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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Como posso descobrir a minha vocação ?



Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

[1Corintios 12.4-7,11]


Você sabe que tem uma vocação quando seu conjunto de talentos, capacidades e habilidades está identificado. Os conceitos de inteligências múltiplas (ver de Howard Gardner) e de dons e ministérios indicam que todas as pessoas são dotadas de recursos para realizações úteis. Quando somos conscientes dos recursos que nos são inerentes ou que recebemos e ou adquirimos ao longo da vida, podemos discernir melhor a contribuição que podemos dar para o bem comum.



Você sabe que tem uma vocação quando seu conjunto de talentos, capacidades e habilidades está disponibilizado de forma organizada. Contribuições pontuais e ações eventuais não são suficientes. A vocação é exercida numa rotina de atividades por meio das quais canalizamos nossos recursos para suprir necessidades específicas das pessoas.



Você sabe que tem uma vocação quando sua contribuição independe de remuneração. Na verdade, quando você está inclusive disposto ou disposta a pagar para continuar a fazer o que faz. Paulo de Tarso era fazedor de tendas por ocupação e apóstolo por vocação. Sua atividade apostólica não dependia de remuneração, e inclusive era, de quando em vez, auto-financiada.



Você sabe que tem uma vocação quando existe uma necessidade do/no mundo a respeito da qual você se sente responsável. Pode ser um grupo social, um povo, uma instituição, uma causa, enfim, algo pelo que você se sente impelido ou impelida a fazer alguma coisa.



Você sabe que tem uma vocação quando aquilo que você faz exige mais do que mera intuição, exige capacitação. Para exercer uma vocação você deve se comprometer a estudar, se aperfeiçoar e se desenvolver de modo a fazer cada vez melhor e com mais excelência, eficiência e eficácia aquilo que faz.



Você sabe que tem uma vocação quando as coisas que acontecem ao redor de sua atuação se explicam apenas pela ação do Espírito Santo. O chamado divino para uma tarefa específica se faz sempre acompanhar dos recursos divinos para sua concretização e sucesso.



Você sabe que tem uma vocação quando recebe constante feedback (retorno) de pessoas que agradecem e glorificam a Deus pela sua vida. O critério último de uma vocação não depende de quanto você gosta do que faz, mas de quanto as pessoas são abençoadas pela sua contribuição.



Você sabe que tem uma vocação quando, ao final de um artigo a respeito de vocação, você não tem um monte de interrogações na cabeça. Como na conversa em que um jovem pergunta ao pastor como saber se está apaixonado, e o pastor responde “Não sei, mas sei que você não está”. Quem precisa perguntar “como posso descobrir minha vocação?”, ainda não a descobriu - não significa que não tem uma vocação, mas que ainda não sabe qual é.



Ed René Kivitz

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A TENTAÇÃO DO ATIVISMO


Os discípulos falam de suas ações como manifestações da presença ativa de Deus. Eles agem, não para provar o seu próprio poder, mas para mostrar o poder de Deus; agem, não para redimir as pessoas, mas para revelar a graça redentora de Deus; agem, não para criar um mundo novo, mas para abrir corações e ouvidos para aquele que está sentado no trono e diz: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21.5).


Em nossa sociedade, que equipara o valor com a produtividade, a ação paciente é muito difícil. Estamos tão propensos a nos preocupar em fazer algo que tem valor, em realizar mudanças, planejar, organizar, estruturar e restaurar, que muitas vezes parece que esquecemos que não somos nós que redimimos, mas Deus. Estar "ocupado", estar "onde está a ação", estar "no auge das coisas", muitas vezes parece ter-se tornado a própria meta a ser atingida. Nós então esquecemos que a nossa vocação não é demonstrar os nossos poderes, mas a misericórdia de Deus.


A ação como forma da vida compassiva é prática difícil, justamente porque nós somos tão carentes de reconhecimento e de aceitação. Esta carência pode facilmente nos levar a nos conformarmos com a expectativa de que iremos oferecer algo de "novo". Numa sociedade que está interessada em novos encontros, tão ávida por novos acontecimentos, e tão sedenta de novas experiências, é difícil alguém não ser seduzido para um ativismo impaciente. Dificilmente nos damos conta desta sedução, especialmente porque aquilo que fazemos é tão obviamente "bom e religioso". Mas até mesmo o estabelecimento de um programa de ajuda, de alimentação dos que estão com fome e de assistência aos doentes pode ser mais uma expressão de nossas próprias necessidades do que um chamado de Deus.


Mas não sejamos tão moralistas a respeito disso: nunca poderemos alegar motivos isentos de interesse próprio, e é melhor agir com aqueles e por aqueles que sofrem do que esperar até que tenhamos completamente sob controle nossas próprias necessidades e os impulsos altruístas agindo plenamente em nós. Entretanto, é importante permanecermos críticos em relação às nossas tendências ativistas. Quando as nossas próprias necessidades começam a dominar as nossas ações, o serviço a longo prazo torna-se difícil, e nós logo ficamos exaustos, esgotados e até mesmo exacerbados pelos nossos esforços.


A fonte mais importante para combater a tentação constante de ceder ao ativismo é a consciência de que em Cristo tudo foi consumado. Esta consciência deveria ser estendida, não como um discernimento intelectual, mas como um entendimento na fé. Enquanto continuamos a agir como se a salvação do mundo dependesse de nós, carecemos da fé que move montanhas. Em Cristo, o sofrimento e a dor humana já foram aceitos e suportados; nele, a nossa humanidade enfraquecida foi reconciliada e admitida na intimidade do relacionamento entre o Pai e o Filho. Por isso, a nossa ação deve ser entendida como uma prática pela qual nós tornamos visível aquilo que já foi consumado. Esta ação se baseia na fé de que nós pisamos em terreno sólido mesmo quando estamos cercados pelo caos, pela confusão, pela violência e pelo ódio.


Deus não é um Deus de ódio e de violência, mas um Deus de ternura e de compaixão. Talvez somente aqueles que muito sofreram entenderão o que significa que Cristo sofreu as nossas dores e consumou a nossa reconciliação na cruz.


Henri Nouwen (1932 – 1996), escritor, preletor e mentor espiritual, foi professor nas Universidades de Harvard, Yale e Notre Dame, e passou a última década de sua vida pastoreando uma comunidade voltada para o cuidado de deficientes mentais, chamada Daybreak, em Toronto, Canadá.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

E agora, José?


José Sarney vive seus últimos momentos e o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, aquele que excomungou todos os adultos envolvidos no aborto de uma gravidez de alto risco em menor estuprada, está se aposentando.

"E agora, José?
A reza acabou,
a presidência dançou,
o povo sumiu,
o escândalo esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que tem nome,
que zomba dos outros,
você que excomunga,
cala quem protesta,
e agora, José?

Está sem respeito,
está sem discurso,
está sem destino,
já não pode benzer,
já não pode empregar,
iludir já não pode,
a verba esgotou,
o milagre não veio,
o aplauso não veio,
o jetom não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?



E agora, José?

Sua negra casaca,

seu instante de santo,

sua imortalidade,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de oligarca,

sua incoerência,seu trono - e agora?


Com a caneta na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no Maranhão,

mas o Maranhão secou;

quer ir para Roma,

João Paulo não há mais.

José, e agora?


Se você confessasse,

se você se arrependesse,

se você tentasse

ser igual a toda gente,

se você dormisse,

se você sonhasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é eterno, José!


Sozinho entre os muros

príncipe em seu palácio,

só teologia,

sem verdade nua

para se perdoar,

você é o dono do mar

que fugiu a galope,

você foge,José!

José, pra onde?"


Por ROBERTO VIEIRA sobre poema de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE