Igreja não vota. Igreja não faz aliança política. Igreja não apoia candidato. Igreja não se envolve com política partidária. Há pelo menos cinco razões para este posicionamento.
Primeira: o Estado é laico. Igreja e Estado são instituições distintas e autônomas entre si. É inadmissível que, em nome da religião, os cidadãos livres sofram pressões ideológicas. Assim como é deplorável que os religiosos livres sofram pressões ideológicas perpetradas pelo Estado. É incoerente que um Estado de Direito tenha feriados santos, expressões religiosas gravadas em suas cédulas de dinheiro, espaços e recursos públicos loteados entre segmentos religiosos institucionais. É uma vergonha que líderes espirituais emprestem sua credibilidade em questão de fé para servir aos interesses efêmeros e dúbios (em termos de postulados ideológicos e valores morais) da política eleitoral ou eleitoreira.
Segunda: o voto é uma prerrogativa do cidadão. Assim como os clubes de futebol, as organizações não governamentais, as entidades de classe, as associações culturais e as instituições filantrópicas não votam, também a igreja não vota. Quem vota é o cidadão. O cidadão pode ser influenciado, melhor seria, educado, por todos os segmentos organizados da sociedade civil, inclusive a igreja. Mas quem vota é o cidadão.
Terceira: a igreja é um espaço democrático. A igreja é lugar para todos os cidadãos, independentemente de raça, sexo, classe social e, no caso, opção política. A igreja é lugar do vereador de um lado, do deputado de outro lado, e do senador que não sabe de que lado está. A igreja que abraça uma candidatura específica ou faz uma aliança partidária, direta e indiretamente rejeita e marginaliza aqueles dentre seu rebanho que fizeram opções diferentes.
Quarta: a igreja não tem autoridade histórica para se envolver em política. Na verdade, não se trata apenas de uma questão a respeito da igreja cristã, mas de toda e qualquer expressão religiosa institucional. A mistura entre política e religião é responsável pelos maiores males da história da humanidade. Os católicos na Península Ibérica e em toda a Europa Ocidental. Os protestantes na Índia. Os católicos e os protestantes na Irlanda. Os judeus no Oriente Médio. Os islâmicos na Europa e na América. Todos estes cometeram o pior dos crimes: matar em nome de Deus. Saramago disse com propriedade que “as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana”.
Quinta: o papel social da igreja é profético. Quando o governo acerta a igreja aplaude. Quando o governo erra a igreja denuncia. Quando a autoridade civil cumpre seu papel institucional a igreja acata. Quando a autoridade civil trai seu papel institucional a igreja se rebela. A igreja não está do lado do governo, nem da oposição. A igreja está do lado da justiça.
Todo cristão é também cidadão. Todo cristão deve exercer sua cidadania à luz dos valores do reino de Deus e do melhor e máximo possível da ética cristã, somando forças em todos os processos solidários, e engajado em todos os movimentos de justiça.
Comparecer às urnas é um ato intransferível de cidadania, um direito inalienável que custou caro às gerações do passado recente do Brasil, e uma oportunidade de cooperar, ainda que de maneira mínima, na construção de uma sociedade livre, justa e pacífica.
Ed René Kivitz
Um comentário:
meu caro tiago, sou edélvio coêlho lindoso, em manaus.
sou solidário a tudo em s/explanação, laicidade total no estado, essa separação entre estado e igreja, data de 1789, revolução francesa ou republicana. muito sangue correu. desta época tb é o adágio: cada povo tm o govêrno q mrc, cunhado oelo conde joseph-marie de maistre, escritor, diplomata, advogado e católico extremado, q aceitava a monarquia, desde q abençoada pelo papa, e ñ acreditava na república.
acredito q todo humano é religioso nato, por fôrça do instinto, por mêdo do escuro; se se puser 1 criança só, p/hipótese, e ela sôbrexistir, criará inevitàvelmente, 1 ligação c/seu criador, por necessidade do espírito. criará tb tábuas de valores morais.
o maior impecilho p/a paz social é a religião institucionalizada; se isto fôsse substituido po congregações q estimulassem e ensinassem comportamento moral, tb estendidas a reuniões domésticas, aí sim, o resultado seria altamente positivo, ensinando o repeito à si e ao outro, ao seu patrimônio e do outro, enfim ao trânsito social ordeiro, s/rituais, s/mantras, s/líderes,
o homem é tb dual por natureza, é orientado pelo fundo e a forma, sendo q o 1º sôbre põe-se ao 2º.
alá, senhor e jeová são sobrepujados por DEUS, ai estão a forma e o fundo.
povos apascentados, israel e palestina convivendo, em vez de tanqs, tratores.
caro tiago, ñ sei c/foi, mas sei q é assim.
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