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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Esta geração.


O psicanalista Contardo Calligaris acaba de escrever seu primeiro romance: "O conto do amor". Como colunista do Jornal Folha de São Paulo, tem treinado semanalmente sua escrita, que já é deliciosa. Contudo, me chamou a atenção o que ele coloca na voz de sua personagem, Bice:
Parecia-me que suas escolhas eram ditadas por uma única razão: ele não conseguia achar graça na vida como ela é. (...) Para que a vida tivesse graça, era como se ele precisasse brincar com fogo. Há uma geração, Pinin, que perdeu o entusiasmo de viver. Eles não conseguem encontrar nas esquinas do dia-a-dia o punhado de aventura que é necessário para colorir a vida. Pagam qualquer preço para se envolver numa história que lhes dê a ilusão de fazer parte da história".
Ao ler o noticiário, assim a um jornal televisivo, é difícil não receber notícias que nos apontem indícios dessa geração. O que dizer, por exemplo, do aumento da violência e sua banalização, especialmente, entre os jovens?
Parece-me certeiro alguns palpites de Calligaris, tão singelamente expressos - a necessidade, quase patológica, de brincar com fogo; a perda de entusiasmo de viver, isto é, concluir que a vida é sem graça demais, e portanto, pouco vale; o envolvimento em alguns episódios que pode lhes trazer a falsa sensação de que fazem parte da História.
Há décadas atrás, Paul Tournier (em seu livro L'aventure de la Vie), já dizia que no ser humano "há uma necessidade de expansão que é inerente à vida, uma necessidade de aventura pessoal que é própria do homem, uma necessidade de absoluto que, em última instância, expressa uma sede de Deus".
Será que um sintoma dessa geração seria justamente perversão de aventuras existenciais ou a apatia em relação a elas? Como entendermos nosso contexto? Como ouvimos os gemidos dessas juventudes?
Parece que o desafio nos está posto. E a exemplo de Davi - o homem segundo o coração de Deus - podemos servir ao propósito de Deus em nossa geração (At. 13.36).
Se não compreendermos as diversas expressões de sede de Deus que os jovens têm mostrado, se nos posicionarmos em mera crítica à distância, se optarmos pela alienação, estaremos fugindo ao propósito de Deus, porém, achando que o fazemos em nome d'Ele.
E quanto à juventude cristã: tem estado consciente das aventuras que escolhe, do que suas vidas expressam, e tem sido referência de maturidade para seus colegas?
Muitos sofrem detendo-se numa eterna infância; talvez, poderíamos dizer, de uma espécie de "Sindrome de Peter Pan". O próprio Tournier complementa que "esses não têm aceitado a lei da aventura que deve morrer para renascer". E explica: "Nós amadurecemos precisamente por essas mortes sucessivas de nossas aventuras, ainda que belas. Pois dessa forma ficamos disponíveis para outras aventuras, que tenham outro caráter menos infantil, menos ingênuo, mais adulto, mais fecundo".
Desejamos crescer? Temos permitido que a Palavra de Deus nos amadureça (Sl 119.100)?
Que Deus nos ajude, numa prática amorosa, aproximamos e ouvimos essa geração sedenta de Deus. Que seu Espírito ensinador nos ajude a criativa e amorosamente saber acolher e atuar, a fim de que a sede maior seja definitivamente satisfeita. E que Jesus, nosso Senhor e Salvador, nos dê ousadia para encarnar a missão: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20.21) - e coragem para deixar morrer certas aventuras, para que outras - mais maduras - (Ef 4.13) nasçam.
Taís Machado é psicóloga.

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