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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Reforma Protestante


No dia 31 de outubro comemora-se o aniversário da Reforma Protestante, marco importante na história do cristianismo pelo fato da mesma simbolizar um desejo de se restaurar a pureza da fé cristã, tão contaminada, na época, pelo envolvimento da igreja com o poder temporal.

Impondo a bandeira da “Sola Escriptura e Sola fidei” (Só a Bíblia e só a fé), Martinho Lutero, impulsionado por vários episódios que já vinham acontecendo ao redor da Europa, escreveu as famosas 95 teses, denunciando o desvio da igreja católica e convocando o povo cristão de então, a um retorno a fé evangélica. Denunciava ele, a cobrança de indulgência, idolatria, nepotismo e tantas outras idéias maléficas que tomaram conta do imaginário cristão de então. Martinho Lutero defendia que todos deviam ter livre acesso às escrituras, interpretando as mesmas sob a orientação do Espírito Santo e que a salvação era fruto da fé no sacrifício redentor do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Uma belíssima história de luta e muito sangue derramado, envolveu este episódio da história da humanidade e em especial do cristianismo. Hoje somos fruto daquela luta de mais de 500 anos atrás. Temos uma tradição riquíssima e cheia de “ruas” que ainda precisam ser descobertas e conhecidas até os nossos dias, com o objetivo de enriquecer ainda mais a tradição Protestante.

Olhando para os dias atuais e percebendo a total falta de conhecimento da parte de muitos que se dizem “protestantes”, mas que lamentavelmente não conhecem a história e ainda fazem questão de demonizá-la, afirmando que tradição é coisa de crente frio que não tem o Espírito Santo, ou ainda percebendo “crentes” que estão mais atualizados com o Halloween (festa das bruxas) do que com o fato da mais alta relevância histórica que é a Reforma; ficamos a pensar o que será do nosso futuro como igreja protestante nos próximos anos e por que não pensarmos logo o que será também das próximas gerações de cristãos protestantes ao redor do mundo?

A chamada igreja protestante brasileira, que é a que eu conheço um pouco, tem a cada dia se transformado numa coisa estranha e muito distante dos princípios que nortearam a Reforma; uma igreja em que o místico ocupa todas as atenções enquanto que a reflexão teológica crítica aos poucos vem sendo banida da mesma e ainda por cima acusada de ser a causa da frieza e do descaso moral e ético de muitos “crentes”; uma igreja mais preocupada com resultados, crescimento numérico e sucesso no campo empresarial do que preocupada em servir a humanidade colocando-se como a serva dos servos através de ações concretas de combate a miséria, fome, desemprego, prostituição infantil, racismo, homofobia e tantas outras manifestações de pecado em nossa sociedade; líderes religiosos que, a exemplo dos líderes da época da primeira Reforma, buscam para si títulos, poder e influência em vez de se colocarem como exemplo dos fiéis, servindo-os com suas vidas e atitudes, mediante uma vida digna, porém sem opulência; uma igreja que cresce numericamente através dos vários pacotes (G12, G5, Igreja com Propósito, Rede Ministerial, Evangelismo Explosivo, etc.) e ocupa espaço na mídia e na arquitetura das grandes cidades brasileiras, mais que a cada dia cai no descrédito das pessoas se nivelando por baixo na sua conduta ética em meio ao mundo em que estamos inseridos.

Enfim, precisamos urgentemente de uma nova e vigorosa reforma no seio da igreja atual. Uma nova e vigorosa reforma que resgate os pilares teológicos defendidos pelos primeiros “pais” da tradição cristã; uma reforma que resgate o servir como exemplo de sucesso e a simplicidade, como meta a ser seguida e desejada por todos. Uma reforma que resgate a oração, a leitura e estudo da Palavra de Deus e, consequentemente, traga um avivamento de mudança de vidas e das estruturas do mundo em que vivemos, uma reforma que faça a igreja olhar para a ecologia e sua aflição em nosso planeta e que por fim, faça-nos resplandecer a luz do evangelho através de uma vida simples, séria, cheia do Espírito Santo e totalmente contaminada com o exemplo de serviço do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Pr. Wellington Santos

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

27 anos de vida.


"Nas tuas mãos (, Deus), estão os meus dias" Sl 31:15


Para quem não sabe dia 20 de Outubro é meu aniversário. Sim, 27 anos. 27 anos de vida. Vinte e sete. Eita lasquera. Vinte e sete anos felizes. Confesso que não tenho grandes motivos para comemorar, mas de maneira nenhuma perco a oportunidade de celebrar a VIDA, e desde de já agradeço as mensagens pelo celular, e-mails, ligações, e por mais difícil que possa vir a ser as congratulações feitas pessoalmente (é verdade, hoje em dia AINDA existem gestos concretos).

Muito obrigado a todo pelo carinho, tanto pelos de longe quanto os que estão pertinho, me alegro com todos vocês no dia de hoje. Deus abençoe a vida de cada um.
Muito Obrigado.

Capital do Ceará 20 de Outubro de 2008.

PS.: Pra quem não sabe agora além de professor de Filosofia, "Pastor" de Adolescentes e estudante universitário, fui convidado a ser colunista num site que fala de futebol , então é só clicar em http://www.futebolemfoco.com.br/ e prestigiar a coluna do seu amigo.
Vale a pena conferir.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Seguindo em frente, olhando para o alto.


Está chegando mais um 20 de Outubro.

Para os que convivem comigo é uma data especial, e partilho com todos aquilo que veio ao meu coração, nesses dias que antecedem a data tão especial.Obrigado pela atenção, e que Deus nos abençoe.


"Não há como construir um prédio sólido sobre uma base frágil.
Os engenheiros afirmam que os alicerces de uma construção pode ser a parte mais cara do projeto.
É cara mais é necessária.
Para construir o alicerce da Verdade é preciso sair do pensamento mágico que propõe algo do tipo um dia vou encontrar alguém que eu possa amar e que me entenderá.

O risco de viver à espera desse ser especial é não aceitar o outro e entrar no jogo do Julgamento.

Lembre-se:

Não existem vítimas e algozes, pessoas boas e más.Nos vivemos papéis complementares nos teatros da vida. Isto é, não encontramos pessoas especiais, construímos relações especiais.

O que tenho em mãos é sempre pouco, quando comparado ao que precisaria ter para realizar os meus projetos e desejos. E não importa se estou falando de tempo, dinheiro, pessoas ou poder.

Sempre o que tenho parece menos do que precisaria para fazer o que quero. Também é assim com você ?

As jóias da vida tem um preço para serem encontradas e lapidadas.
Dêem o valor devido as que fazem parte da suas histórias.
Não há atalho.
Não há caminho largo."


Thiago Oliveira Braga
Capital do Ceará,16 de Outubro de 2008.

domingo, 12 de outubro de 2008

Como viver num mundo de parcerias frouxas e eminentemente revogáveis


Zygmunt Bauman é considerado hoje um dos sociólogos mais influentes do mundo. Professor emérito de sociologia na Universidade de Leeds e na Universidade de Varsóvia, seu livro mais recente é “Amor Líquido - Sobre a Fragilidade das Relações Humanas” (Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2003) de onde tirei os conceitos e extraí citações para estas reflexões.

A tese de Bauman é que vivemos em um mundo líquido, que detesta tudo o que é sólido e durável, tudo que não se ajusta ao uso instantâneo nem permite que se ponha fim ao esforço. O amor, nesse mundo líquido, é amor líquido. A tirania do mercado explica em parte esta característica rarefeita de tudo. Estamos na era do homo consumens. O que caracteriza o consumismo não é acumular bens (quem o faz deve também estar preparado para suportar malas pesadas e casas atulhadas), mas usá-los e descartá-los em seguida a fim de abrir espaço para outros bens e usos.

Estar excluído da sociedade de consumo equivale a ser um fracassado, um incompetente. Um consumidor falho fica se utilizando dos mesmos bens, e a utilização repetida o priva da possibilidade de sensações novas e inéditas. Isso os leva ao tédio e à frustração. Ser bem sucedido é conviver com novidades, variedades, e rotatividade.

Daí surge a cultura do aluguel e do descartável (e por isso mesmo mais barato). Nesta sociedade líquida, você não compra, aluga. Comprar implica posse e permanência. Alugar implica rotatividade sem ônus. O descartável pode ser facilmente substituído sem muito prejuízo: vale a relação custo benefício, ou tempo de benefício. No mercado, tudo está ao alcance do cartão de crédito, e a distância entre o desejo e sua satisfação está cada vez mais curta. E, portanto, o descarte cada vez mais rápido. A experiência sexual e relacional segue o mesmo padrão e raciocínio. Seu parceiro pode abandonar você a qualquer momento, sem o seu consentimento.

Anthonny Giddens, outro célebre analista da chamada pós-modernidade, fala dos “relacionamentos puros”, onde as relações permanecem enquanto satisfazem as partes. São relacionamentos nos quais se entra apenas pelo que cada um pode ganhar e se permanece apenas enquanto ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma satisfações suficientes para permanecerem nas relações. Viver juntos é “por causa de” e não “a fim de”. Enquanto há razões a parceria permanece. Os parceiros já não se enxergam como construtores de si mesmos, um do outro e da própria parceria.

Parcerias frouxas e eminentemente revogáveis substituíram o modelo da união pessoal “até que a morte nos separe”. Bauman chama isso de “relacionamentos de bolso”, que compara com vitamina C: em grandes doses podem causar náuseas e prejudicar a saúde. Por esta razão, a “sociedade líquida” prefere os relacionamentos diluídos, para que possam ser aproveitados. Os compromissos intensos e de longo prazo são uma armadilha a ser evitada. O compromisso fecha a porta para novas possibilidades (quem sabe, até melhores). Mantenha sempre sua porta aberta, dizem os “especialistas”.

Viver juntos foi substituído por ficar juntos. A convivência foi substituída pelos encontros episódicos. O casamento foi substituído pela sucessão de romances com sexo. O divórcio foi substituído pelos CSS - casais semi separados. As amizades foram substituídas pelas salas de chat e as redes, onde se pode conectar e desconectar sem qualquer compromisso, promovendo relações fantasiosas ou profundas protegidas pelo anonimato. Ralph Waldo Emerson acertou ao afirmar que “quando se é traído pela qualidade, tende-se a buscar desforra na quantidade”.

Na compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que a atual experiência sabote a futura, ou sempre em expectativa de que o melhor está por vir e que há sempre algo melhor pelo que esperar, as pessoas acabam desaprendendo o amor, tornam-se incapazes de amar. A sensação de que se pode ser abandonado, substituído a qualquer momento impede a entrega total, e porque não se entrega totalmente, o amante parcial vive com a constante sensação de que está vivendo um equívoco, ou que está esquecendo algo, ou deixando de experimentar alguma coisa. Isso faz com que o amante parcial viva carregado de ansiedade. E, pior do que isso, está condenado a permanecer para sempre incompleto e irrealizado. Bauman diz a respeito que estão “numa viagem nunca termina, o itinerário é recomposto em cada estação, e o destino final é sempre desconhecido”.

A resposta cristã para esta “sociedade líquida” que vive de “amores líquidos” deve considerar, pelo menos, três fatos. Em primeiro lugar, lembre-se que o amor encontra seu significado, não na posse das coisas prontas, completas e concluídas, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. Martinho Lutero nos adverte que “o amor de Deus não se destina ao que vale a pena ser amado, mas cria o que vale a pena ser amado”. Em outras palavras, não espere pessoas prontas, caminhe com elas rumo à maturidade.

Lembre-se também que o amor não é um caminho de satisfação, mas de transformação e realização. Hans Burki ensinou que “mais da mesma coisa nos deixa no mesmo lugar”. Em outras palavras, quando seu relacionamento não estiver satisfatório, não mude parceiro ou parceira, mude o relacionamento.

Finalmente, lembre-se que o amor não é um episódio, mas uma caminhada comum. Não acontece na relação superficial, esporádica, virtual, meramente física, mas num relacionamento de proximidade que conduz à intimidade em direção à profundidade do ser que ama (dos seres que se amam). Em outras palavras, não confunda paixão e sexo com amor.

A sociedade anticristã não vive da negação do que é cristão, mas da deturpação. Para deturpar, você priva, exacerba (exagera) ou distorce. O amor líquido é uma falsificação do amor sólido. Isto é, para conspirar contra o amor, o diabo não precisa semear o ódio (a maioria rejeita), basta semear o amor líquido. A sociedade líquida está iludida. Carece de gente que viva relacionamentos de “amor sólido” para que conheça a verdade e seja liberta de sua ilusão.

[Ed René Kivitz]