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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ano 2020: A extinção dos professores


A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES

O ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui a nove anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação: 

- Vovô, por que o mundo está acabando? 

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta: 

- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo. 

- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor? 

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar. 

- Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios? 

- Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos. 

- E como foi que eles desapareceram, vovô? 

- Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. 

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer "eu estou pagando e você tem que me ensinar", ou "para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você" ou ainda "meu pai me dá mais de mesada do que você ganha". Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo "gerenciar a relação com o aluno". Os professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral - que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. 

Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. "Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular", diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério. 

Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas "bem sucedidas" eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão - enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade. 

ATENÇÃO: Qualquer semelhança com a situação deste País ultrajado e saqueado por políticos quadrilheiros e mafiosos, não é mera coincidência.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O que ninguém jamais teria sonhado


Ora, eis que encontrando cristãos, observando-os viver – e morrer –, conversando com eles ocasionalmente, pressentia-se como que outro modo de ver, de se ver, de ver os outros, e de entrever o divino. Embora os primeiros cristãos não sejam todos virgens e mártires, aos olhos dos pagãos alguma coisa chegava a dar inveja. Havia entre aqueles cristãos como que uma presença que eles eram os únicos a sentir. Uma presença que lhes inspirava o comportamento, não apenas religioso. Mesmo entre eles, as relações pareciam diferentes. Como se nunca estivessem sozinhos. Como se aquela presença acompanhasse a todos e cada um ao longo dos seus dias e, a dar-lhes crédito, para além da morte e por toda a eternidade. Certamente, os cultos de mistério já prometiam a imortalidade, mas, naquele caso, sentia-se algo de mais íntimo; uma proximidade incomum para um deus. Havia, porém, outra coisa. A se acreditar nos cristãos, Christus se assimilara aos humanos como nenhum outro deus até então. Um de seus textos dizia: Ele plantou sua tenda entre nós, eskénosen en emìm. Assim, e isso era inconcebível, o deus Christus se fez homem a ponto de assumir o sofrimento e a morte – e em que condições! E mesmo que não o compreendessem muito bem, as pessoas descobriram, maravilhadas, que para aquele deus um ser humano importava. A vida de cada um recebia, de repente, um significado eterno no interior de um plano cósmico. E como era assim para todos e cada um, a ideia de fraternidade ganhava forma, concretizando a abstrataphilantropia dos sábios. A ideia de um deus de amor implicava a de um amor sem fronteiras. Pois, com o Cristianismo, a devoção mudou de natureza. Não era mais uma questão de ritos a serem cumpridos em momentos determinados; as pessoas não se safavam mais com uma vítima, ou com um pouquinho de incenso nas brasas. Era a si próprio que se tinha de sacrificar como Christus se sacrificara. Era preciso oferecer-se ao deus, e também aos outros, que se tornaram igualmente irmãos para serem amados como a si mesmo. Nada fácil, mas pertubador. Tudo isso, com o que ninguém jamais teria sonhado, tinha por que fascinar.

[Fonte: Luc Ferry e Lucien Jerphagnon, A tentação do Cristianismo: de seita a civilização. Editora Objetiva, 2011]

O ateu, o crente e o bicho-papão


Outro dia alguém me enviou pelo twitter a seguinte pergunta: “quando vc era criança também acreditava em bicho-papão, porque deixou de acreditar?”

Minha primeira reação foi ignorar a pergunta, formulada em tom de crítica a um tweet que postei testemunhando minha fé em Deus. Imaginei que o autor da pergunta não esperava resposta, apenas pretendia sugerir a estupidez da minha fé. Tive a mesma sensação que experimentei quando comecei a ler um texto sobre “razões porque deixei de ser crente” e o autor logo na primeira página comparou a crença em Deus à crença no Saci-Pererê. Mas, passado o ímpeto de deixar pra lá, resolvi responder, pelo menos para mim mesmo.

Minha resposta começaria afirmando que jamais acreditei em bicho-papão. O que me aterrorizava na infância eram os ciganos e o “velho do saco”. Devo isso às minhas avós, que diziam que esses homens malvados gostavam de raptar meninos desobedientes. Registro que acredito em ciganos e velhos do saco, não necessariamente como raptores de crianças, embora seja em parte verdadeiro. Mas resolvi responder como se meu imaginário infantil tivesse sido ocupado por esse tal de bicho-papão.

Eis, portanto, algumas razões porque, embora continue acreditando em Deus, deixei de acreditar em bicho-papão.

.    Não conheço nenhum adulto que acredita em bicho-papão
.    Não conheço nenhuma civilização baseada em bicho-papão
.    Não conheço nenhuma religião que considere o bicho-papão um ser divino
.    Nunca ouvi uma pessoa dizer que foi transformada pelo bicho-papão
.    O bicho-papão não constitui o dilema existencial humano desde sempre
.    Nenhuma tradição de pensamento humano se ocupa com o bicho-papão
.    Nenhum gênio da humanidade viveu atormentado por causa do bicho-papão
.    O bicho-papão não se sustenta num texto considerado sagrado por mais da metade da população mundial, escrito ao longo de 2 mil anos, por 40 autores diferentes
.    Não existe quem atribua a existência do universo ao bicho-papão
.    Jamais alguém defendeu sua fé no bicho-papão com a própria vida
.    Nenhuma das virtudes humanas é associada ao bicho-papão
.    O bicho-papão não é uma crença universal e atemporal
.    O bicho-papão não ajuda a explicar o mundo em que vivo
.    O bicho-papão não ajuda a explicar a complexidade da raça humana
.    O bicho-papão não ajuda a explicar o homem que sou
Cansei. Já passa da meia noite.

Escrito por Ed René Kivitz

terça-feira, 10 de julho de 2012

Enquanto você pensa...

Todo mundo quer a sombra dos galhos, o cheiro da flor e o sabor do fruto. Mas nem todos querem plantar a semente. Lamento, se não houver quem semeie hoje, não haverá folhas amanhã. Portanto, não cruze os braços esperando que, assim, alguma árvore vai nascer. Saia para plantar esperança.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cortesia ATEA


Imagine que certo homem de boa aparência esteja andando pelas ruas e falando sobre liberdade. As pessoas ficam realmente comovidas com seu discurso e começam a segui-lo. O homem fala sobre como a liberdade é bela, e como os homens que são contra a liberdade roubam a beleza do mundo. "A liberdade é para todos; ninguém pode tratar uma pessoa como sua propriedade", ele diz. Em uma sociedade em que homens dominassem outros homens como animais, tais palavras soariam como as palavras de um profeta, e todos os escravos desejariam que suas profecias fossem verdadeiras. Mas agora imagine esse mesmo homem chegando em sua casa, após um longo dia de apologia à liberdade: ele senta, tira seus sapatos e, de repente, um de seus escravos se aproxima para receber alguma ordem... Antes de fazer qualquer comentário sobre esse homem, adiantarei algo fundamental: esse homem é a ATEA.

Poderíamos descrevê-lo de muitas formas, chamando-o de cínico, falso ou hipócrita, mas certamente não haveria sentido em chamá-lo de vítima. Mas é quando o veem como vítima que esse homem se torna ainda mais difícil de compreender, pois a loucura sufoca o pouco que havia de sensatez em seu tipo. Ninguém conseguiria tolerar um homem que pregasse a liberdade e tivesse dez escravos acorrentados ao seu nome, especialmente se o fizesse em uma sociedade que já é livre. Ora, a ATEA faz exatamente isso: denuncia incansavelmente algo chamado intolerância, e age dia após dia de forma notadamente intolerante.

Meu único objetivo, aqui, é evidenciar essa intolerância. E eu não farei isso para que o leitor compreenda as causas da incoerência dessa associação, mas sim para que compreenda isso: que essa associação é o retrato da perversão do bom senso. Eu prometo ao leitor que essa postagem não será extensa como a primeira - Caridade ATEA [1] -, e também prometo que não estou tentando ofender ninguém. Mas defender a verdade pode ser realmente duro, o que não é desculpa para querer mascará-la com eufemismos baratos. C. S. Lewis escreveu algo que devo citar antes de qualquer outra consideração:

Quando um homem melhora, torna-se cada vez mais capaz de perceber o mal que ainda existe dentro de si. Quando um homem piora, torna-se cada vez menos capaz de captar a própria maldade. Um homem moderadamente mau sabe que não é muito bom; um homem completamente mau acha que está coberto de razão. Nós sabemos disso intuitivamente. Entendemos o sono quando estamos acordados, não quando adormecidos. Percebemos os erros de aritmética quando nossa mente está funcionando direito, não no momento em que os cometemos. Compreendemos a natureza da embriaguez quando estamos sóbrios, não quando bêbados. As pessoas boas conhecem tanto o bem quanto o mal; as pessoas más não conhecem nenhum dos dois [2].

O autor expressa aí uma verdade prática que pode ser perfeitamente ilustrada pelo caso da ATEA. Quando se lê o que é publicado na página oficial da associação no Facebook, se tem a impressão de pura desonestidade, mas também se nota que o autor dessas publicações, seja ele quem for, parece não perceber que está sendo desonesto. É possível perceber que a ATEA age como se tivesse de fato fazendo algo bom enquanto faz coisas ruins. Ela prega a liberdade, mas possui escravos: e o que é realmente notável é que ela não percebe que possui escravos, o que não a permite entender porque os outros a acusam de hipócrita ou cínica. É uma associação intolerante e preconceituosa que não admitiria ser chamada dessas coisas, e não é por acaso que muitos de seus seguidores estão sempre dispostos a defendê-la, pois eles também acham tudo que acontece ali muito normal e sensato.

Aqui está um exemplo: um rapaz conta como se tornou ateu agradece a ATEA por tê-lo ajudado nesse processo. Diz ele: "agradeço pelo trabalho de vocês, de abrirem os olhos da sociedade, porque o pior cego é aquele que não quer ver e graças a vocês eu sou uma pessoa com capacidade de fazer as coisas por mim mesmo" [3]. Não comentarei o depoimento do rapaz, já que quero apenas fornecer evidências para o que digo e evitar ser acusado de inventar algo que não existe. Mas eu direi que, se a ATEA está abrindo os olhos da sociedade, o efeito prático dessa operação é uma sociedade vesga, como se nota pelo exemplo de muitos dos seguidores da página. Muitos deles não enxergam nenhum preconceito ou intolerância ali, e quando alguém acusa a associação dessas coisas - o que é feito até mesmo por ateus -, eles acusam os acusadores de outras coisas, a fim de preservar a imagem e credibilidade da associação.

Mas acusar a ATEA de intolerante baseada em seus seguidores seria como acusar o futebol baseado em torcedores, o que não é justo e não é minha intenção. Na verdade, acredito que seria melhor para a ATEA ser julgada a partir de seus seguidores, pois a impressão que se tem é que parte deles ainda tem a cabeça no lugar, enquanto a associação em si perdeu completamente o juízo, e isso é bastante revelador. Pois a ATEA não pode fazer como comumente faz um cristão que, por exemplo, defende o cristianismo das polêmicas sobre pedofilia. O cristão poderia dizer que o cristianismo não promove tal prática, e que de fato a condena, e que não seria justo atribuir ao cristianismo a causa dos crimes desses e daqueles cristãos. Ora, nem os seguidores nem os responsáveis pela ATEA poderiam fazer algo do tipo: pois são justamente os responsáveis por ela que fazem generalizações como "todo religioso é estúpido". Ninguém ali tem o direito de dizer: "Não! Veja bem: isso foi dito apenas por um seguidor, mas não reflete a ética da associação". Isso seria uma grande mentira, e eu mostrarei por quê.

Analisemos algumas publicações da ATEA no Facebook. Deixarei o link para as imagens, mas caso alguma acabe sendo removida, o leitor poderá encontrar nas referências um printscreen de cada uma delas. Eu deveria ter feito isso com todos os links salvos no rascunho dessa postagem, porque algumas postagens foram removidas e se perderam - por exemplo, uma publicação de dia das mães, 13 de maio, feita pela ATEA, uma das mais ofensivas que eu já vi, que provavelmente fora removida por denúncias. A página Anti-ateísmo republicou a mesma postagem [4], com a diferença de ter adicionado tarjas pretas ao conteúdo e uma legenda em repúdio à atitude da ATEA. Esse tipo de ofensa é exatamente a evidência que suporta tudo que foi dito até aqui, e agora apresentarei mais exemplos.

Comecemos com uma imagem sobre criacionistas [5]. Vemos nela duas definições sobre criacionistas: o fanático, que é "o idiota que acredita que Deus criou o mundo há seis mil anos"; e o moderado, que é "o idiota que acredita na mesma coisa, mas pensa que foi há mais tempo". Ou seja, se você acredita que Deus criou o mundo, você é um idiota. Todo teísta é, portanto, um idiota - o que os responsáveis pela ATEA devem considerar um elogio, levando em conta outras características que atribuem aos crentes em geral. Eu não farei considerações com a finalidade de "refutar" cada imagem comentada, pois meu objetivo é, repito, apenas evidenciar o quão intolerante e preconceituosa é a ATEA.

Agora, eu não sei se a associação tem algum problema particular com a Virgem e com o Papa Bento XVI, mas ela certamente aprecia ofender ambos várias vezes. Insinua, ou melhor, afirma com todas as letras, que a Mãe de Deus tenha fora um traidora [6][7], e se lermos os comentários, encontraremos dezenas de mensagens de apoio às publicações. Um usuário diz que ateus não precisam "ser ofensivos contra outras religiões" para sustentarem seu ateísmo. "Mas, convenhamos... É divertido!", conclui ele. Essas são, aparentemente, as pessoas racionais e superiores que só o ateísmo é capaz de produzir. Quanto às imagens direcionadas ao Papa Bento, são sugestões de que é pedófilo ou de que apoia e encobre a pedofilia [8][9][10]. E eles nunca fornecem evidências para as acusações: apenas afirmam; simplesmente "não perdem a piada".

Também não poderia faltar uma promoção da utopia marxista [11]. "Um mundo sem religiões... seria bem melhor!", eles dizem. Ora, e depois reclamam quando um cristão diz a mesma coisa sobre o ateísmo associando-o aos regimes comunistas, como se a desculpa esfarrapada de que aquilo "não foi em nome do ateísmo" resolvesse o problema. Se a acusação cristã é injusta e se os crimes comunistas não tivessem relação com o ateísmo - o que é mentira -, a ATEA não teria o direito de reclamar de nada, pois está utilizando estereótipos e fazendo generalizações absurdas para chocar sua audiência e quem mais veja suas imagens.

No entanto, nada disso se compara aos ataques direcionados a Cristo. Eles são abundantes: extremamente abundantes, e ocorrem diariamente. Não acredita? Acesse o Mural de fotos da página oficial e veja por conta própria. Em um deles [12], com uma imagem de Jesus sendo crucificado no filme A Paixão de Cristo [13], lemos que "esta pessoa", Jesus, "foi vítima de espancamento por ser homossexual. O Facebook doará 0,50 centavos para cada compartilhamento desta foto". E o que nós, cristãos, temos que fazer? Rir do humor arrojado da ATEA? Nós podemos denunciar a página, e devemos fazê-lo, mas nesse momento eu gostaria apenas de ressaltar uma grande ironia.

A ATEA tem o hábito de questionar o quão injusto é o cristianismo, que, segundo eles, condena os ateus ao inferno pela "mera descrença" [14]. Agora, supondo que isso fosse verdadeiro, será que essas pessoas são tão doentes a ponto de acreditar que todas essas ofensas diretas, todo esse escárnio e desprezo podem ser traduzidos como "mera descrença"? Como que ridicularizar o cristianismo diariamente e agir de forma tão desrespeitosa a tudo que é sagrado para os cristãos pode ser considerado "mera descrença"? Vocês percebem o quão apropriadas são as palavras de C. S. Lewis? Alguém sustentaria, após esses poucos exemplos, que é injusta a minha acusação de que a ATEA é uma associação perversa? A verdade é que fui bastante gentil: trata-se de uma associação criminosa, que curiosamente se propõe a lutar pela lei, "pelo Estado realmente laico".

Quando a associação publicou uma versão forjada de uma história da Turma da Mônica [15], intitulada "O Trauma", muitas pessoas ficaram confusas, e pensaram inclusive que a tira fosse de Maurício de Souza, já que consta sua assinatura no embuste. A ATEA não incluiu nenhuma descrição esclarecendo a imagem, e ali se lê apenas "Cebolinha em O Trauma". Não duvido que a imagem tenha sido fabricada para aparentar ser real e fazer com que as pessoas acreditassem que os problemas de Cebolinha se devessem a um abuso por parte de um padre. O plano foi bem sucedido, pelo que se percebe nos comentários de algumas pessoas. Desmascararam a ATEA no Fórum Realidade [16], mas é óbvio que muito mais pessoas viram apenas a versão falsa, e a ATEA não aparentou ter a menor preocupação com a verdade, já que em nenhum momento se manifestou para encerrar a discussão.


Essa é a honestidade da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos. Mas, obviamente, guardei o "melhor" para o final. Nada se compara a essa última imagem em termos de desonestidade e estupidez. Em uma mistura de mau-caratismo e imbecilidade típicas, a ATEA conseguiu produzir algo único e inacreditável. Em uma imagem bizarra, juntou uma cruz com a suástica, botou o rosto de Jesus em um uniforme nazista e citou uma frase dita em uma parábola, de modo que pareça que Jesus esteja ordenando a morte de quem quer que o recuse [17]. E muitas pessoas caíram na armadilha: começaram a comentar ironicamente sobre a bondade de Jesus, como se estivessem dando um tapa doloroso na cara dos cristãos. Mas se alguém levou um tapa nessa história, foi uma senhora chamada Justiça. E não foi um tapa só: a imagem já foi removida uma vez, por denúncias, mas a ATEA a republicou na semana passada, 26 de junho.

O leitor poderia desconfiar que essa amostra de imagens não represente a maioria das postagens da ATEA, que passam dos milhares. Mas, novamente, eu sugiro que acesse as Fotos do mural da página oficial da associação, o que permitirá ao leitor perceber que em geral as postagens são ainda piores. Também não culparia o leitor que pensasse que, afinal, essa associação possa parecer um agente do diabo ou algo do tipo, mas já ouvi dizer que o diabo possui uma inteligência peculiar, e se podemos afirmar algo sobre a ATEA com segurança, é isso: que é uma associação enraizada na estupidez, cujos frutos tem sabor de imbecilidade. Mas sobre esse aspecto falarei na próxima postagem dessa série, à qual chamarei Sabedoria ATEA.

Por fim, pergunto: quem, diante de tudo isso, levará a sério uma matéria sobre a ATEA que diz "movimento ateísta quer acabar com preconceito"? [18] Mais que isso: quem levará a sério a própria ATEA quando diz: "Combatemos a intolerância. E enquanto a religião usar da intolerância para se manter, então combateremos a religião"? [19] Por acaso a ATEA parece uma instituição tolerante e livre de preconceitos? Acredito que o meu ponto esteja sólido, mas gostaria de sugerir ao leitor que não apenas leia tudo isso e fique indignado com a associação: lembre-se de, acima de tudo, denunciar todos esses abusos criminosos, sempre que for possível.


Referências:
  1. Caos & Regresso, Caridade ATEA. Disponível em caosdinamico.com.
  2. C. S. Lewis, Cristianismo puro e simples, trad. de Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolia. São Paulo: Martins Fontes, 2008, págs. 44-5.
  3. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 2 de julho de 2012. Disponível emfacebook.com. Veja outros exemplos, como esse, na timeline da página.
  4. Anti-ateísmo (anti-atheism), 13 de maio de 2012. Disponível em facebook.com.
  5. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 14 de junho de 2012. Disponível emfacebook.com (printscreen).
  6. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 12 de maio de 2012. Disponível em facebook.com (printscreen).
  7. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 14 de maio de 2012. Disponível emfacebook.com (printscreen).
  8. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 21 de junho de 2012. Disponível emfacebook.com (printscreen).
  9. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 16 de abril de 2012. Disponível emfacebook.com (printscreen).
  10. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 20 de abril de 2012. Disponível emfacebook.com (printscreen).
  11. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 20 de abril de 2012. Disponível em facebook.com (printscreen).
  12. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 31 de março de 2012. Disponível em facebook.com (printscreen).
  13. Mel Gibson, The Passion of the Christ, 2004. Disponível em imdb.com.
  14. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 18 de junho de 2012. Disponível em facebook.com.
  15. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 29 de maio de 2012. Disponível em facebook.com.
  16. Fórum Realidade, "ATEA pede dízimo para fazer histórias falsas da Mônica", 29 de maio de 2012. Disponível em realidade.org.
  17. ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, 31 de março de 2012. Disponível em facebook.com (printscreen).
  18. Revista Viver Brasil, "Direito de não ter fé". Disponível em revistaviverbrasil.com.
  19. A ATEA removeu a imagem original, mas ela está disponível em um prinscreen utilizado em uma imagem-resposta de nossa página: 14 de junho de 2012. Disponível em facebook.com.

Utopias nem tão utópicas



Viajar é olhar-se para dentro, nos espelhos de fora. Só viajando conheço minhas próprias limitações e minhas misérias, como também minhas fortalezas e aquilo que posso dar.

Por extensão, só vendo além do nosso nariz, podemos entender quem somos como povo. Que pedantismos nos nascem e que insignificâncias nos envergonham. De que grandezas somos capazes e com que capital humano contamos.

Claro que não é viajar por viajar, de férias-sol-praia, tiquete e pacote turístico e pronto. Temos que estar maduros para poder receber e suficientemente abertos para suportar a imagem que o espelho nos devolve.

Também não é absolutamente indispensável a viagem de corpo presente. Basta viajar com a imaginação através da leitura de um bom livro e – por que não- de artigos na web. Mas isto não é conforto por ser mal de muitos. É só o princípio. 


É objetivo traçado, objetivo cumprido. Só quem diz “Não posso”, é que nunca chega.

Tem que se impor metas na vida. “Sem utopias, a vida seria um ensaio para a morte”, diz o cantante e poeta espanhol Joan Manuel Serrat. 

Conhecer, apenas, este mundo: essa é minha utopia.



terça-feira, 19 de junho de 2012

O medo triunfa, mas a esperança continua (Fear triumphs, but hope continues)

A Troika suspira aliviada. Haverá um governo pró-Memorando novo na Grécia. O elo mais fraco da zona Euro não rompeu. A oligarquia financeira viveu alguns dias preocupantes, como se um fantasma voltasse para assombrá-la. Mas ontem ganhou algum tempo, dando uma base precária para uma armação em colapso. Mas o fantasma voltou para ficar.
A realidade é que as crises econômica e social foram transformadas em uma crise política generalizada, em termos gramscianos uma crise de hegemonia e uma “crise orgânica do Estado”. As políticas de ajuste estrutural implodiram o sistema tradicional de partidos da Grécia e a brecha aberta não vai ser facilmente fechada.
O medo, alimentado por uma verdadeira campanha midiática de terror da direita e da chantagem neocolonial da Troika, triunfou sobre a esperança. Mas a alegria da Troika pode ser efêmera. O novo governo será fraco, formado por partidos desacreditados e sem legitimidade, e terá a tarefa de continuar com as políticas impopulares, que levarão a novas e decisivas mobilizações. A declaração do candidato da Nova Democracia, Samaras, ao reconhecer a vitória, falando de voltar ao “caminho da prosperidade”, foi pouco mais do que um exercício de cinismo e em breve será desmentida pela realidade.
Ausência de futuro. Eis tudo o que as políticas da Troika oferecem ao povo grego. Apesar do cansaço por dois anos de tenaz resistência, este povo decidiu não morrer sem lutar, nem abandonar a sua indignação. A partir do acúmulo de derrotas, o povo grego, paradoxalmente, recuperou sua melhor arma – a confiança na capacidade de vencer.
A ascensão da Syriza, a partir das cinzas de um PASOK quebrado e arruinado, se baseia em sua capacidade de combinar credibilidade política e social com credibilidade eleitoral, num contexto de revolta social prolongada. A chave para seu sucesso está em ter aparecido como uma formação “distinta”, que não está maculada no que diz respeito à colaboração com os cortes, ao contrário do PASOK, e que não foi responsável por governar regiões e municípios, executando cortes por lá. Sua proposta de formação de um governo anti-Memorando de esquerda, apresentada durante a campanha para as eleições de 6 de Maio, foi a alavanca que impulsionou-a eleitoralmente e mudou as coordenadas do debate eleitoral. De repente, a possibilidade de um “governo de esquerda” apareceu como um caminho preciso e viável para fora do pesadelo dos cortes, como uma fórmula quase mágica para uma parte do povo grego imerso na miséria.
O crescimento positivo e impressionante de Syriza deu um raio de esperança para os trabalhadores gregos, mas também capturou a imaginação da esquerda européia, carente de referências e experiências práticas bem sucedidas e consciente de que a batalha mais decisiva do continente contra os planos do capital financeiro está acontecendo na Grécia. É importante, entretanto, não idealizar de forma acrítica Syriza, uma coligação plural em que coexistem orientações distintas – algumas delas muito moderadas, outras consistentemente anti-capitalistas. Suas fraquezas em termos de organização e implantação social são enormes e as suas propostas programáticas e discurso político apresentam limitações significativas e inconsistências. De 6 de maio até 17 de junho, houve um ligeiro deslocamento nas propostas da Syriza sobre o memorando, a dívida e outras questões-chave, em direção a formulações um pouco mais ambíguas e menos rupturistas, mantendo um perfil claro de oposição à lógica do ajuste estrutural, que sustenta a sua credibilidade política e identidade.
Neste novo cenário, o fortalecimento da auto-organização nos bairros e locais de trabalho continua a ser a variável-chave, pois não pode haver ruptura com as políticas de ajuste estrutural sem uma sociedade mobilizada e organizada. Nesta nova etapa, é também uma tarefa fundamental, para aqueles que se opõem ao governo Samaras, a busca por formas de unidade e colaboração entre os componentes principais da esquerda grega, em particular entre Syriza e a coalizão anti-capitalista Antarsya – eleitoralmente fraca (0,33% ontem), mas com uma implantação social igual ou maior do que a da Syriza -, sem esquecer o KKE (4,4% ontem), o principal partido de esquerda em termos de militantes e cujas políticas sectárias, praticadas até agora, claramente falharam.
“O futuro não pertence ao medo, mas aos portadores da esperança”, disse Tsipras ontem, depois de saber os resultados. Em seu último discurso diante de centenas de adeptos e seguidores, um pouco decepcionado frente ao que poderia ter acontecido, mas consciente de que a luta é longa, ele atacou fortemente os cortes e ressaltou a necessidade de continuar a mobilização. Uma batalha foi perdida ontem, mas a guerra está longe do fim. Quando Tzipras terminou seu discurso, a voz de Patti Smith foi ouvida através dos altofalantes, enviando uma mensagem direta à Troika – “As pessoas têm o poder”.
Atenas, 18 de junho de 2012.
Josep María Antentas é membro do conselho editorial da revista Viento Sur e professor de sociologia na Universidade Autônoma de Barcelona.



sábado, 2 de junho de 2012

Ceará. 98 anos de paixão

Dois de Junho de 1914.

Nascia nesta data o Ceará Sporting Club. Um clube criado sob a luz de um lampião, para ser o rei deste esporte bretão. Pois bem, esta equipe nasceu, cresceu, se desenvolveu. E então aquele clube, criado por alguns humildes jovens moços, se transformou no maior time do Estado. Não, do Brasil!


Um clube cheio de títulos e glórias. Eu vou contar. 41 títulos, Tetra Cearense, Penta Campeão Cearense. Sem contar que este time ostenta com orgulho a faixa de campeão norte-nordeste.

Um clube que já passou por momentos difíceis, mas que, na contra-mão dos outros, só cresceu nestes momentos. Cresceu com o apoio da torcida, na qual tem uma força sem igual. Uma torcida que é alegria, de muita fé e esperança.

Um clube com sua gigantesca e Fiel Torcida. Torcida não, uma verdadeira Nação. Uma Nação apaixonada, fanática. Uma Nação presente em todo mundo, mas que mesmo à distância, não deixa de amar o Nosso Glorioso Vozão. Pois em todo lugar, em cada esquina, sempre tem um alvinegro.

Um clube capaz de mover multidões. Um time que promoveu verdadeiras invasões, nos quatro cantos do nosso estado. Que levou seus fiéis a acompanha-lo por vários lugares. Mesmo se o jogo é fora, em qualquer canto do Brasil.

Um clube amado por uma nação sofrida, mas apaixonada. Uma nação alvinegra e sofredora. Graças a Deus! Que quando o Ceará joga, está lá. Pulando e gritando Ceará. Na vitória. Ou na derrota.

Um clube que é orgulho de todos os desportistas, sejam daqueles que estão com o Ceará em todo lugar, sejam daqueles que só acompanham o glorioso do seu sofá. Orgulho dos amantes do futebol, daqueles que admiram a arte. E com certeza, orgulho dos nossos rivais também. Orgulho que eles tem de ter uma equipe desta grandeza como seu adversário.

domingo, 15 de abril de 2012

Buenos Aires - Argentina.





“ese vagar sin rumbo por nuestra mayúscula América, me ha cambiado más de lo que creí”
ou:
“Esse vagar sem rumo pela nossa grande América, me mudou mais do que imaginava”
Ernesto “Che” Guevara, Argentina, 1952.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Imagens de uma noite de Copa do Brasil







Copa do Brasil
CEARÁ 2 X 2 PARANÁ
Ceará: Fernando Henrique; Apodi, Thiego, Potiguar e Márcio Careca; Heleno, Everton (Rogerinho), Reina (Misael) e Eusébio; Mota (Romário) e Felipe Azevedo. Técnico: PC Gusmão
Paraná: Luiz Carlos; Paulo Henrique, André Vinicius, Alex Bruno e Henrique Ávila; Alex Alves, Elias (Henrique Alemão), Douglas Packer e Wendell; Nilson (Douglas) e Luisinho (Maicon). Técnico: Ricardinho
Local: Estádio Presidente Vargas
Data: 11/4/2012
Árbitro: Arilson Bispo da Anunciação (BA)
Assistentes: Marcos Rocha (BA) e José Nilton da Costa (PI)
Cartões amarelos: Eusébio (C), Douglas Packer (P), Elias (P), André Vinicius (P), Alex Alves (P), Luiz Carlos (P), Maicon (P)
Gols: Felipe Azevedo, aos 11min, Nilson, aos 21min do 1º tempo; Luisinho, aos 14min, Romário, aos 33min do 2º tempo.

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O que era aquele mosaico, hein? Pfff... Teve até amarelo, lá naquela marmota. Você sabe que sou isento, e que entendo de imagem, né? Quando a TUF passou a usar o branco como cor predominante eu elogiei, até porque azul e vermelho juntos é a coisa mais feia do mundo - já viu alguém vestido assim e ficar elegante? No mestrado de design o Professor David Kelly, conhecido mundialmente (vá no You Tube e veja a fera, que, por acaso, ama futebol) demonstrou que azul e vermelho é uma das combinações menos harmônicas e que menos favorece a identificação de signos, formatos e desenhos (e preto branco é o perfeito contraste e harmonia). Usar o branco é uma maneira de suavizar esse defeito, e a TUF acertou nisso. Nesse época a Cearamor começou a adotar o preto, cor mais elegante de todas.

Acho que esse negócio de amarelo parece que é por culpa da dieta com deficiência de manga. Um delírio. A propósito, coisas como "Barcelona do NE" (talvez venha daí o amarelo), "Geraldo faz alvinegro sofrer" e "Rogerinho no FEC" são manifestações de loucura. Aquele nosso amigo comum, tricolor típico, a partir de hoje só lembra do público contra o Náutico... já postou até no facebook. Vá olhar.

Falando sério, claro que não é "deficiência de manga". A torcida do FEC, como clube de massa, só começou a crescer nos anos 2000, por força do acesso e da TV, e só lota qualquer estádio na base da promoção. Gente nova demais. Veja o vídeo do Fortaleza campeão em 1983, no YouTube e chegue às suas conclusões (nos anos 70, a torcida tricolor rivalizava com a do Ferrim). 

São meio de moda, meio de empolgação, e não veem problema em sair da razão. Os que são mais fanáticos tem no Ceará a razão de ser. Conhecemos alguns conscientes, mas a maioria - e isso não é preconceito, pelo contrário - é meio adolescente nas atitudes, meio raivosa, e está meio tonta porque o Ceará recuperou sua grandeza. Falam de Hexa (pfff...) , negam o Penta, mas sequer resvalam no fato de que o Penta estava em duas revistas deles. E que é incotroverso, até para o Nirez, nosso maior historiador hoje, que é tricolor. Evitam falar do gol do Zezinho. Não lembram que, nas goleadas sofridas altivamente em 2006, o Ceará terminou com dois a menos em campo. E foi campeão.

Em suma, não é ridículo, para eles, quererem ser o que nunca foram (até "Nordestão" a mais inventam, sabia? Você deve saber). Não é ridículo, para eles, ser ridículo.

Deus me livre, que o Fortaleza fosse, ainda, o líder. Deus me livre que eles colocassem mais gente no estádio sem promoção. Que fossem melhor colocados no ranking da CBF e da Placar. Que as duas últimas pesquisas dissessem que tem mais torcida. Que estivessem em uma divisão acima. Que tivessem mais títulos. Quando o Fortaleza estava na frente você lembra, né? Todo dia tinha, no facebook, essa história de "Líder".

Bom, falando do que importa, ouvi que o Ceará fez 37 finalizações e o Paraná 5? E conseguiu empatar! Caraca, parece muito com o Fortaleza mesmo, ó! Até nas cores.

Menos pelo amarelo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Perdas e danos


MILLÔR FERNANDES & CHICO ANYSIO




Por Alberto Dines em 01/04/2012 na edição 687

Reproduzido do Diário de S.Paulo, 1/4/2012


Com dias de diferença apagaram-se dois poderosos fachos de luz, duas pilhas de inteligência. Contraditórios, opostos, singulares, ímpares e pares. Iguais: escolheram o riso como ferramenta, mas rir não se resume à mera contração de músculos da face, é uma demonstração espontânea de alegria, satisfação, prazer íntimo ou coletivo. Em qualquer dos seus níveis – do sorriso à gargalhada – independente do seu teor – ironia, sarcasmo, deboche, graça – o riso é uma infalível arma de destruição da arrogância e do rancor.
Chico Anysio e Millôr Fernandes foram mais do que humoristas. O cearense foi ele próprio o veículo dos seus achados antropológicos, primeiro no rádio, depois teatro e televisão. Com aquele corpo mirrado e olhos arregalados veiculou uma magistral galeria de mais de 200 personagens, impagável retrato das mazelas brasileiras.
O carioca Millor serviu-se do desenho e da palavra para nos fazer pensantes. Filósofo que dialogou com ele mesmo para derrubar fraudes, equívocos, lorotas. Usou linhas, tintas, penas, lápis, máquinas. Despreocupado com maquinetas nos fez herdeiros de um formidável acervo de dúvidas e incredulidades.
Tarefas e quantias
Dois artistas praticamente da mesma geração, possivelmente se cruzaram em alguma praia, palco, botequim. Jamais em comícios: faziam política numa esfera superior, perene, militantes de uma causa que poucos têm estofo para abraçar: a independência.
Crias de um mesmo Rio de Janeiro hoje evaporado, momento urbano indizível. Irreproduzível no tempo e no espaço. Nem suas cinzas esvoaçam juntas. Melhor assim: espalhadas, derrubarão mais farsas e solenidades. Resistiram à Parca, sofreram, não mereciam. Numa terra onde as perdas são disfarçadas Chico e Millôr serão incorporados ao panteão dos que incomodam. E lá ficarão para sempre.
Qual dos dois forjou esta arrasadora sátira onde um moralista com o mesmo nome do sublime orador grego desaba desmoralizado perante a multidão incrédula?
A história do até-agora-senador Demóstenes Torres é tragicômica, joco-séria, pastelão mórbido. Veio do impoluto Ministério Público, procurador geral e secretário de Segurança de Goiás, senador da República, presidente da Comissão de Constituição e Justiça, líder do DEM na Câmara Alta, incansável caçador de corruptos, chegou a ser considerado uma das 100 personalidades mais influentes do país.
De repente despenca, enredado na quadrilha do contraventor-mor, Carlinhos Cachoeira. Incrível o volume de menções ao seu nome em gravações legais com referências explícitas a tarefas e quantias recebidas. Seu mandato está ameaçado, carreira política praticamente encerrada.
Em falta
Coisas do livre-arbítrio. Mas o dano é irreparável no plano moral e institucional. Uma sociedade dominada pelo ceticismo e desanimada diante do elenco de nulidades que se exibe no pódio está sendo empurrada inexoravelmente para o abismo da descrença onde geralmente costumam germinar indignações e revolta.
O senador Torres comprometeu o país, sua capacidade de superação e regeneração, pisoteou os valores que cimentam uma nação. Demóstenes, o grego gago, fez da eloqüência uma arte, este homônimo nos empurra para a chacota.
A verve de Chico Anysio e Millôr Fernandes já faz falta.

sábado, 31 de março de 2012

Meu ofício




Devo, logo existo


Acabo de ouvir Zigmunt Bauman por 30 minutos, em entrevista concedida a Sílio Boccanera, para o Programa Milêmio, da GloboNews.

Dos interessantes comentários a respeito do que Bauman chama de “revolução cultural”, tive alguns insights. Na verdade, dois. E ambos parafraseando o “penso, logo existo” de Descartes. Vivemos dias de “devo, logo existo”. Bauman disse que na sociedade capitalista quem não consome, não existe. Deixamos para trás a caderneta de poupança: “consiga o dinheiro e compre o que que quiser”, e migramos para o cartão de crédito: “compre o que quiser e depois consiga o dinheiro para pagar”. O resultado dessa mudança de paradigma de consumo é a dívida. Mudou o ditado. Antes se dizia “quem não deve, não teme”, hoje se diz “quem não deve, não existe”, pois quem não deve não interessa aos donos do crédito. E quem não interessa aos donos do crédito está alijado da sociedade.

Além de “devo, logo existo”, vivemos dias de “sou visto, logo existo”. Essa é a versão imposta pela tirania das redes sociais. Quem não tem twitterblog,facebook está fora do horizonte de convívio social, cada vez mais virtual. A vida on-line substituiu a vida off-line. Vai crescendo o número de pessoas que deixam de existir assim que fecham seus computadores e desligam seus smartphones. Aliás, o mundo vai se enchendo de gente que jamais fecha o computador ou desliga o smartphone. Apavoradas com a possibilidades de não serem vistas, isto é, não receber comentários e recados no facebook, e não ver sua coluna de mentions do twitter crescer, as pessoas temem deixar de existir.

E Bauman conclui como somente os sábios: “não tenho capacidade nem conhecimento para avaliar o que isso significa nem como vai ser o futuro”. A entrevista se encerra com Bauman encolhendo os ombros e virando os beiços como quem diz “e agora, José?”.

Ed René Kivitz



segunda-feira, 19 de março de 2012

João Pedro 0.3


Só deu McQueen nos parabéns do João Pedro
 
Poxa, como o tempo passou rápido. Domingo (18/03) o João Pedro veio a capital do Ceará, celebrar seus três aninhos. Tantas cidades já foram palcos para celebrar (Natal, Salvador e agora Fortaleza).

Muita coisa mudou. Muita coisa continua igual, porém diferente. Muita coisa nova aconteceu. As contingências da vida sempre virão, no entanto, somos convidados pelo Criador a celebrar assim: Sorrindo.

Parabéns João Pedro, 3 anos. Muita saúde e sabedoria.

Thiago.