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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A verdade em metades.




A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.



Este poema de Carlos Drummond de Andrade é um convite à humildade e à comunhão. Comunhão não existe sem humildade. E sem as duas, não existe experiência da verdade. A verdade a gente não sabe. A verdade a gente vive quando ela se apropria de nós. A verdade não é coisa da razão, resultado da reflexão. A verdade é soma de corações e não de cabeças.


A verdade é coisa fugidia, que não se deixa prender na gaiola dos raciocínios, não cai nas armadilhas dos pensamentos. A verdade é isso, a gente experimenta, saboreia, se delicia, mas não fica com ela como quem tem posse, pois a verdade é maior do que nós, em cada um de nós só cabe meia verdade, ou bem menos. E a gente tenta fazer uma verdade inteira juntando as partes e ficando com elas, como quem rouba do outro a metade ou parte que está com ele, pra depois a gente ficar dono da verdade. Mas a verdade não participa desse jogo. O jogo da verdade não é soma, é partilha. Não é brincadeira onde quem tem mais meia verdade ganha. É mais como uma dança onde a beleza e o alumbramento vêm no par, ou até mesmo na roda, onde as mãos e braços vão se encontrando e se despedindo, até que todo mundo na roda vive a verdade, e brinca com ela cada vez que os braços se entrelaçam e as mãos se acariciam. No fim da noite, quando cada um vai para casa descansar, a verdade também se recolhe, para que no dia seguinte todo mundo se precise novamente. Assim a humildade e a comunhão cuidam da verdade.

Na dança da verdade, meia verdade é verdade com limite, é verdade incompleta, dizendo para todo mundo que as idéias são menos importantes que as pessoas. Quem não consegue entrar na roda e quer espreitar para colecionar fragmentos de verdade, imaginando ser possível ficar dono da verdade e viver tomando conta da verdade, de fato, não vive com a verdade, mas com o capricho, a ilusão ou a miopia. Porque prefere as idéias às gentes, fica com a mentira, porque a verdade é uma pessoa e não um conceito. A verdade é uma pessoa, que gosta de brincar, de rir e de chorar. A verdade é uma pessoa que se dá a conhecer na comunhão dos humildes: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, disse a verdade inteira aos que tinham consigo apenas meias verdades.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Reação em cadeia contra a licença a Belo Monte



A concessão de licença de instalação específica dada pelo Ibama no dia 26 de Janeiro de 2011, ao consórcio Norte Energia (NESA) – que, em outras palavras, permite a construção de canteiros e acampamentos da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, PA – gerou uma série de reações contra a decisão em mídias sociais e meios de comunicação. A licença autoriza também a  implantação de estradas de acesso, áreas para estoque de solo e madeira e realização de terraplanagem. Para iniciar as obras, entretanto, o consórcio ainda precisa de outra licença de instalação.

Uma das manifestações foi a do sociólogo Sérgio Abranches. Em seu comentário de hoje na rádio CBN, Abranches argumentou que o Ministério Público Federal do Pará havia recomendado ao Ibama que não fragmentasse o licenciamento para acelerar o processo, porque as exigências para a licença prévia não haviam sido cumpridas. De acordo com Abranches, a licença parcial (parte do que deveria ser uma licença completa) não existe na legislação ambiental brasileira.

Ele, assim como organizações como Conservação Internacional, que publicou na semana passada um documento contestando a construção da hidrelétrica, afirma que Belo Monte não será a segunda maior hidrelétrica do Brasil ou terceira do mundo – como alega o governo federal. A suposta capacidade instalada de 11.233 MW de eletricidade não seria alcançada, chegando a uma produção anual máxima de 4.420 MW. Além disso, diz Abranches, a obra não custará R$ 19 bilhões, mas em torno de R$ 30 bilhões, segundo estimativas.

“Tenho conversado com especialistas em energia, diretores de empreiteiras e empresas do setor elétrico, economistas e investidores. Todos dizem que o projeto não é bom, nem do ponto de vista econômico-financeiro, nem do ponto de vista energético”, afirma Abranches.

Outro fato recente e controverso no processo de liberação da obra foi a saída do então presidente do Ibama, Aberlardo Bayma, há duas semanas, no dia 12 de janeiro. Bayma justificou o pedido de demissão dizendo que sua decisão era movida por “motivos pessoais”. Antes dele, a saída de Roberto Messias Franco do cargo em abril de 2010 já havia sido associada às pressões por liberação de licenças ambientais.
O site ((o)) Eco também publicou hoje reporter informando que, na manhã de ontem, o Ibama havia negado à reportagem acesso ao processo nº 02001.001848/2006-75, relativo à usina, alegando que o documento estava desatualizado pela falta de pareceres mais recentes. Abranches também publicou artigo no site posicionando-se contra a decisão do órgão.

O Greenpeace também se manifestou contra a licença, em sua página e no twitter. Em artigo intitulado “Cheirando Mal”, o responsável pela campanha de energia da organização no Brasil, Ricardo Baitelo, reforça o argumento de que a capacidade da usina não é a alegada pelo governo. “A previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil”, diz.

No Twitter, já existe uma campanha, no endereço #parebelomonte, de mobilização contra a medida do Ibama. Organizações como o escritório brasileiro da Amigos da Terra estão difundindo a iniciativa na rede social.

http://colunas.epocanegocios.globo.com/empresaverde/2011/01/27/reacao-em-cadeia-contra-a-licenca-a-belo-monte/

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dádiva da vida.



Para os macacos, só se termina de nascer quando se tem um filho.

Valeu galera,
Com vocês, ao Serviço d’Ele,
Thiago Oliveira Braga

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Proteção e aconchego.


Proteção e aconchego.
Nem sempre o melhor é cada macaco no seu galho.
Essa história de cada macaco no seu galho começou com a divisão social do trabalho.
Antes existia sim a Solidariedade, igualdade...

Lamentavelmente que a espécie humana tenha esquecido tais valores. Mas a humanidade ainda tem futuro, eu acredito.

Vida que segue.

Valeu galera,
Com vocês, ao Serviço d’Ele,
Thiago Oliveira Braga


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Oportunidade de refletir.


E hoje começa mais uma semana, no caso, a primeira de um longo ano letivo.

Que tenhamos um ano exponencial.

Valeu galera,
Com vocês, ao Serviço d’Ele,
Thiago Oliveira Braga

domingo, 23 de janeiro de 2011

Oração - Blaise Pascal

Foto da melhor escola do mundo, meu querido Colégio Marista Cearense.


"Pai Celeste, não te peço nem por saúde nem por doença, nem por vida nem por morte. Peço-Te que disponhas da minha saúde e de minha doença, de minha vida e de minha morte para Teu louvor e para minha salvação. Só Tu sabes que é para o meu bem. Só Tu és Senhor. Dá-me ou tira de mim, mas faze minha vida ser semelhante a tua vida!"


Blaise Pascal (Filósofo e matemático francês)



Valeu galera,
Com vocês, ao Serviço d’Ele,
Thiago Oliveira Braga

Talvez




Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...






Pablo Neruda

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Propaganda enganosa e falsidade ideologica.


Seleção espanhola em episódio do desenho 'Os Simpsons'

Casillas, Torres, Puyol, Villa, Sérgio Ramos, Piqué, Xavi, Iniesta, Silva, Xabi e Fábregas

Depois de Pelé e Ronaldo, os jogadores da seleção espanhola podem virar personagens de desenho animado e aparecerem ao lado de Homer, Bart e cia na série 'Os Simpsons'.

Uma imagem que circula na internet dá indícios de que os campeões do mundo serão os próximos famosos a protagonizarem um episósio da série, que faz sucesso há mais de 11 anos e tem costume de levar celebridades para sua trama.

Na imagem em questão, alguns jogadores ganharam toques mais cômicos. O meia Iniesta, autor do gol do título contra a Holanda, é careca, Sérgio Ramos é dentuço e Fernando Torres é vesgo. Do zagueiro Puyol, só é possível ver a boca e o vasto nariz, já que a cabeleira encobre o resto.

Seriam as cariacturas uma brincadeira de um fã da ‘Fúria’, ou uma prova de que os craques espanhóis vão mesmo aparecer em um dos desenhos de maior sucesso da história da TV?


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Consumo consciente.



Trabalho na região mais nobre (e cara) da capital do Ceará. Vou com freqüência a livrarias e lojas de material esportivo de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores me cercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Consumir faz parte, mas continuo buscando APENAS o essencial.

Com vocês, ao serviço d'Ele

Thiago Oliveira Braga.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

João Pedro (meu sobrinho) e Marista.


Reconhecendo a Farda Sagrada

Dia 9 de fevereiro será o primeiro dia de aula - no Maternal II(!!!) - do meu filho, meu chêro, meu tesouro: o João Pedro. Recentemente compramos, minha esposa e eu, o fardamento (precinho salgado que só...) do colégio. Esse fim de semana minha esposa fez a prova do tamanho para ver se conferia. Eles estavam no quarto e eu, na sala, não sabia o que eles estavam fazendo. Qual não foi meu impacto ao vê-lo entrar correndo e faceiro (ele costuma fazer isso sempre que a mãe coloca uma roupa nova...como se ele quisesse me mostrar, fazendo uma surpresa) vestido com a farda. Gargalhava e me olhava com os olhos quase saindo da cachola. Que felicidade...dele, mas maior a minha!

Ficaria feliz, qualquer que fosse a farda, afinal de contas, meu bebê vai começar a estudar. Mas é impossível não sentir aquele arrepio a mais, próprio de quem constata, frente a você, uma história, uma tradição, uma cultura sendo perpetuada. Meu pai foi marista, eu fui e sou marista e, agora, meu filho. Trata-se do melhor colégio da cidade de Salvador. Não é perfeito, perfeição é utopia, mas é o mais completo. Para mim, o Marista é sagrado, seja em Fortaleza, em Natal, em Salvador ou em qualquer outro dos mais de 70 países em que se faz presente. Nele aprendi os fundamentos do que realmente importa na vida. O Marista me deu as "ferramentas" e me ajudou a descobrir os "brinquedos" necessários para viver, diria o mestre Rubem Alves. Lugar dos meus inesquecíveis educadores, das minhas mais antigas e bonitas amizades, enfim. Poderia listar muitas bênçãos.

A mais recente delas, entretanto, é essa que vocês podem apreciar abaixo. Um dia histórico. O dia em que meu filho, João Pedro, pôs a Farda Sagrada pela primeira vez na vida, 15 de janeiro de 2011.
Que maravilha!!! Te amo meu filho. Obrigado Marista.

Esse texto foi do Blog do Meu irmão , Braga Neto, que mora hoje em Salvador. É impossível ler e não se emocionar.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Amigos



 "Um amigo de verdade é aquele que nos critica na nossa frente e nos elogia na nossas costas."
  (Eduardo Galeano).

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Falando com quem se importa

 
 
ORAÇÃO HEBRAICA

SENHOR,

SE EU TE AMAR POR QUERER O CÉU, EXCLUI-ME DELE...
...
SE EU TE AMAR POR MEDO DO INFERNO, JOGA-ME NELE...

AGORA, SE EU TE AMAR PELO QUE TU ÉS, SENHOR, NÃO ME ESCONDAS O TEU ROSTO...

(Oração Hebraica do séc. VI AC).

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

‘Aos Ricos o Futebol’


Os sinais estão por toda parte. Em 2005 o Maracanã fechou a geral, talvez o setor popular mais famoso do mundo, onde durante meio século floresceu uma cultura torcedora lúdica e carnavalesca. Em seu lugar foram colocadas cadeiras de plástico com preço seis vezes maior. O Maracanã, antes "o maior de todos", vai virar um estádio para 76 mil pessoas. Esse encolhimento - que ocorrerá também nas dimensões do gramado - custará aos cidadãos "apenas" R$ 1,2 bilhão. Com a reabertura do estádio, calcula-se que os ingressos custarão pelo menos o dobro do que custam atualmente.

Recentemente realizou-se no Rio a Soccerex, feira internacional centrada no futebol-negócio. Nela, "especialistas" afirmaram que doravante o futebol brasileiro terá a classe A como clientela alvo, deixando de lado as classes B e C. Porque as D e E há muito não sentam em uma arquibancada. É claro que o evento foi financiado com dinheiro público. Em Santa Catarina, o Avaí aumentou em 50% o preço dos ingressos neste ano, passando de R$ 40 para R$ 60. No Paraná, o recém-promovido Coritiba já anunciou que aqueles que não aderirem a seu plano de sócio torcedor terão que desembolsar R$ 100 pelo ingresso avulso. Não é de se admirar que a média de público do campeonato brasileiro em 2010 tenha sido ridiculamente baixa: 14.839 pagantes. Isso é menos que a média do campeonato alemão da segunda divisão!

Não é o preço do ingresso o único fator para o afastamento do público. Hoje os estádios viraram estúdios para um show televisivo chamado futebol. No estádio-estúdio do Engenhão, que custou aos cofres públicos três vezes mais do que previa o orçamento, placas de publicidade impedem a visão de boa parte da linha de fundo, inclusive da linha do gol. Ingressos para esse setor "pagando pra não ver" custam, em jogo normal, R$ 30. A tabela do campeonato é alterada de uma semana para outra, modificando dias e horários sem respeito pelo torcedor. A rede de TV que monopoliza as transmissões há décadas transformou o futebol em sobremesa da novela, com jogos no meio da semana terminando por volta de meia-noite. Essa mesma rede é dona do pay-per-view, que a cada dia dá mais lucro. Ou seja: ela praticamente obriga os torcedores a se transformarem em telespectadores dos canais pagos.

Esse processo de expulsão dos torcedores mais pobres (ou menos ricos) é algo planejado e consciente. Ainda em 2004, o então presidente do Atlético Paranaense já afirmava que "o clube não precisa mais de torcedores, e sim de apreciadores do espetáculo". Dentro dessa filosofia, proibiu a entrada de torcedores com bandeiras, tambores, faixas e camisas de torcidas organizadas. Por baixo de uma "nuvem midiática" vendendo a ideia de que estaria ocorrendo uma modernização do futebol brasileiro, o dinheiro do cidadão pobre financia, via impostos, sua própria expulsão. É um processo de Robin Hood ao contrário...

Chamar o futebol brasileiro contemporâneo de moderno, aliás, é piada de mau gosto. Por um lado temos uma estrutura política feudal mantida há décadas nos clubes, nas federações estaduais e na CBF. Por outro, o capitalismo selvagem na hora de extorquir os torcedores. A junção do atraso com a falsa modernidade é desastrosa.

Existe algo mais arcaico e tradicional que a venda de ingressos? Como vão sempre parar na mão dos cambistas? Será que as rendas reais são mesmo aquelas? Será que as gratuidades são mesmo aquelas? É um sistema obscuro que beneficia sempre os mesmos: empresas que fabricam os ingressos (e fazem adiantamentos aos clubes, presos a elas do mesmo modo que à televisão) e, mais uma vez, cartolas corruptos.

Por falar em polícia, qual é o principal instrumento de policiamento dos estádios? Investigação? Inteligência? Aparelhos sofisticados de filmagem? Acertou quem respondeu o cassetete, usado desde o Paleolítico. Em vez de prender e processar a minoria ínfima de torcedores que vai ao jogo para brigar, a polícia prefere bater. Desde quando o bom e velho porrete é sinônimo de modernidade?

A parte menos moderna, todavia, é o sistema de formação de jogadores. Milhões de jovens brasileiros sonham ser jogador de futebol. Poucos vão se tornar profissionais e, entre estes, pouquíssimos vão ganhar os altos salários que povoam o imaginário das classes populares. A formação de um jogador profissional demora em torno de 5 mil horas de treinamento em dez anos. Os clubes exploram essa mão de obra infantil sem nenhuma responsabilidade. Se o garoto de 11 ou 12 anos se machucar ou se não "servir" mais, o que ocorre? É simplesmente abandonado. Para onde vai? O Estado zela por ele? Regulação por parte do Estado, proteção aos jovens, preparação para a vida futura com ensino profissionalizante, nada disso ocorre.

Debaixo da bruma marqueteira que exalta a pseudomodernização assistimos a um processo de elitização perversa do futebol brasileiro. Perversa porque financiada com dinheiro do povo. Uma arte e cultura popular criada e mantida por gerações de brasileiros é saqueada em benefício de poucos. É o primeiro mandamento do futebol-mercadoria: dai aos ricos o futebol.
 
Por Marcos Alvito, antropólogo, professor da Universidade Federal Fluminense - UFF, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 12-12-2010.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Simplicidade e permanência



De vez em quando gosto de reler “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, de C. S. Lewis. Sua habilidade em perscrutar os labirintos da tentação me impressionam. Ele nos ajuda a reconhecer nossa enorme ingenuidade e a profunda sagacidade do inimigo.

Em uma dessas cartas, o Diabo reconhece que o verdadeiro problema dos cristãos é que eles são “simplesmente” cristãos. O laço que os une é a vida comum que eles têm em Cristo. Ele então aconselha seu sobrinho: “O que nós desejamos, se não houver mesmo jeito e os homens tiverem de tornar-se cristãos, é mantê-los num estado de espírito que eu chamo de cristianismo e alguma outra coisa [...]. Substitua a fé em si por alguma moda com colorido cristão. Faça com que tenham horror à Mesma Coisa de Sempre”.

A “mesma coisa de sempre” nos deixa entediados. Ser “simplesmente” cristão, para muitos, não é suficiente. Precisamos de coisas novas. Sempre. Modelos novos de igreja, um jeito diferente de cantar, formas inovadoras de culto, estratégias sofisticadas de crescimento, e por aí vai. Somos movidos pelas novidades, não pela profundidade. Nosso interesse está na variedade, não na densidade.

O reverendo A. W. Tozer, num artigo intitulado “A velha e a nova cruz”, comenta o mesmo fenômeno: “Uma nova filosofia brotou dessa nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica -- um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esse novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior”.

O Diabo, na carta ao seu sobrinho aprendiz, diz: “O horror pela mesma coisa de sempre é uma das mais preciosas paixões que incutimos no coração humano -- uma fonte infinita de conselhos estúpidos, de infidelidade conjugal e de inconstâncias na amizade”. A lista poderia se estender, mas o que se encontra por trás desse “horror pela mesma coisa de sempre” é a grande atração pelo novo seguida de uma profunda distração pelo essencial. O que a novidade faz é direcionar nossa atenção para outras preocupações, dando mais valor aos meios e não aos fins.

A formação espiritual cristã sempre requereu, basicamente, obediência a Cristo no seu chamado a proclamar o evangelho, fazer discípulos, integrá-los numa comunidade trinitária e ensiná-los a guardar a sua palavra. Ensiná-los a se comprometerem com o serviço como expressão de amor para com o próximo e com o cultivo e a prática de disciplinas espirituais como oração, jejum, arrependimento, confissão, leitura e meditação nas Escrituras e contemplação.

Não importa o quanto nossas igrejas e ministérios sejam sofisticados. Não importa o volume de novidades e tecnologias que oferecemos. Se no final não encontrarmos as mesmas coisas de sempre, significa que nos perdemos com o meio e não alcançamos o fim.

Existem dois aspectos que considero fundamentais na experiência espiritual cristã: simplicidade e permanência. Quando perguntaram para Jesus como o reino de Deus viria, ele respondeu afirmando o seu caráter discreto. Não viria com grande estardalhaço. Se estabeleceria dentro daqueles que o confessam como Senhor e Rei. Jesus apresenta um evangelho que transforma de dentro para fora. O que o vaso contém é infinitamente maior e mais valioso que o vaso. Ele cresce como uma pequena semente de mostarda. A simplicidade está na natureza própria do evangelho.

A permanência define o caráter pessoal e relacional da fé. Permanecer em Cristo é permanecer ligado como galho na videira. É somente nessa permanência que recebemos de Cristo sua vida e a transmitimos aos outros. Permanecer é mais do que conhecer -- é manter-se em constante e dinâmico relacionamento. As novidades não transformam o caráter; a permanência, sim. Para C. S. Lewis, a maturidade é algo que “todos alcançam na velocidade de sessenta minutos por hora, independentemente do que façam e de quem sejam”.

Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Era uma vez, Paranjana.


Se você é cearense, sabe do que estou falando… se não, deixa eu explicar:

Paranjana é uma linha de ônibus que roda praticamente a cidade de Fortaleza inteira e o ônibus vive lotado. Essa semana foi anunciada sua extinção, para substituição de outras linhas de ônibus que farão o trajeto.

No twitter, choveu noticias sobre o fim da linha e vários usuários relataram suas experiências nessa tão amada linha de ônibus.

Eu, que tive oportunidade de andar nela no seu 1° dia, no ano de 1993 vejo que Fortaleza cresceu bastante nesses tempos pra cá.

Segue abaixo os melhores relatos diretamente do Twitter!!!


- Nunca perdemos nada lá, só o ‘dono’ que acha!


- O pessoal do Manassés nunca se atreveu a vender caneta dentro do Parajana!


- Motorista pilantra, pegou aquele lugar que vagou!


- Aquilo não era um ônibus, era uma maratona. E agora, onde perderei meus kilinhos?


- A maior rede social de Fortaleza chegou ao fim


– Quando conseguia assento no paranjana, não sentava. Me ajoealhava para agradecer a graça alcançada.


- Não vai subir ninguém”, disse o Capitão Nascimento diante de um Paranjana lotado


- O enterro do Paranjana vai lotar mais que o do Michael Jackson


- Capitão Nascimento perdeu a moral no Paranjana. Seu famoso “Pede pra sair” não surtiu efeito algum


- Maiores mentiras da humanidade: “nem deus afunda o titanic”, “o 3º reich durará mil anos”, “eu peguei um paranjana vazio.”


- Ninguém nunca foi baleado em um Paranjana. Não havia espaço para uma bala se deslocar.


– O Paranjana era uma academia popular. Você treinava equilíbrio, resistência, força nas pernas e braços, tudo por R$1,80.


- Esse ônibus passa na… – Alow, esse é o Paranjana, o ônibus que passa em todos os lugares.


- E qndo uma menina era quenga a gente dizia: “ÉGUA, ela é mais rodada do que a catraca do Paranjana.” Agora acabou


– Daquela vez em que desmaiei no Paranjana e continuei em pé porque não tinha nem espaço pra cair.


- WikiLeaks 2009: Luizianne Lins quer acabar com linha Paranjana


– Cliquei em #paranjanafacts e apareceu ‘Twitter is over capacity’. Coincidência?


- A maioria do meus Anticorpos consegui no paranjana.

Resolução de Ano Novo - Vamos Reconectar



Este vídeo poderá mudar um problema que todos nós estamos tendo. Como Re Conectar. Excelente!

Guerra e paz




Guerra fria, Guerra dos Seis Dias, guerra sangrenta… Existe toda a sorte de adjetivos para caracterizar a mais absurda das ações humanas. Mas as guerras nem sempre são fruto de determinações destemperadas geradas em mentes insanas. Eu sei, eu sei que esse tipo de análise jamais provocaria um sentimento, digamos, contemporizador na cabeça da maior parte dos cérebros privilegiados. Mas se nos ativermos às várias nuances de gênero que esse termo passou a representar, veremos que nem sempre guerra é guerra. Às vezes utilizamos o vernáculo para, categoricamente, definir uma forma de atingir, ou de uma sociedade construir, uma nova ordem que restabeleça uma relação mais sã entre seus constituintes. Por si só já está implícito, nesse ponto, um gigantesco conflito. Talvez devêssemos encontrar uma forma mais pura e palatável. Seria muito melhor. Infelizmente, nossas limitações nos empurram para contrastes nem sempre fáceis de entender.




Pior é que eventualmente chamamos um confronto esportivo de guerra. Alguns realmente devem ter sido bem representativos, mas, no fundo, o que temos aqui é uma grande confraternização – se os zagueiros forem de boa índole, é claro. Exceto quando entre quatro linhas cruzamos com os argentinos.



Quem foi que disse, certa vez, que tango e samba não combinam? Sei lá! Nos tempos modernos, a voz e o jeito de Maradona talvez sejam a fina flor do que rejeitamos absolutamente. Não, não é verdade. Diego é só um pouquinho a cara argentina. Quem enfrentou as travas das chuteiras argentinas sabe exatamente do que estou falando. São de uma agressividade tão absurda que mesmo no seio da marginalidade seriam contestadas e reprimidas.



Mas guerra é guerra. Existe até guerra santa. Sempre há uma causa e um ideal, ainda que desumanos. Napoleão, em sua excentricidade, queria tudo. Queria o mundo. E bateu-se com o czar russo. Lá, no norte do planeta, existiam muitas das maiores reservas de petróleo e grãos. Como Tolstoi nos mostrou em Guerra e Paz, foi, porém, por motivo menor que a guerra acabou proclamada. Napoleão se negou a retirar suas tropas quando instado a isso. Seria uma derrota, um sinal de fraqueza.



Já os alemães saíram desolados de uma grande guerra para entrar em outra bem pior. Levaram ao poder o homem que pregava contra o Tratado de Versalhes, solução encontrada para a busca da paz na Europa, e contra o povo judeu. Defendia a pureza da raça ariana. Os nazistas queriam acabar com os judeus, que tentam exterminar os palestinos, que sonham destruir a América, que ajudou a derrubar Hitler. Desculpem, não tenho nada contra nenhum desses povos. Até porque essas decisões sempre foram de gabinete, estimuladas por interesses específicos e executadas por tristes soldados que nem sempre sabem o porquê.



A mesma Alemanha foi escolhida para sediar os XI Jogos Olímpicos em 1936, em plena realidade nazista e com Adolf Hitler à frente. Queria-se mostrar ao mundo o crescimento do país e esconder suas mazelas. Talvez em alguns aspectos vejamos semelhanças com o que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016. Tudo foi feito para causar a melhor impressão possível e assim combater os que eram contrários ao regime. A Vila Olímpica construída era impressionante: 140 casas, em meio a um bosque, emolduradas por um lago, onde cisnes nadavam suavemente. O momento era propício para que Hitler pudesse divulgar os princípios nazistas e tentar justificar-se sobre o que falavam em relação ao tratamento dado ao povo judeu.



Assim, toda e qualquer alusão a judeo-alemães ou visitantes foi evitada, tanto pela imprensa como pelo próprio regime durante a realização dos jogos. Berlim foi praticamente restaurada em seus principais pontos, maquiando a realidade que existia até ali. Quando do pleito alemão para sediar os jogos, haviam garantido que os judeus não seriam excluídos do time olímpico alemão, conseguindo com isso várias adesões que culminaram com a escolha de sua capital. O objetivo era claro: sublinhar de maneira impressionante a propaganda alemã de superioridade da raça ariana.



Se transformarmos os objetivos políticos em econômicos e sociais, poderemos muito bem imaginar o que deverá acontecer em nosso país em 2016. E as consequências também poderão ser tão nefastas como as que se abateram sobre a Alemanha nos anos subsequentes.


Sócrates é comentarista esportivo, foi jogador de futebol do Corinthians, entre outros clubes, e da seleção brasileira.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Sugestões para 2011


#1


Não assuma compromissos do tipo “vou iniciar uma dieta”, “vou começar alguma atividade física”, “vou terminar o curso de inglês”. Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.



#2

Não acredite nesse pessoal que diz que “sem meta você não vai a lugar nenhum”. Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses “lugares futuros imaginários” apenas como referência para a maneira como você vive hoje – faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.



#3

Não pense que você vai conseguir dar uma guinada na vida apenas mudando o seu visual. É a alegria do coração que dá beleza ao rosto, e não a beleza do rosto que dá alegria ao coração.



#4

Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância fragiliza os vínculos.



#5

Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga “fiz sim, me perdoe”. Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.



#6

Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões, e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.



#7

Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.



#8

Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso não goste do que vê, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.



#9

Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano novo. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente as duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.



#10

Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.



#11

Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesias em voz alta. Participe de rodas de piada. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.



#12

Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja da meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre sua vocação.



#13

Não crie caso com a mulher ou com o marido. Nem com o pai nem com a mãe. Nem com o irmão nem com a irmã. Caso eles criem com você, faça amor, não faça a guerra. O resto se resolve.



#14

Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade.



#15

Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.



#16

Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.



#17

Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus – ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo – o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.



#18

Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será tão confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são inigualáveis.



#19

Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça seu coração – geralmente é ali que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.



#20

Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que “não há caminho, faz-se caminho ao andar”.