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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

domingo, 26 de dezembro de 2010

PEQUENOS FILÓSOFOS - AS TRÊS PENEIRAS

Máximas Filosóficas


Antes de reproduzir o famoso texto atribuído a Sócrates sobre as três peneiras, achei necessário fazer esta pequena introdução avisando que no final da história você encontrará uma observação importante para ser lida antes de enviar um link deste post para alguém.


Um texto filosófico não serve apenas para achá-lo bonito. Tem que ser lido com a alma.

Augustus procurou Sócrates e disse-lhe:


- Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de...

Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- Espere um pouco Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?

- Peneiras? Que peneiras?

- Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?


- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!

- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: da bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?

- Não, Sócrates! Absolutamente, não!

- Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: da necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?

- Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.

E Sócrates sorrindo concluiu:

- Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque:

Pessoas sábias falam sobre idéias;

Pessoas comuns falam sobre coisas;

Pessoas medíocres falam sobre pessoas.


E agora: recomende apenas para seus amigos de verdade. Para outras pessoas, passe seus sentimentos por mais três peneiras:


Da ausência de mágoa;

Da ausência de vingança;

Da ausência de segundas intenções.


Passou pelas seis? Pode mandar!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Quando tudo não é o bastante de Harold Kushner


Partilho trecho do livro Quando tudo não é o bastante de Harold Kushner.

Haverá alguma coisa mais na vida do que simplesmente estar vivo - comer, dormir, trabalhar e ter filhos? Não seremos diferentes dos outros animais, a não ser porque fomos amaldiçoados com a capacidade de questionar o significado da vida? São perguntas difíceis de responder, e mais ainda de se evitar. Por alguns anos, talvez, possamos postergar as respostas, enquanto estivermos ocupados com a educação, a carreira e as decisões sobre o casamento. Nas primeiras décadas de nossa vida, os outros têm mais a nos dizer do que nós mesmos. No entanto, mais cedo ou mais tarde, deparamos com estas perguntas: Que devo fazer da minha vida? De que forma devo viver para que minha vida signifique algo mais que um siples lampejo de existência biológica, que logo desaparecerá para sempre?

Como dizia Espinoza, "Ser o que somos, e vir a ser o que somos capazes de ser, é o único objetivo da vida".

No início da leitura achei que iria ser mais um desses livros de auto-ajuda com uma vestimenta cristã, mas me enganei. Não deixa de ser um livro de auto-ajuda, porém sem dúvida muito bem trabalhado e acima da média. Acompanhado por três linhas mestras – a exposição do livro de Eclesiastes, alguns pensamentos de Jung, e inúmeros exemplos e situações do dia a dia – a leitura é fácil, agradável e profunda. É um livro que não me arrependi de ter lido. Recomendo.

Com vocês, ao serviço d'Ele

Thiago Oliveira Braga.

Vendo o Natal com olhos da espiritualidade

Neste Natal, Deus venha amado, desarmado, disposto a conter as iras do velho Javé e, surrupiado de fadigas, derrame diluvianamente sua misericórdia sobre todos nós, praticantes de pecados inconclusos. Venha patinando pela Via Láctea, um sorriso cósmico estampado no rosto, despido como o Menino na manjedoura, mãos livres de cajado e barba feita, a pedir colo a Maria e afago a José.Traga com ele os eflúvios das bodas de Caná e, a apetitar nossos olhos famintos, guisados de ovelhas e cordeiros acebolados, sêmola com açafrão e ovos batidos com mel e canela. Repita o milagre do vinho a embriagar-nos de mistério, porque núpcias com Deus presente, assim de se deixar até fotografar, obnubila a razão e comove o coração.
 

Venha neste Natal o Deus jardineiro do Éden, babelicamente plural, disposto a fazer de Ló uma estátua de açúcar. E com a harpa de Davi em mãos, salmodie em nossas janelas as saudades da Babilônia e faça correr leite e mel nos regatos de nosso afeto.


Neste Natal, não farei presépio para o Javé da vingança nem permitirei que o peso de minhas culpas sirva de pedra angular aos alicerces do inferno. Quero Deus porta-estandarte, Pelé divino driblando as artimanhas do demo, acrobata do grande circo místico.


Minha árvore não será enfeitada com castigos e condenações eternas. Nela brilharão as chamas ardentes da noite escura a ensolarar os recônditos do coração. Venha Deus a cavalo, a pé ou andando sobre os mares, mas venha prevenido, arisco e trôpego e, sobretudo, desconfiado, à imagem e semelhança de minha indigência.


Enquanto todos comemoram em ceias pantagruélicas, vomitando farturas, iremos os dois para um canto de esquina e, amigos, dividiremos o pão de confidências inenarráveis. Deus será todo ouvido e eu, de meus pecados, todo olvido, pois não há graça em falar de desgraça num raro momento de graça.


Neste Natal, acolherei Deus no meu quintal, lá onde cultivo hortaliças e legumes, e darei a ele mudas de ora-pro-nóbis, coisa boa de se comer no ensopado de frango. Mostrar-lhe-ei minha coleção de vitupérios e, se quiser, cederei a minha rede para que possa descansar das desditas do mundo.


Se Maria vier junto, vou presenteá-la com rendas e bordados trazidos do sertão nordestino, porque isso de aparecer senhora de muitas devoções exige muda freqüente de trajes e mantos, e muita beleza no trato.


Que venha Deus, mas venha amado, pois ando muito carente de dengos divinos. Não pedirei a ele os cedros do Líbano nem o maná do deserto. Quero apenas o pão ázimo, um copo de vinho e uma tijela de azeite de oliva para abrilhantar os cabelos. Cantarei a ele os cantos de Sião e também um samba-canção. Tocarei pandeiro e bandolim, porque sei das artes divinas: quem pontilha de dourado reluzente o chão escuro do céu, e provoca o cintilar de tantas luzes, faz mais que uma obra, promove um espetáculo. Resta-nos ter olhos para apreciar.


Desejo um Feliz Natal às bordadeiras de sonhos, aos homens que prenham a terra com sementes de vida, às crianças de todas as idades desditosas de maldades, e a todos que decifram nos sons da madrugada o augúrio de promissoras auroras.


Também aos inválidos de espírito apegados ciosamente a seus objetos de culto, aos ensandecidos por seus mudos solilóquios, aos enconchavados no solipsismo férreo que os impede de reconhecer a vida como dádiva insossegável.


Feliz Natal aos caçadores de borboletas azuis, artífices de rupestres enigmas, febris conquistadores a cavalgar, solenes, nos campos férteis de sedutoras esperanças.


Feliz Natal às mulheres dotadas da arte de esculpir a própria beleza e, cheias de encanto, sabem-se guardar no silêncio e caminhar com os pés revestidos de delicadeza. E aos homens tatuados pela voracidade inconsútil, a subjetividade densa a derramar-lhes pela boca, o gesto aplicado e gentil, o olhar altivo iluminado de modéstia.


Feliz Natal aos romeiros da desgraça, peregrinos da indevoção cívica, curvados montanha acima pelo peso incomensurável de seus egos pedregosos. E aos êmulos descrentes de toda fé, fantasmas ao desabrigo do medo, néscios militantes de causas perdidas, enclausurados no labirinto de suas próprias artimanhas.


Feliz Natal a quem voa sem asas, molda em argila insensatez e faz dela jarro repleto de sabedoria, e aos que jamais vomitam impropérios porque sabem que as palavras brotam da mesma fonte que abastece o coração de ternura.


Feliz Natal aos que sobrevoam abismos e plantam gerânios nos canteiros da alma, vozes altissonantes em desertos da solidão, arautos angélicos cavalgando motos no trânsito alucinado de nossas indomesticáveis cobiças.


Feliz Natal aos que se expõem aos relâmpagos da voracidade intelectual e aos confeiteiros de montanhas, aos emperdigados senhores da incondescendência e aos que tecem em letras suas distantes nostalgias.


Feliz Natal a todos que, ao longo deste ano, dedicaram minutos de suas preciosas existências a ler as palavras que, com amor e ardor, teço em artigos e livros. O Menino Deus transborde em seus corações.


Frei Betto é escritor, autor de "A menina e o elefante" (Mercuryo Jovem), entre outros livros.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

filosofia não serve pra nada ?




Ora, muitos fazem esta pergunta: afinal, para que filosofia? 

É uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física, para que geografia ou geologia, para que história ou sociologia, para que biologia ou psicologia, para que astronomia ou química, para que pintura, literatura, música ou dança? Mas todo mundo “acha” muito natural perguntar: para que filosofia? Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: “a filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a filosofia não serve para nada. Por isso, costuma-se chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da Lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis. Essa pergunta: “para que filosofia?”, tem a sua razão de ser. 

Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. 

Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade. 

Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade. Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a filosofia, donde dizer-se: não serve para nada. 

Parece, porém, que o senso comum não percebe algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os. 

Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados. 

Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a filosofia que formula e busca respostas para elas. 

Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a filosofia não serve para nada. Para dar alguma utilidade à filosofia, muitos consideram que, de fato, a filosofia não serviria para nada se “servir” fosse entendido como a possibilidade de fazer usos teóricos dos produtos filosóficos ou darlhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram também que a filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica. 

Para quem pensa dessa forma, o principal para a filosofia não seriam os conhecimentos (que ficam por conta da ciência) nem as aplicações de teorias (que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral e ético. A filosofia seria a arte do bem-viver. Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, a filosofia teria como finalidade ensinar-nos a virtude, que é o princípio do bem-viver. 

Essa definição da filosofia, porém, não nos ajuda muito. De fato, mesmo para ser uma arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a filosofia continua fazendo suas perguntas desconcertantes e embaraçosas: o que é o homem?; o que é a vontade?; o que é a paixão?; o que é a razão?; o que é o vício?; o que é a virtude?; o que é a liberdade?; como nos tornamos livres, racionais e virtuosos?; por que a liberdade e a virtude são valores para os seres humanos?; o que é um valor?; por que avaliamos os sentimentos e ações humanas?
Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas - o que, por que e como - permanecem.

Bibliografia

CHAUI, M. Filosofia, Série Novo Ensino Médio, Volume Único, São Paulo, Editora Ática, 2004, pp. 10-11.

Imagens natalinas 04 (Christmas pictures 04).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Imagens natalinas 03 (Christmas pictures 03).


“Se dou comida aos pobres, eles me chamam de santo. Se eu pergunto por que os pobres não têm comida, eles me chamam de comunista”.

Dom Hélder Câmara

sábado, 18 de dezembro de 2010

Louvor ao Deus pequenino


As pessoas esqueceram o esperado
Cada dia, esquecido Ele era
O ar se tornara triste como fado
Ou ruína coberta pela hera

Mas numa noite escura e fria,
Em que nada parecia especial
Veio ao mundo quem seria
Da vida seca, o manancial

Seja louvado aquele menino
Que, ao nascer, trouxe a luz
Aquele Deus bem pequenino
A todos os povos conduz.

O presente, não é tão diferente
Está esquecido, o Deus encarnado
Só se fala em receber presente
Deixando o divino menino de lado

Mas se escutas esses cantores,
Que te lembram, do natal, o sentido
E, se tocado pela mensagem fores,
Agradeça o amor por Deus sentido

 
Seja louvado aquele menino
Que, ao nascer, trouxe a luz
Aquele Deus bem pequenino
A todos os povos conduz.

 
Cante conosco ao bom criador
Que, por amor, pagou o preço
Do vil pecado que só cria dor
Oh, tanto amor eu não mereço

Mas obrigado, Senhor Jesus,
Por ter me amado tanto
O meu amor ao teu não faz jus
Mas te dedico esse canto


Seja louvado aquele menino
Que, ao nascer, trouxe a luz
Aquele Deus bem pequenino
A todos os povos conduz.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E 2011 é logo alí.



Ultrapassamos a metade do ultimo mês do ano. Se no catálogo dos meses há humores apropriados, o de dezembro é o sentimento de fim de festa, apesar das duas grandes que nos aguardam no fim do mês, Natal e Ano Novo. Agosto é um mês insosso, sem gosto, dezembro traz uma nostalgia imponente, de quem tenta desamarrotar o terno entre os cacos no chão.

Dezembrando, começamos a balançar no último trecho da elipse que a terra descreve ao querer circundar o sol. Ciclo terminal arbitrário pois arbitrário foi o início referendado. Aliás, os últimos meses do ano são de uma arbitrariedade escandalosa, se lógicos seriam chamados mais propriamente de onzembro e dozembro. Surpreendentemente, os arbítrios criados sobre os tempos e os espaços são, às vezes, os mais severos árbitros da nossa curta existência.

O olhar nostálgico de dezembro é olhar sobre si próprio, sobre o ano que passou, introspecção e retrospecção quase monástica, a vasculhar especialmente os tropeços de uma alma que jamais abandona a sua vocação imoral. Olhar inútil porque o tempo precisa de tempo para ser percebido.

Não se espera que aconteça nada de novo em dezembro, como se esgotado em suas reservas. O tempo típico de dezembro não é o futuro, mas o passando, assim no gerúndio, que um particípio voraz tenta frustrado encapsular.

É impossível escapar de certa dezembração; dezembro é detalhe em estrutura ecológica de dimensões cósmicas, impregnando o macro e o micro-universo. Os flocos de dezembro que se precipitam sobre a nossa pele não saem com água e sabão; e assim imersos nessa banheira dezêmbrica nos aquietamos adormecentes, escolhendo qualquer saudade para mastigar.

Dezembradamente, vamos nos aproximando pouco a pouco das festas que encerram mês e ano. E são festas sobre começos. Natal, celebração do começo do homem mais celebrado de nossa história ocidental; Ano Novo, recomeço teimoso da insistência da terra em arrodear o sol. Ambas são festas que reúnem passado e futuro, sendo o Ano Novo festa de passagem, festa de intervalo, nem dezembro nem janeiro, mas forçada a começar em dezembro e terminar em janeiro.

Porque por mais que dezembro nos convide à reflexão, por mais que o passado seja cheio de lições e surpresas a dezembromar, precisamos cumprir os ritos de passagem de nossa civilização e, mesmo que isso pareça uma violência, iremos necessariamente ajaneirar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Neste Natal...



Neste Natal, não quero o Pai Natal das promoções comercias, dos presentes caros embrulhados em afetos raros. Quero o menino Jesus nascido no coração da manjedoura, esperança acesa num pasto de Belém !

Não quero o Pai Natal das lojas enfeitadas, do celofane brilhante das cestas de produtos importados, das garrafas em que o néscios afogam as tristezas rotuladas de alegrias. Quero o sonho do menino Jesus em Busca de uma terra onde nascer e viver, o sonho do Menino Judeu arauto da paz na Terra aos homens e mulheres de boa vontade. Quero o sonho do Menino Jesus dum mundo poupado de estupidez das guerras.

Neste Natal disponso abraços protocolares e sorrisos sob medida, sentimentos retóricos e emoções que encobrem a aridez do coração. Quero o amor sem dor, a oração só louvor, a fé comungada no sabor da justiça. Não quero presentes dos ausentes, a romaria pagã aos templos consumistas dos shopping-centers. Quero o pão na boca duma criança faminta, a paz que se alarga dos espíritos atribulados aos campos de batalha.

Neste Natal não quero essa pavorosa troca de produtos entre mãos que não se abrem em solidariedade, compaixão e carinho. Quero o sonho do menino solto no mais íntimo de mim mesmo, semeando ternura em todos os canteiros em que as pedras sufocam as flores. Não quero esse ruído urbano que esmaga a alma, os ouvidos aprisionados aos telefones, o olfato condenado condenado por odores insalubres, a boca em cascatas de palavras inúteis, despidas de verdade e sentido. Quero o silêncio indevassável do meu próprio mistério, o canto harmónico da natureza, a mão que se estende para que o outro se erga, a fraternura dos amigos abençoados pela cumplicidade perene.

Neste Natal, não me interessam as oscilações dos índices financeiros, as promessas viciadas dos políticos, os cartões impressos a granel, cheios de colorido e vazios de originalidade. Quero as evocações mais ternas : o cheiro do café coado de manhã por minha avó, o som dos sorrisos das crianças. Não quero as amarguras familiares que se guardam como poeira nas dobras da alma, as invejas que me alienam de mim mesmo, as ambições que se tornam tristes. Quero os joelhos dobrados no átrio da igreja, a cabeça curvada perante a humildade desse menino.

Neste Natal não aceitarei os brindes das mãos que não se tocam, nem irei às ceias dos que se devoram. Não comerei do bolo que empanturra corações e mentes, nem deixarei que a aurora do Menino me surpreenda empanzinado de sono. Neste Natal quero que todos os corações apelem à partilha de ternura com aqueles que amamos e qeremos amar eternamente!

Natal

É pra todos os dias ...

Nos nossos corações ...

Nas nossas mentes ...

Natal não está nos presentes ...

Está na ajuda ao próximo, na compreensão ...

É dar-mos as mãos e sentirmo-nos irmãos ...

Quando isso acontece ... É NATAL !!!


Escrito por Frei Betto

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Imagens natalinas 01 (Christmas pictures 01).


De hoje, até o dia 25 de Dezembo postarei algumas imagens natalinas do meu acervo do cartunista Angeli, onde ele retrata o Natal de várias formas: Papai Noel, festa, consumo, (des)emprego e até com Jesus.

Desde de já, aproveitemos essa data, da maneira que você entende melhor.

Então, um feliz NATAL.


Com vocês, ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga.

domingo, 12 de dezembro de 2010

"Valorização" da Escola e dos Profissionais da Educação

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência

E não tem ar condicionado que de jeito.Quando tem...
 

Um bom domingo.

Com vocês. ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga

sábado, 11 de dezembro de 2010

Profissão: Uma casa de muitas portas.


Por Ignácio de Loyola Brandão

Aos 17 anos o filho ouviu a pergunta dos pais, que se mostravam ansiosos:
– Então, já sabe o que vai fazer?
– Estou pensando.
– Os vestibulares estão aí, ninguém espera.
– Ainda não decidi.
– Quando vai decidir?
– Eu também me pergunto. Tem tanta coisa!
– O que vai te dar segurança?
– Não sei. Alguma coisa na vida dá segurança?
– Como vai sustentar a família?
– Que família? Nem tenho namorada, pai!
A mãe estava ouvindo, quieta. Entrou na conversa:
– Pois está na hora de ter uma. Para endireitar essa vida!
O filho voltou-se para um, para outro, chutou o chão com a ponta do tênis.
– Quer dizer que são duas decisões? Profissão e namorada?
– Com a tua idade eu já trabalhava, assim me aposentei cedo.
A mãe voltou à carga:
– Nunca pensou lá na frente em uma boa aposentadoria, uma vida calma, filhos e netos...?
– Mãe, eu tenho 17 anos... Aposentadoria? Nem acabei o colegial, nem fiz vestibular, nem tenho emprego.
– Mas já é um homem! E homem tem de saber o que fazer! Como vai ganhar dinheiro?
– Pensam que é fácil? No tempo de vocês, já que falam tanto desse tempo, que nem sei qual é, era mais fácil. Tinha quatro ou cinco coisas. Banco, comércio, medicina, engenharia, advocacia, farmácia, funcionalismo público.
– Coisas que permitiam uma carreira, meu filho.
– Vocês pensaram no sonho?
– Que sonho?
– No meu sonho.
– E qual é o seu sonho? Vamos! Diga! Quanto dinheiro vai ganhar com o seu sonho?
– Não sei, ainda não estou dentro dele.
– Sonhos são bons para sonhar. Mas o que seria da vida real, do pé no chão, do dia-a-dia?
– Tem tanta coisa. Pensei em ser designer, gosto de desenho, de fotografia, de cinema. Ou ser paisagista. Pensaram? Desenhar jardins com plantas? Ou artista plástico! Biólogo é uma profissão legal, saber sobre a vida de tudo. Químico é outra que posso curtir numa boa. Ou físico. Meu sonho mesmo era ser astronauta...
– Estamos vendo, vive no mundo da Lua! Desça na Terra, menino!
– Menino? Olha a minha idade.
– Pé no chão.
– Numa boa posso ser arquiteto, médico. Cirurgião de cabeça. Um transplantador de corações e órgãos. Verdade. Pensaram? Ou construir pré­dios enormes. E gastronomia? Ser chef. Querem coisa melhor? Ou perfumista. Comandante de avião.
– Avião? Avião nem pensar, pelo amor de Deus.
– Encadernador, enólogo. Adoro vinho.
– Pé no chão, meu filho. Está flutuando!
– Está todo mundo no ar, pai! Pensa que não converso com ninguém? Pensa que é fácil nesse mundo de hoje? Informática. É um caminho. Mas em que especialização? E dentro dessa especialização, em que campo? Nesse campo, em que segmento? Há milhares de nichos, profissões, ofícios, trabalhos, mas qual será o meu? Gosto de tudo.
– Quem gosta de tudo não gosta de nada. Igual a jogador que joga em todas as posições e acaba não jogando em nenhuma.
– Outro dia, entrei numa faculdade, fui a departamento por departamento, olhando, investigando. Esse mundo de hoje é louco, pai. Tem milhões de profissões e milhões de desempregados. Uma coisa é legal, não dá dinheiro. Outra dá dinheiro, não é legal. Olha, vocês esqueceram dessa minha idade, ou talvez naquele tempo fosse diferente. Agora, é uma angústia desgraçada. E se eu errar? Perco quantos anos?
Os pais até que concordavam, procuravam uma forma de ajudar, não sabiam. O mundo atual é cheio de armadilhas, todo mundo fala em empreendedorismo, em investimento, em mil cursos, phd, mba, estágios, bolsas, pedem experiência, mas como ter experiência antes do primeiro emprego?
– Você tem a vida toda pela frente...
– Todo mundo diz isso, é clichê, gente. O mundo está apressado, veloz, apressam a gente para escolher, decidir, encaminhar, resolver. Como solucionar a vida nessa idade?
A mãe decidiu:
– Quer saber? Siga o sonho.
– E se eu errar?
– Somente você fará essa cobrança. Os sonhos se reciclam. Escolha, desiluda-se, canse, mude, a vida é sua, ninguém pode te cobrar.
– Siga o sonho. Obrigado, mãe. Agora é só encontrar esse sonho.


Ignácio de Loyola Brandão, 72 anos, é escritor e jornalista, tem 32 livros publicados. Recebeu este ano o Prêmio Jabuti de Melhor Ficção de 2008 com o livro O Menino Que Vendia Palavras.

ENEM 2010: Questões de Filosofia

A política, foi inicialmente, a arte das pessoas se ocuparem do lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem.

VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M.V.M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.

Nesta definição o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo caracterizado por uma democracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política?

a. A distribuição equilibrada do poder.
b. O impedimento da participação popular.
c. O CONTROLE DAS DECISÕES POR UMA MINORIA.
d. A valorização das opiniões mais competentes.
e. A sistematização dos processos decisórios.

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O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem aos distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo. Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na

a. Inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b. Bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c. Compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d. Neutralidade diante da condenação dos servos.
e. CONVENIÊNCIA ENTRE O PODER TIRÂNICO E MORAL DO PRÍNCIPE.

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A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas, ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.

FOUCAULT, M. Aula de 14 e janeiro de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é

a. Combater ações violentas na guerra entre as nações.
b. Coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c. Criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
d. Estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
e. ORGANIZAR AS RELAÇÕES DE PODER NA SOCIEDADE E ENTRE OS ESTADOS.

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A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque o produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para um exercício de pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política é uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza de valores para organizar também uma nova prática política.
CORDI. et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado)

O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob este enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como

a. INSTRUMENTO DE GARANTIA DA CIDADANIA, PORQUE ATRAVÉS DELAS OS CIDADÃOS PASSAM A PENSAR E A AGIR DE ACORDO COM VALORES COLETIVOS.
b. Mecanismo de criação dos direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
c. Meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que e efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
d. Parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses a ação privada dos cidadãos.
e. aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades.

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Na ética contemporânea, o sujeito é não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética atinge um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente com a política, entendida esta como a área de avaliação de valores que atravessas as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si.
 
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta

a. Os conteúdos éticos decorrentes da ideologias político-partidárias.
b. O valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.
c. A sistematização de valores desassociados da cultura.
d. O SENTIDO COLETIVO E POLÍTICO DAS AÇÕES HUMANAS INDIVIDUAIS.
e. O julgamento das ação ética pelos políticos eleitos politicamente.

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A questão tinha um quadrinho da Mafalda dizendo numa fila para vacinar-se a uma enfermeira: "Viemos nos vacinar contra o despotismo"
Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto de cidadãos.”

JAPIASSÚ, H; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra os despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo

a. Impedir a contratação de familiares para o serviço público.
b. Reduzir a ação das instituições constitucionais.
c.Combater a distribuição equilibrada de poder.
d. EVITAR A ESCOLHA DE GOVERNANTES AUTORITÁRIOS.
e. Restringir a atuação do parlamento.