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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O avesso da política e a política pelo avesso.


Quando caminhamos pelas periferias da vida nos encontramos com esse avesso da política que nos leva a colocar a política pelo avesso, re-examinando conceitos e aprendizados. Uma outra lógica e uma outra ética diante da qual jogamos nossas respostas simplistas, como cientistas de uma vida que insiste em não caber na academia.




Uma família pobre, mas articulada, discute candidatos não por propostas, histórico de vida ou confiabilidade dos partidos, mas pelo preço do voto. Vendem seus votos, afirmam, porque todos os candidatos (exceto nas majoritárias) compram votos, o que muda é o preço. Argumentam que todos os candidatos são iguais, ou seja, para eles o nosso legislativo configura a banalidade do “tanto faz quanto tanto fez”. Argumento para o qual temos dificuldade de encontrar resposta convincente.



Seria muito fácil lançar a culpa das mazelas da sociedade no povo. Entretanto, o que precisamos é desconfiar de nosso processo democrático como está dado atualmente. Não tem como não entender se os eleitores preferirem votar no bom humor de Tiririca do que no mau-humor disfarçado de nossos políticos profissionais.




Em uma cidade do interior, um pastor muito politizado, com uma postura libertadora, conversa com um bom padre. Então, assisto a uma inversão histórica bem complexa. O padre está cansado do jogo político (o povo não seria confiável, explica), enquanto o pastor imagina utopias de mundos novos e de gente engajada em processos libertadores.



O que isso significa? Exaustão, esvaziamento, migração, ou outra coisa, de uma teologia libertadora, ou o que?



Na verdade, já começamos a desligar a TV no horário eleitoral e assistir a campanha, pelo youtube, do conhecido humorista Tiririca, candidato a uma legislatura federal pelo estado de São Paulo. Se ele ganhar de candidatos historicamente competentes como José Genoíno, por exemplo, os eleitores fizeram opção entre políticos profissionais sem senso de humor e humoristas profissionais populares. Bem, os chargistas e a população já sabem que os nossos políticos são excelentes humoristas. Mesmo assim, será surpreendente se os humoristas se revelarem bons políticos.



Há algum tempo, brincávamos com o fato de que a popularidade de Lula decidiria essa eleição e de que até um opositor histórico como Serra, procuraria às pressas um retrato manchado, onde apareceria abraçado a Lula, para divulgar no horário eleitoral. Pensávamos que isso era uma boa pilhéria e ficamos impressionados com a tentativa desesperada do candidato tucano se associar à imagem do presidente.



Todas essas coisas nos remetem a uma perplexidade óbvia. Vivemos um momento confuso, enquanto sociedade ocidental, e não temos nenhuma saudade da maioria das alternativas históricas. Acreditamos que há sementes de um novo mundo e de uma nova sociedade espalhadas por aí. Desconfiamos até, mas não sabemos onde se encontram. Talvez na consolidação gradativa de alguns movimentos, no entusiasmo de alguns jovens, em novas compreensões vindas de teóricos engajados, em religiosos comprometidos com o povo e seus sofrimentos, em todos esses lugares, ou em outros.

Marcos Monteiro