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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

domingo, 6 de abril de 2008

Como apresentar Cristo a sua geração?

Como nos sentiríamos se fossemos convidados a apresentar a um grupo de pessoas, alguém que não conhecemos? Sem dúvida, nossa tarefa seria bem difícil devido a este desconhecimento. No evangelismo acontece o mesmo, você pode decorar versículos para as mais diversas situações, pode até decorar 500 técnicas de abordagens evangelísticas e 18.000 respostas para perguntas díficeis. Mas não podemos confundir evangelização com aberturas de xadrez; saiba que, para cada pergunta sempre haverá uma resposta, e para cada resposta sua, sempre haverá uma boa pergunta; este é o limite da apologética. Sendo assim, precisaremos estar bem seguros quanto ao que, em nosso caso a Quem, devemos apresentar em nossa prática de evangelização. "Usando outro exemplo: eu posso não saber os nomes dos meus bisavós, mas isso não impede que eu possa apresentar meu pai a qualquer pessoa. A razão para isso é simples: posso não ter todas as informações relacionadas à minha família, mas conheço suficientemente ao meu pai para apresentá-lo. Pegou a idéia? Você pode não saber de cor a genealogia de Jesus mas deve ter um relacionamento pessoal com ele que o capacite a apresentá-lo. Os apóstolos disseram desta forma: “não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4:20).

"Isto levanta a questão sobre o que temos visto e ouvido e como isto nos impulsiona à evangelização.

"Quando reduzimos a evangelização a técnicas de abordagem, a respostas inteligentes para perguntas difíceis, ou a mensagem do Evangelho a uma teoria sobre Jesus Cristo; perdemos o ponto. O Reino de Deus é relação e o Evangelho é o relato do que Deus fez (e faz!) em Cristo para viabilizar esta relação do ser humano com Deus, do ser humano consigo mesmo, do ser humano com seu próximo, do ser humano com a criação e até da criação com a própria criação. Tudo que o pecado afetou pode ser restaurado, reconciliado por meio do que Deus fez em Cristo na Cruz (Colossenses 1:19-20). E aqui estamos diante da difícil questão: é isso o que temos visto e ouvido? Todas as coisas sendo reconciliadas em Cristo! É isto que demonstra a nossa vida comunitária em nossa igreja local? É isso que apresenta minha vida, como resultado da minha decisão de seguir a Jesus Cristo?

"Chegamos ao ponto onde podemos relacionar a questão da evangelização com nossa vida devocional. Em primeiro lugar, é importante afirmar que nossa vida devocional não se limita a uma dimensão de minha vida privada restrita aos tempos tranqüilos de oração e leitura bíblica. Minha vida de comunhão com os irmãos é fundamental para uma vida devocional saudável. Fomos salvos para fazer parte de um povo, de uma nação eleita de uma comunidade. Quando oramos o Pai Nosso, devemos manter nossa atenção para o fato de que o Pai é nosso e não meu. Uma vida devocional que se imagine “independente” da qualidade de nossa relação comunitária no Corpo de Cristo, ou seja, nossa igreja local (para ser mais específico), é o mesmo que um velocista que decide usar somente uma das pernas para correr quando dispõe de duas para enfrentar seu desafio.

"Sei que viver com os irmãos no céu é glória e que viver com os mesmos irmãos na terra é outra estória, no entanto, parte da minha vida devocional é a capacidade de perdoar e de ser perdoado. Ninguém escapa do desafio de expressarmos, na história, os benefícios da cruz de Cristo, ao fazer de um grupo de pecadores um só povo. Povo que vive (deveria viver) hoje, na história, os sinais do que será perfeito um dia quando nosso Senhor retorne.

"Quando entendemos que nossa vida devocional começa primeiramente na esfera da vida comunitária, podemos dar um passo adiante para o aspecto da vida privada. Nunca é demais lembrar que esta dimensão particular da vida não significa isolacionismo individualista. Vivemos no corpo de Cristo e, mesmo quando estamos sós, ainda estamos no Corpo de Cristo. Estou frisando muito este aspecto porque creio que uma das maiores deficiências que encontramos na Igreja Evangélica no Brasil (para não falar de outros) é a compreensão que temos de vida comunitária. Confessamos que cremos na Trindade e não temos muita idéia do que isso significa para a vida da igreja. Voltando à dimensão privada da vida devocional, quero dizer que será nossa experiência diária de obediência a Jesus Cristo que nos permitirá conhecê-lo cada vez mais. Em diferentes situações e contextos, suas promessas, orientações e consolo nos levarão a uma maior intimidade com Ele.

"Perceba bem que enfoquei o aspecto obediência e não a oração e a leitura bíblica. Por que será? Porque podemos ter leitura bíblica sem obediência e oração que expressem nossos motivos errados, que visem nossos próprios prazeres (Tiago 4:3). Assim como o povo de Israel, segundo o relato do primeiro capítulo de Isaías, podemos ter uma “prática espiritual” que expresse distância de Deus e não proximidade. Uma vida devocional que expresse indiferença e não intimidade, como o que aconteceu com a Igreja em Laodicéia (Apocalipse 3:14). Se nossa vida devocional for marcada pela famosa advertência de Tiago 1:22, de sermos praticantes e não meros ouvintes (enganando-nos a nós mesmos), as promessas bíblicas indicam que seremos íntimos do Senhor. “Quem tem os meus mandamentos e os obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.” (João 14:21); “Voces serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno” (João 15:14). "Isso é tudo que precisamos: amigos de Jesus Cristo que apresentem de forma viva o que têm visto e ouvido! Aquele que no passado nos falou “muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados pelos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho” (Hebreus 1:1), e que nos dá a conhecer em sua Palavra o que nos torna sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus (II Timóteo 3:15), pois “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12).

"Devocional e Evangelismo estão portanto visceralmente ligados. Não podemos apresentar alguém que não conhecemos. Em se tratando do Senhor Jesus Cristo, não o conheceremos sem uma vida marcada pela obediência a sua Palavra. Esta vida de obediência deve ser expressa numa vida devocional, comunitária e privada, pois este Evangelho é o Evangelho da reconciliação, o Evangelho do Reino de Deus."

Ziel Machado

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