um valor social maior. Tal perspectiva, porém, modificou-se novamente a partir da expansão do sistema de ensino no Brasil, que deixou de atender apenas a elite e passou a buscar uma universalização da educação. Desordenada, a expansão acabou aligeirando a formação do professor, recrutando muitos docentes leigos e achatando brutalmente os salários da categoria como um todo.


Raio X


Encomendada pela Unesco, a pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios revelou que, em geral, o jovem que procura a carreira de professor hoje no Brasil é oriundo das classes mais baixas e fez sua formação na escolas públicas. Segundo dados do questionário socioeconômico do Enade de 2005, 68,4% dos estudantes de Pedagogia e de Licenciatura cursaram todo o Ensino Médio no setor público. “De um lado, você tem uma -implicação muito boa. São jovens que estão procurando ascensão social num projeto de vida e numa profissão que exige uma formação superior. Então, eles vêm com uma motivação muito grande.”


É o caso de Fernando Cardoso, de 26 anos. Professor auxiliar do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola Viva, Fernando é a primeira pessoa de sua família a completar o Ensino Superior. Sua primeira graduação, em Educação Física, foi bastante comemorada pela família de Mogi-Guaçu, interior de São Paulo. O mesmo aconteceu quando ele resolveu cursar a segunda faculdade, de Pedagogia.


Entretanto, pondera Bernardete, grande parte desse contingente também chega ao Ensino Superior com certa “defasagem” em sua formação. A pesquisadora cita os exemplos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que revela resultados muito baixos, especialmente no que diz respeito ao domínio de Língua Portuguesa. “Então, estamos recebendo nas licenciaturas candidatos que podem ter dificuldades de linguagem e compreensão de leitura.”


Segundo Bernardete, esse é um efeito duradouro, uma vez que a universidade, de forma geral, não consegue suprir essas deficiências. Para Isaías Carvalho, esta é uma visão elitista. “Muitos professores capacitados ingressam nas escolas e estão mudando essa realidade. Esse discurso acaba jogando toda a culpa nos professores”, reclama.


Desde 2006, Isaías Carvalho trabalha como professor do Ensino Fundamental II e Ensino Médio em uma escola estadual em São Paulo. Oriundo de formação em escolas públicas, Isaías também é formado pelo Senai e chegou a trabalhar como técnico em refrigeração. Só conseguiu passar pelo “gargalo do vestibular” por causa do esforço de alguns professores da escola em que estudava na Vila Prudente, zona leste de São Paulo. Voluntariamente, os professores davam aulas de reforço pré-vestibular de graça para os alunos, nos fins de semana. “Os alunos se organizavam para comprar as apostilas”, lembra. Foi durante uma participação como assistente de um professor na escola de japonês em que estudava que Antônio Marcos Bueno, de 21 anos, resolveu tornar-se professor. “Um sentimento único me tocou”, exclama. Em busca do objetivo, saiu de Manaus, onde morava, e mudou-se para São Paulo. Depois de quase dois anos de cursinho pré-vestibular, Antônio Marcos está prestes a se mudar para a cidade de Assis, no interior do Estado, onde vai cursar Letras, com habilitação em japonês.


Entretanto, essa visão enraizada na cultura brasileira de que ser professor é uma missão ou vocação – e não uma profissão – acaba contribuindo para a desvalorização do profissional. “Socialmente, a representação do professor não é a de um profissional. É a de um cuidador, quase um sacerdote, que faz seu trabalho por amor. Claro que todo mundo tem de ter amor, mas é preciso aliar isso a uma competência específica para a função, ou seja, uma profissionalização”, resume Bernardete.


Contra a corrente


Ainda assim, o idealismo e a vontade de mudar o mundo ainda permanecem como fortes componentes na hora de optar pelo magistério. Anderson Mizael, de 32 anos, teve uma trajetória diferente da maioria dos seus colegas da PUC-SP. Criado na periferia de São Paulo, Anderson sempre estudou em escolas públicas. Adulto, trabalhou durante cinco anos como designer gráfico antes de resolver voltar a estudar. Bolsista do ProUni, que ajuda a financiar a mensalidade, Anderson é um dos poucos do curso de Letras que almejam a posição de professor de Literatura. “Eu tenho esse lado social da profissão. O ensino público está precisando de bons professores, de gente nova”, explica ele, que acaba de conseguir o primeiro estágio em sala de aula, em uma escola no Campo Limpo, zona sul da capital. Ana, que hoje trabalha em uma escola de elite, sonha em dar aula na rede pública. “São os que mais precisam.” “Eu sempre quis ser professora, desde criança”, arremata Ligia.


A empolgação é atenuada pela realidade da escola – com as já conhecidas salas lotadas, falta de material e muita burocracia. Ligia Reis reclama. “Cheguei, ganhei um apagador e só. Não existe nenhum roteiro, nenhum amparo”, conta. “Às vezes, você é um ótimo professor, tem várias ideias, mas a escola não ajuda em nada”, desabafa. Ligia também conta que, para grande parte de seus colegas de graduação, dar aula é a última opção. “A maioria quer ser tradutor ou trabalhar em editoras. É um quadro muito triste.”


Como constatou Ligia, de forma geral, jovens oriundos de classes mais favorecidas, teoricamente com uma formação mais sólida e maior bagagem cultural, acabam procurando outros mercados na hora de escolher uma profissão. “Eles procuram carreiras que oferecem perspectivas de progresso mais visíveis, mais palpáveis”, explica Bernardete. Um dos motivos que os jovens dizem ter para não escolher a profissão de professor é que eles não veem estímulo no magistério e os salários são muito baixos, em relação a outras carreiras possíveis. “Meu avô disse para eu prestar Farmácia, que estava na moda”, lembra Ana.


A busca pela valorização da carreira de professor passa também, mas não somente, por políticas de aumento salarial. Além de pagar mais, é preciso que o magistério tenha uma formação mais sólida e, principalmente, um plano de carreira efetivo. “Um plano em que o professor sinta que pode progredir salarialmente, a partir de alguns quesitos. Mas que ele, com essa dedicação, possa vir a ter uma recompensa salarial forte”, conclui a pesquisadora.


Anderson, Ligia, Ana, Isaías, Antônio e Fernando torcem para que essa perspectiva se torne realidade. “Eu acho que, felizmente, as pessoas estão começando a tomar consciência do papel do professor. É uma profissão que, no futuro, vai ser valorizada”, torce Anderson. “É uma profissão, pessoalmente, muito gratificante.” “Às vezes, eu chego à escola morta de cansaço, mas lá esqueço tudo. É muito gostoso”, conta Ana.

Entrevista da Revista Carta Capital:
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/quem-quer-ser-professor
Tory Oliveira


26 de abril de 2011 às 10:12h

domingo, 1 de maio de 2011

As dez coisas mais difíceis que tentamos fazer na vida.



I Não terás outros deuses


Não crerás na existência de outros deuses, senão de Deus.

Não explicarás o universo senão em relação a Deus.

Não terás outro critério de verdade senão Deus.

Não te relacionarás com pseudodivindades, senão com Deus.

Não dependerás de falsos deuses, senão de Deus.

Não terás satisfação em nada que exclua Deus.



II Não farás imagens

Não tratarás como Deus o que não é Deus.

Não compararás Deus com qualquer de suas criaturas.

Não atribuirás poder divino a qualquer das criaturas de Deus.

Não colocarás nenhuma criatura entre ti e o teu Deus.

Não diminuirás Deus para que possas compreendê-lo ou dominá-lo.

Não adorarás qualquer criatura que pretenda representar Deus.



III Não tomarás o nome do teu Deus em vão

Não dissociarás o nome da pessoa de Deus.

Não colocarás palavras na boca de Deus.

Não te esconderás atrás do nome de Deus.

Não usarás o nome de Deus para te justificares.

Não te relacionarás com uma idéia a respeito de Deus, senão com o próprio Deus.

Não semearás dúvidas respeito do caráter e da identidade de Deus.



IV Lembra-te do sábado

Não deixarás de dedicar tempo exclusivamente para Deus.

Não deixarás de prestar atenção em Deus.

Não deixarás de descansar em Deus.

Não derivarás teu valor da tua produtividade.

Não tratarás a vida como tua conquista.

Não deixarás de reconhecer que em tudo dependes de Deus.



V Honra teu pai e tua mãe

Não negarás tua origem.

Não terás vergonha do teu passado.

Não deixarás de fazer as pazes com tua história.

Não destruirás a família.

Não banalizarás a autoridade dos pais em relação aos filhos.

Não deixarás teu pai e tua mãe sem o melhor dos teus cuidados.



VI Não matarás

Não tirarás a vida de alguém.

Não tirarás ninguém da vida.

Não negarás o perdão

Não farás justiça com tuas mãos movidas pelo ódio.

Não negarás ao outro a oportunidade de existir na tua vida.

Não construirás uma sociedade que mata.



VII Não adulterarás

Não farás sexo.

Não farás sexo na imaginação.

Não farás sexo virtual.

Exceto com teu cônjuge.

Não te deixarás dominar pelos teus instintos físicos.

Não terás um coração leviano e infiel.

Não te satisfarás apenas no sexo, mas te realizarás acima de tudo no amor.



VIII Não furtarás

Não vincularás tua satisfação às tuas posses.

Não te deixarás dominar pelo desejo do que não possuis.

Não usurparás a propriedade e o direito alheios.

Não deixarás de praticar a gratidão.

Não construirás uma imagem às custas do que não podes ter.

Não pensarás só em ti mesmo.



IX Não dirás falso testemunho

Não dirás mentiras.

Não dirás meias verdades.

Não acrescentarás nada à verdade.

Não retirarás nada da verdade.

Não destruirás teu próximo com tuas palavras.

Não dirás ter visto o que não vistes.



X Não cobiçarás

Não viverás em função do que não tens.

Não desprezarás o que tens.

Não te colocarás na condição de injustiçado.

Não desdenharás os méritos alheios.

Não duvidarás da equanimidade das dádivas de Deus.

Não viverás para fazer teu o que é do teu próximo, mas do teu próximo o que é teu.