Acompanham os jornais? A tv? Estão vendo esse movimento de comoção nacional em prol das vítimas das enchentes no norte-nordeste? Não? Eu também não.
Desde o início de abril, as regiões Norte e Nordeste sofrem com uma temporada de chuvas que já atingiu mais de 300 municípios. O número de desabrigados, até o momento, ultrapassa 184 mil pessoas, mais do que o dobro das vítimas de Santa Catarina em 2008, que na época uniu o país e seus veículos de comunicação. Inclusive, na época, a Cruz Vermelha aqui do Estado do Ceará foi a primeira a iniciar campanha de arrecadação de alimentos. Toda catastrofe é de se lamentar, seja aqui no Ceará ou no Sul, não devemos ficar apontando culpados e sim ter misericóridia dos que tem sofrido nesses dias.
Para completar a catástrofe, cidades inteiras estão ilhadas, sem acesso às capitais e pessoas correm risco de morte por não poder se deslocar para hospitais no litoral. Colheitas estão perdidas, rebanhos mortos e várias indústrias estão comprometidas, ocasionando em um prejuízo econômico ainda incalculado.
O que me motiva a escrever esse texto é poder partilhar o meu desejo de que a possibilidade de doar é infinitamente mais significativa do que receber, toda essa chuva que tem assolado ao estado do CEARÁ e vizinhos não tem grandes perspectivas de melhorar logo que passem as chuvas, no entanto partilho um texto do padre Henri Nouwen que foi bastante inspirador.
Ninguém é tão pobre que não tenha o que dar, ou tão rico que não tenha o que receber. Não é possível pensar em paz enquanto o mundo permanece dividido em dois grupos: os que dão e os que recebem. A verdadeira dignidade humana encontra-se tanto em dar quanto em receber. Isso se aplica não só aos indivíduos mas também às nações, culturas e comunidades religiosas. Uma verdadeira visão de paz testemunha uma reciprocidade contínua entre dar e receber. Não deixemos de perguntar a nós mesmos o que estamos recebendo daqueles a quem damos antes de fazê-lo, e nunca recebamos antes de perguntar o que devemos dar àqueles de quem recebemos.
Dar é muito importante: dar discernimento, esperança, coragem, conselho, apoio, dinheiro e, acima de tudo, dar-nos a nós mesmos. Sem dar não há fraternidade e irmandade. Mas receber é igualmente importante, porque ao fazê-lo revelamos aos doadores que eles têm algo a oferecer. Quando dizemos “obrigado, você me deu esperança; obrigado, você me deu uma razão para viver; obrigado, você permitiu que eu percebesse meu sonho”, fazemos os doadores se conscientizarem de seus dons únicos e preciosos. Às vezes é apenas nos olhos dos que recebem que os doadores descobrem esses dons.
Com vocês, ao serviço d'Ele
Thiago Oliveira Braga