Quem sou eu ?

Minha foto
Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

sábado, 3 de julho de 2010

E a Copa do Mundo começou. Nada mais importa. (6)


O futebol tem o poder de aprisionar o tempo. Só um jogo de futebol, e somente ele, nos dá a noção quase imediata do que é passado, presente e futuro. Porque o passado a gente costuma esquecer, o presente nunca parece o suficiente, o futuro é algo tão distante e incerto que quando ele chega, a gente não percebe.




No futebol, não. Quando começa um jogo, aqueles minutos em que você ficou na arquibancada esperando começar passam imediatamente a fazer parte do passado, e você sabe disso. A bola na trave é passado, e você sabe disso no chute seguinte, aquele que o goleiro pegou. Esse é o presente, o goleiro pegou. E será passado de novo no próximo gol perdido, no impedimento mal marcado, na falta que não foi.



O jogo está zero a zero, e você sabe que dali a uma hora, 30 minutos, 15, o futuro terá chegado, e não será zero a zero, talvez até seja, mas você saberá que ele, o futuro, chegou, e não é um futuro distante, longínquo e imprevisível, não haverá incerteza alguma quando o juiz apitar, num jogo de futebol o futuro tem hora para chegar, e você pode, então, abraçar todas as dimensões do tempo que são incompreensíveis fora de um estádio.



Futebol não tem outra importância que não seja essa, a chance de viver uma alegria instantânea que dali a alguns minutos pode ser a maior das tristezas, esse jogo de passado-presente-futuro que se resolve em 90 minutos, com um intervalo para respirar.



Ontem fui o mais feliz dos seres humanos a cada gol do meu time, a cada gol do outro, e o pior dos miseráveis quando tudo acabou, quando o futuro chegou. É só um campeonato, uma bola e um gramado, já passou, é passado, mas na hora em que vi esse menino chorando no jornal, a dor voltou para o presente, porque a graça está aí: sorrir, chorar, sorrir, sofrer, e depois esquecer.



Porque a gente sempre esquece, daqui a pouco começa outro campeonato, o sorriso volta, as lágrimas ficam para trás, não há nada, mesmo, mais parecido com a vida do que um jogo de futebol. O menino da foto, os meus meninos que estavam do lado dele debaixo de chuva, todos os meninos do mundo aprendem a viver assim.



Texto escrito pelo Jornalista da ESPN Brasil Flávio Gomes, torcedor da Portuguesa, depois de mais uma uma classificação no campeonato paulista, mas sua reflexão sobre o futebol vale a pena.

Nenhum comentário: