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Capital do Ceará, Ceará, Brazil
cearense,ex aluno Marista,canhoto,graduado em Filosofia pela UECE, jogador de futebol de fds, blogueiro, piadista nato e sobretudo torcedor do Ceará S.C. Não escreveu livros, não tem filhos e não tem espaço em casa para plantar uma árvore.

domingo, 31 de maio de 2009

Do estilo



Fere de leve a frase... E esquece... Nada

Convém que se repita...

Só em linguagem amorosa agrada

A mesma coisa cem mil vezes dita


Mario Quintana

sábado, 30 de maio de 2009

Prisão


"Nós estamos presos nas mais mesquinhas paixões e oramos pedindo à Deus um ar condicionado para nossa prisão."

Ricardo Barbosa

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Doar, Dar…


Acompanham os jornais? A tv? Estão vendo esse movimento de comoção nacional em prol das vítimas das enchentes no norte-nordeste? Não? Eu também não.

Desde o início de abril, as regiões Norte e Nordeste sofrem com uma temporada de chuvas que já atingiu mais de 300 municípios. O número de desabrigados, até o momento, ultrapassa 184 mil pessoas, mais do que o dobro das vítimas de Santa Catarina em 2008, que na época uniu o país e seus veículos de comunicação. Inclusive, na época, a Cruz Vermelha aqui do Estado do Ceará foi a primeira a iniciar campanha de arrecadação de alimentos. Toda catastrofe é de se lamentar, seja aqui no Ceará ou no Sul, não devemos ficar apontando culpados e sim ter misericóridia dos que tem sofrido nesses dias.

Para completar a catástrofe, cidades inteiras estão ilhadas, sem acesso às capitais e pessoas correm risco de morte por não poder se deslocar para hospitais no litoral. Colheitas estão perdidas, rebanhos mortos e várias indústrias estão comprometidas, ocasionando em um prejuízo econômico ainda incalculado.

O que me motiva a escrever esse texto é poder partilhar o meu desejo de que a possibilidade de doar é infinitamente mais significativa do que receber, toda essa chuva que tem assolado ao estado do CEARÁ e vizinhos não tem grandes perspectivas de melhorar logo que passem as chuvas, no entanto partilho um texto do padre Henri Nouwen que foi bastante inspirador.

Ninguém é tão pobre que não tenha o que dar, ou tão rico que não tenha o que receber. Não é possível pensar em paz enquanto o mundo permanece dividido em dois grupos: os que dão e os que recebem. A verdadeira dignidade humana encontra-se tanto em dar quanto em receber. Isso se aplica não só aos indivíduos mas também às nações, culturas e comunidades religiosas. Uma verdadeira visão de paz testemunha uma reciprocidade contínua entre dar e receber. Não deixemos de perguntar a nós mesmos o que estamos recebendo daqueles a quem damos antes de fazê-lo, e nunca recebamos antes de perguntar o que devemos dar àqueles de quem recebemos.

Dar é muito importante: dar discernimento, esperança, coragem, conselho, apoio, dinheiro e, acima de tudo, dar-nos a nós mesmos. Sem dar não há fraternidade e irmandade. Mas receber é igualmente importante, porque ao fazê-lo revelamos aos doadores que eles têm algo a oferecer. Quando dizemos “obrigado, você me deu esperança; obrigado, você me deu uma razão para viver; obrigado, você permitiu que eu percebesse meu sonho”, fazemos os doadores se conscientizarem de seus dons únicos e preciosos. Às vezes é apenas nos olhos dos que recebem que os doadores descobrem esses dons.

Com vocês, ao serviço d'Ele
Thiago Oliveira Braga

terça-feira, 26 de maio de 2009

Fazer o que se gosta…


A escolha de uma profissão é o primeiro calvário de todo adolescente. Muitos tios, pais e orientadores vocacionais acabam recomendando “fazer o que se gosta”, um conselho confuso e equivocado.


Empresas pagam a profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia.


Seria um mundo perfeito se as coisas que queremos fazer coincidissem exatamente com o que a sociedade acha importante ser feito. Mas, aí, quem tiraria o lixo, algo necessário, mas que ninguém quer fazer?
Muitos jovens sonham trabalhar no terceiro setor porque é o que gostariam de fazer. Toda semana recebo jovens que querem trabalhar em minha consultoria num projeto social. “Quero ajudar os outros, não quero participar desse capitalismo selvagem.” Nesses casos, peço que deixem comigo os sapatos e as meias e voltem para conversar em uma semana.


É uma arrogância intelectual que se ensina nas universidades brasileiras e um insulto aos sapateiros e aos trabalhadores dizer que eles não ajudam os outros. A maioria das pessoas que ajudam os outros o faz de graça.


As coisas que realmente gosto de fazer, como jogar tênis, velejar e organizar o Prêmio Bem Eficiente, eu faço de graça. O “ócio criativo”, o sonho brasileiro de receber um salário para “fazer o que se gosta”, somente é alcançado por alguns professores felizardos de filosofia que podem ler o que gostam em tempo integral.


O que seria de nós se ninguém produzisse sapatos e meias, só porque alguns membros da sociedade só querem “fazer o que gostam”? Pediatras e obstetras atendem às 2 da manhã. Médicos e enfermeiras atendem aos sábados e domingos não porque gostam, mas porque isso tem de ser feito.


Empresas, hospitais, entidades beneficentes estão aí para fazer o que é preciso ser feito, aos sábados, domingos e feriados. Eu respeito muito mais os altruístas que fazem aquilo que tem de ser feito do que os egoístas que só querem “fazer o que gostam”.


Então teremos de trabalhar em algo que odiamos, condenados a uma vida profissional chata e opressiva? Existe um final feliz. A saída para esse dilema é aprender a gostar do que você faz. E isso é mais fácil do que se pensa. Basta fazer seu trabalho com esmero, bem feito. Curta o prazer da excelência, o prazer estético da qualidade e da perfeição.


Aliás, isso não é um conselho simplesmente profissional, é um conselho de vida. Se algo vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito. Viva com esse objetivo. Você poderá não ficar rico, mas será feliz. Provavelmente, nada lhe faltará, porque se paga melhor àqueles que fazem o trabalho bem feito do que àqueles que fazem o mínimo necessário.


Se quiser procurar algo, descubra suas habilidades naturais, que permitirão que realize seu trabalho com distinção e o colocarão à frente dos demais. Muitos profissionais odeiam o que fazem porque não se prepararam adequadamente, não estudaram o suficiente, não sabem fazer aquilo que gostam, e aí odeiam o que fazem mal feito.


Sempre fui um perfeccionista. Fiz muitas coisas chatas na vida, mas sempre fiz questão de fazê-las bem feitas. Sou até criticado por isso, porque demoro demais, vivo brigando com quem é incompetente, reescrevo estes artigos umas quarenta vezes para o desespero de meus editores, sou superexigente comigo e com os outros.


Hoje, percebo que foi esse perfeccionismo que me permitiu sobreviver à chatice da vida, que me fez gostar das coisas chatas que tenho de fazer.


Se você não gosta de seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor em sua área, destaque-se pela precisão. Você será aplaudido, valorizado, procurado, e outras portas se abrirão. Começará a ser até criativo, inventando coisa nova, e isso é um raro prazer.


Faça seu trabalho mal feito e você odiará o que faz, odiando a sua empresa, seu patrão, seus colegas, seu país e a si mesmo.


Stephen Kanitz

domingo, 24 de maio de 2009

Ausência






Faça da sua ausência o bastante para que alguém sinta sua falta, mas não prolongue-a demais para que esse alguém não aprenda a viver sem ti.


Novos dias, nova semana "início" de semestre na UECE ... e vida que segue.

Com vocês ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Coerência


Sobre a foto,eu aproveito esse espaço para felicitar uma "grande" amiga minha, que mora longe (Blumenau- SC) e atualmente está mais longe ainda(Havaii), e mesmo ela tendo muito o que curtir por lá, ela separa um tempinho pra prestigiar seu parceiro do Ceará lendo esse BLOG.
Essa foto foi tirada no "museu do olho" na bela cidade de Curitiba-PR.
Valeu Dani Cabral


Toda passagem de ano tenho a tendência de fazer promessas para mim mesmo, no intuito de melhorar. Claro que essa “tática” invariavelmente é furada, e não surtiu muito efeito de maneira prática para minha vida.

Para viver e não me frustrar, eu decidi tomar uma decisão. Apenas uma, no caso eu decidi ser COERENTE, pode vir a ser meio que óbvio, mas no cotidiano a história muda. E tenho buscado viver aquilo que falo, se não vivo, me mantenho calado e pratico esse exercício de vida, mas não sou orgulho o bastante para vivenciar isso de maneira solitária, e tenho desenvolvido o hábito de ESCREVER orações. Isso muito me ajuda a ver a vida de outra maneira.

Viver de maneira coerente é poder olhar o outro face a face, é poder falar a mesma coisa num bar e no pátio de uma igreja. É poder assumir limitações e reconhecer aquilo que se tem feito de bom é ...
enfim , é poder se relacionar com Deus, independente de circunstâncias.
Com vocês, ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dica de Blog


Aproveitando minha última semana de férias para ler algumas coisas pendentes , afinal estou na reta final do meu curso de Filosofia.

Mas nem só de “Filosofia” vive o ser humano, daí eu também prestigiei alguns BLOGs de pessoas que quero bem, e me deparei com um muito legal, de uma garota de 15 aninhos, mas super especial que eu sou fã.
Ela publicou uma poesia de Luís Vaz de Camões, onde fala de mudanças, nada mais coerente deu publicar tal peça e aproveitar e divulgar o endereço de outras preciosidades da Melina (carinhosamente conhecida como Mel).

O desejo do meu coração é que esse nova geração, apesar das mudanças, sejam carregadas de SONHOS, e por isso que eu acredito e invisto nessa geração.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
(...) Luís Vaz de Camões.
Com vocês ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Monólogo ou diálogo?



“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.”
(Jr.29:13)

Orar, em minha opinião, não significa pensar em Deus em vez de pensar em outras coisas; ou passar tempo com Deus, em vez de passar tempo com outras pessoas. Pelo contrário, significa pensar as coisas e viver com as pessoas na presença de Deus.

Assim que começamos a dividir nossos pensamentos em pensamentos voltados para Deus e pensamentos voltados para pessoas e eventos, removemos Deus de nossa vida diária e o colocamos em um pequeno nicho religioso onde supostamente se pode ter pensamentos religiosos e experimentar sentimentos religiosos. Embora seja importante, e mesmo indispensável, para a vida espiritual reservar um tempo para Deus – e somente para Ele -, a oração só poderá tornar-se constante quando todos os nossos pensamentos – belos ou feios, altivos ou vis, arrogantes ou humildes, tristes ou alegres – forem assumidos na presença de Deus.

Vale dizer : converter nossos incessantes pensamentos em uma constante oração. Isso nos conduz de um monólogo egocêntrico para um diálogo centrado em Deus. Para tanto, é preciso que transformemos todos os nossos pensamentos em diálogo.

O foco, portanto, não é o que pensamos, mas a Pessoa a quem expormos nossos pensamentos.
Com vocês, ao serviço d'Ele
Thiago Oliveira Braga

terça-feira, 19 de maio de 2009

Palavras



Não sou digno do amor de Deus. Não, não sou...
Não sou porque a ira toma o meu ser quando as setas do inimigo vêm em minha direção.
Não sou digno do Amor de Deus, porque tenho magoado as pessoas que amo, pelo meu modo incisivo de falar.
Não sou digno, porque por vezes me rendo às minhas vontades e não ouço a vontade do Pai.
Não sou digno, não sou.
Não sou digno, porque eu não tenho falado desse amor a todos que conheço.
Não sou digno, porque tenho julgado pessoas, que assim revidam da mesma forma.
Não sou digno, porque cada vez me pareço mais comigo mesmo e, menos com Jesus.
Não sou digno de Ti, Deus meu! Peço o teu perdão, pela Tua graça e misericórdia.
Assim não quero mais agir.


Com vocês, ao serviço d'Ele
Thiago Oliveira Braga

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O que é oração


“A oração cristã é orar ao Pai, através do filho, mediante o Espírito Santo”. James Houston


ORAÇÃO É AMIZADE. Orar é uma resposta para o amor e a amizade de Deus. “Oração é a nossa resposta à proposta e chamado de Deus. A primeira palavra é sempre de Deus; a nós nos cabe a segunda, a reposta.” (Ricardo Barbosa– O Caminho do Coração – pág 117). Porque Deus toma a iniciativa de reconciliar consigo mesmo o mundo através de Cristo como prova de seu grande amor e justiça. Isso quer dizer que Deus nos transforma de inimigos em seus amigos. Assim, a oração é possível porque Deus toma a iniciativa de falar conosco primeiro e nós lhe respondemos em oração.


ORAÇÃO É CONHECIMENTO. Oração é um encontro de uma amizade pessoal e íntima com Deus. Nestes encontros de uma convivência amiga de oração, aprendemos a nos conhecer quando conhecemos mais a Deus. Assim, somos transformados a medida em que este encontro intensifica-se.


ORAÇÃO É TRANSFORMAÇÃO DO SER. Sóren Kierkegaard disse: “A oração não transforma a Deus, mas transforma aquele que ora”. Não oro todos os dias para mudar a Deus, a fim de que ele sempre atenda meus pedidos e realize meus desejos. Mas oro a Deus para mudar meu caráter, meu coração, meus desejos, vontades, intenções, motivações, pensamentos, atitudes, vocabulário e meu espírito diante da vida. Assim, orar é dizer “seja feita a tua vontade”, a fim de que, em nosso companheirismo com Deus, como pessoas que oram, realmente comecemos a tornar-nos diferentes. Somente assim, nosso ser inteiro começa a ser transformado pela vida e pelo espírito da oração.


ORAÇÃO É ADORAR AO PAI EM ESPÍRITO E EM VERDADE. Orar é entender que Deus é Pai que procura para si “verdadeiros adoradores que adoram ao Pai em espírito e em verdade”. Deus procura adoradores que oram, não apenas motivados por receber exclusivamente dádivas de Deus, nem para sentir o poder carismático de Deus, mas Deus procura filhos adoradores que oram por causa de seu amor e do desejo de ter um relacionamento íntimo e pessoal de amor com Deus pai.


ORAÇÃO É UM RELACIONAMENTO DE AMOR COM DEUS. A oração tem mais haver com o amor do que o poder de Deus. Porque até mesmo o inferno pode imitar o poder de Deus, mas é incapaz de um mínimo gesto de amor como o de Deus. Assim, no silêncio e na solitude do quarto, Deus não é apresentado como um general, o Todo-Poderoso, o Juiz, o Altíssimo, que está lá longe no alto e sublime trono nos céus e faz apresentações espetaculares de poder, milagres e maravilhas a fim de nos convencer de que é Deus, mas Jesus nos apresenta Deus como o Pai amoroso que sente prazer de está com seus filhos. A oração em secreto a Deus Pai, é o pronunciar singelo do “Aba”, o balbuciar da criança que descansa em absoluta confiança no colo do Pai.


ORAÇÃO É DESFRUTAR DA PRESENÇA DE DEUS ALÉM DAS PALAVRAS VERBALIZADAS. É viver conectado em Deus 24 horas por dias, onde o diálogo - ouvir e falar de ambas as partes – é uma rotina de uma convivência amiga e prazerosa. Assim, a oração deixar de ser exclusivamente um monólogo e passa também a ser uma disposição do coração de estar em silêncio para ouvir Deus. “A oração é muito mais uma atitude de entrega, rendição e disponibilidade do que um monólogo piedoso diante de Deus”.

Com Vocês, ao serviço d'Ele Thiago Oliveira Braga

domingo, 17 de maio de 2009

Orar


Orar é entrar em sintonia com Deus. Há muitas maneiras de fazê-lo e não se pode dizer que esta é melhor que aquela. Há orações individuais ou coletivas, baseadas em fórmulas ou espontâneas, cantadas ou recitadas. Os salmos, por exemplo, são orações poéticas, das quais cerca de cem expressam lamentação e/ou denúncia, e cinqüenta, louvor.
Nós, ocidentais, temos dificuldade de orar devido ao nosso racionalismo. Em geral, ficamos na soleira da porta, entregues à oração que se apóia nos sentidos (música, dança, mirar vitrais ou paisagens etc.) ou na razão (fórmulas, leituras, reflexões etc.).
Orar é entrar em relação de amor. Como ocorre entre um casal, há níveis de aprofundamento entre o fiel e Deus. Uns oram como o namorado que fala demais no ouvido da namorada. Como se Deus fosse surdo e burro. Parecem aquela tia que liga e fala tanto, tanto, que minha mãe deixa o fone, mexe a comida nas panelas e retorna, sem que sua ausência seja percebida.
Jesus sugeriu não multiplicar as palavras. Deus conhece os nossos anseios e necessidades. O próprio Jesus, narra o evangelho, gostava de retirar-se para lugares ermos para entrar em oração. "Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus" (Lucas 6, 12).
Na oração, é preciso entregar-se a Deus. Deixar que ele ore em nós. Se temos resistência à oração é porque, muitas vezes, tememos a exigência de conversão que ela encerra. Parar diante de Deus é parar diante de si mesmo. Como num espelho, ao orar vemos o nosso verdadeiro perfil - dobras do egoísmo realçadas, mágoas acumuladas, inveja entranhada, apegos enrijecidos. Daí a tendência a não orar ou fazer orações que não revirem ao avesso a nossa subjetividade.
Os místicos, mestres da oração, sugerem aprendermos a meditar. Esvaziar a mente de todas as fantasias e idéias, e deixar fluir o sopro do Espírito no silêncio do coração. É um exercício cujo método a literatura mística ensina. Mas é preciso, como Jesus, reservar tempo para isso. Assim como a relação de um casal arrefece se não há momentos de intimidade, do mesmo modo a fé se debilita se não nos recolhemos em oração.
Oramos para aprender a amar como Jesus amava. Só a força do Espírito dilata o coração. Portanto, uma vida de oração se avalia, não pelos momentos entregues a ela, e sim pelos frutos na vida cotidiana: os valores elencados como bem-aventuranças no Sermão da Montanha (Mateus 5, 1-12). Ou seja, pureza de coração, desprendimento, fome de justiça, compaixão, destemor nas perseguições etc.
Orar é deixar-se amar por Deus. É deixar o silêncio de Deus ressoar em nosso espírito. É permitir que ele faça morada em nós. Sem cair no farisaísmo de achar que a minha oração é melhor do que a sua, como aquele fariseu frente ao publicano (Lucas 18,9-14). Quem ora procura agir como Jesus agiria. Sem temer os conflitos decorrentes de atitudes que contradizem os antivalores da sociedade consumista e individualista em que vivemos.
Orar é subverter-se a si próprio. Centrado em Deus, o orante descentra-se nos outros e imprime à sua vida a felicidade de amar porque se sabe amado. Parafraseando Jó, antes de orar se conhece a Deus "por ouvir falar". Depois, por experimentar. O que levou Jung a exclamar: "Eu não creio. Eu sei".
Frei Betto

sábado, 16 de maio de 2009

Pense nisso ...





Mais da mesma coisa nos deixa no mesmo lugar


Hans Bürki

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pense nisso ...


“Quando você não pode abrir mão de alguma coisa que você tem, não é você que tem a coisa, é a coisa que tem você”.


Citado por meu amigo-irmão Roberto Diamanso.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Dádiva da Amizade

Cultivando um amigo espiritual

A amizade é uma das maiores dádivas que o ser humano pode receber. Ela está para além dos alvos comuns, dos interesses compartilhados ou das mesmas histórias. É mais forte do que a atração física, mais profunda do que a solidariedade ou um projeto vida. A amizade é a alegria de dar e receber, de amar e sofrer, de confiar e entregar sem reservas. É estar com o outro, mesmo quando não podemos nem aumentar a alegria, nem diminuir a tristeza. Amizade é o encontro de almas que promove a nobreza do amor.

O culto ao individualismo, a busca pela realização pessoal, o narcisismo, a satisfação imposta pelo consumismo, tudo isso tem criado em nós uma sensação falsa de preenchimento e uma percepção cínica da amizade. Muitos homens modernos estranham e até levantam suspeitas sobre as declarações de Jônatas a Davi que, segundo o relato bíblico, afirma que o amava como à sua própria alma. Nossa capacidade de compreender o significado e a profundidade da amizade compromete, não só nossa humanidade, mas sobretudo, nossa relação com Deus. De um lado, nossa vida pode ser resumida na busca por um amigo, na renúncia da solidão; mas, por outro, rejeitamos a idéia de qualquer relacionamento cuja intimidade levante suspeitas sobre nossa integridade e comprometa nossa liberdade.

Foi a amizade entre Davi e Jônatas que livrou Davi da loucura, de ser um homem amargo, doente e vingativo. a relato da amizade entre os dois dá-se entre os capítulos 18 e 20 do primeiro livro de Samuel. Nestes três capítulos vemos o relato do ciúme assassino de Saul contra Davi, quando por várias vezes tenta destruí-lo e matá­-lo. Davi tinha tudo para ser uma pessoa vingativa e amarga. Foi perseguido e odiado, não por ter feito algo errado, mas por ser bom, fiel e generoso. No Salmo 41 ele descreve sua tristeza por ser traído por um amigo íntimo, em quem ele confiava e que comia em sua mesa. Davi amava Saul. Ser perseguido e odiado por alguém que se ama é um golpe que leva qualquer pessoa à loucura, que traz profundas raízes de amarguras. Davi tinha tudo para ser alguém assim. No entanto, a amizade de Jônatas surge como um jardim no meio do deserto de Davi. Ela o preserva, guarda seu coração e alma, mantém sua humanidade firme e verdadeira. A amizade salvou Davi.

O alicerce da amizade de Davi e Jônatas foi Deus, o Deus da aliança. Ao se despedirem, depois de chorarem e beijarem um ao outro, disse Jônatas a Davi: "Vai-te em paz. porquanto juramos ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja para sempre entre mim e ti e entre a minha descendência e a tua." Há, nesta declaração, duas características da amizade de Davi e Jônatas que merecem ser destacadas. A primeira é Deus. Deus faz parte da amizade. Na verdade, toda amizade começa em Deus, ou melhor, toda experiência real e verdadeira de amor começa e é preservada em Deus, que é a fonte de todo amor. Somente quanto nos sentimos amados, desejados e queridos, é que aprendemos a amar, desejar e querer. O único amor que torna possível o nosso amor é o amor divino. Um amor que se dá a nós sem reservas ou medos, que não impõe condições, que é generoso e abundante. Deus nos ama, não porque atingimos algum grau de perfeição ou pureza, mas por sermos exatamente como somos. Ele nos conhece como ninguém, sabe tudo a nosso respeito, não há nada que possamos esconder dele, e mesmo assim nos recebe em seu amor, abraça nossas culpas e pecados, sofre nossas dores, chora nossa miséria e cria para nós um novo lar, uma família, uma comunidade. Jônatas e Davi colocam Deus entre eles. "Seja Deus entre nós para sempre", foi o que Jônatas disse a Davi. Deus será sempre o avalista desta amizade. Ela não existe sem ele. Ele estará sempre no meio, será o elo que liga, a corrente que amarra e prende. Será uma amizade fundamentada em Deus e no seu amor. Será maior que Davi, maior que Jônatas, maior que as circunstâncias, maior que os riscos que o pecado humano naturalmente cria nas amizades. "Seja Deus para sempre entre nos.”

A outra característica na declaração de Jônatas foi sua despedida. Ele inicia dizendo: "Vai-te em paz!" - é uma amizade libertadora, não possessiva, não sufocante. Ela deixa o outro seguir, invoca a paz, abençoa. Toda relação possessiva, dominadora, não passa de uma relação com o próprio ego medroso e inseguro. Ela não alimenta o amor, não promove o outro, não contribui para o crescimento. Davi nunca mais viu Jônatas, o convívio entre eles teve curta duração, mas a amizade permaneceu pelo resto da vida. Até mesmo depois da morte de Jônatas, Davi continuou celebrando a aliança que juntos haviam invocado, continuou provando a bênção da presença de Deus que tornou possível a amizade.

Toda dádiva de Deus tem um valor em si mesma. Estamos acostumados a encontrar o valor das coisas em algum lugar fora delas. Precisamos de resultados, estatísticas, alguma comprovação de que o investimento foi bom, valeu a pena. Os dons de Deus não deveriam ser avaliados assim. Sua beleza reside neles, e não apenas no que produzem. A amizade tem sua beleza nela mesma. Como disse Rubem Alves, um amigo é aquela pessoa que vive de sua inutilidade. Ele diz: "Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de comunhão. Diante do amigo sabemos que não estamos sós. E alegria maior não pode existir." Foi isto que a amizade de Jônatas fez por Davi: nunca permitiu que Davi se sentisse só, mesmo depois da sua morte. Jônatas abriu o coração de Davi para esta experiência única e transformadora.

Amigos são dádivas de Deus. Não os fabricamos, apenas os recebemos com alegria e gratidão e os cultivamos com amor e dedicação. No entanto, vale lembrar que eles não são substitutos de Deus, pois trazem consigo suas limitações e fraquezas. Seu amor não é infalível, muito menos perfeito. Se temos medo de amar, se não aceitamos os riscos e as deficiências da amizade, então dificilmente construiremos os vínculos da comunhão. Nenhum amigo jamais preencherá sozinho as lacunas da nossa alma ou da nossa solidão. Mas é na amizade, com todas as suas limitações, que podemos experimentar o amor incondicional e ilimitado de Deus. É nela que aprendemos a dar e receber, a amar e ser amados, a perdoar e compreender. Aprendemos a cuidar, consolar, confrontar e compartilhar alegrias e tristezas. Precisamos de Deus para aprender a amar nossos amigos e precisamos dos amigos para seguir amando a Deus.

Fomos chamados para a amizade. A comunhão faz parte da vocação primeira do cristão. Jesus, no sermão de despedida, disse que não chamaria mais seus discípulos de servos, mas de amigos. A razão é muito simples: não haveria mais segredos entre eles; tudo quanto ele e o Pai compartilhavam, agora seus amigos também compartilhariam. Jesus nos chama para a amizade. Não há convite mais pessoal amoroso e eterno do que este, assim como nada há de mais transformador, mais verdadeiramente humano e mais revolucionário.

Ricardo Barbosa de Souza

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tenho aprendido que devo ouvir mais e falar menos


o VOTO é um juramento ou um compromisso de caráter religioso. É uma oferta votiva a Deus. Um voto podia ser: de realizar alguma coisa para Deus em recompensa ao seu favor ; ação de graças e de sacrifício, feitos a Deus por orações respondidas e livramentos proporcionados ; abster-se de alguma coisa.


A. W. Tozer propõe cinco votos que o cristão deveria fazer e realizar:
1. Trate seriamente com o pecado. Todo pecado conhecido deve ser nomeado, identificado e repudiado. Devemos confiar em Deus para nos libertar de todo e qualquer pecado consciente ou deliberado, em qualquer parte da nossa vida. Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue (Hb 12.4).
2. Não seja dono de coisa alguma. Isto não quer dizer que não possamos possuir coisas, mas sermos libertos do senso de possuí-las. Você sentira grande liberdade em sua vida se você não possuir mais o sentido de posse.
3. Nunca se defenda. Entrega a sua defesa a Deus e Ele o fenderá: Mas, se diligentemente lhe ouvires a voz e fizeres tudo o que eu disser então, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. (Ex 23.22). Ele providenciará para que ninguém lhe cause dano (Is 54.17).
4. Nunca passe adiante algo que prejudique alguém. Se você sabe alguma coisa que possa vir a obstruir ou ferir a reputação de alguém, enterre-a para sempre. Lembre-se que o amor cobre multidão de pecados (1Pe 4.8).
5. Nunca aceite qualquer glória. Há muitos que trabalham na igreja esperando que seu serviço seja visto e reconhecido. É o desejo de ter reputação entre os santos.
Porém, Deus é zeloso de sua glória e não a dará a ninguém. A Ele seja toda glória e reputação!
Com vocês, ao serviço d'Ele,Thiago Oliveira Braga

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Meu nome é Nelson Rodrigues - Zeca Baleiro


sou do tempo em que as atrizes tinham alma
sou do tempo em que farmácia só vendia remédio
sou do tempo em que jornal de domingo se lia no domingo
sou do tempo em que até os canalhas choravam
sou do tempo em que os ladrões eram elegantes
sou do tempo em que até os automóveis davam bom dia

Procura-se um cajado!


O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu...
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos vários verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

Fernando Pessoa - O Pastor Amoroso

terça-feira, 5 de maio de 2009

Parábola dos filhos perdidos

Fim de tarde no portão

A cabeça branca ao relento

Teimosia de paixão

Faz das cinzas renascer alento

Na estrada o seu olhar

Procurando um vulto conhecido

Espera um dia abraçar

Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte

Mais do que o Inferno e a Morte

São torrentes que arrebentam o chão

Mais fácil secar os mares,

Apagar a estrela Antares,

Que arrancar o amor do seu coração

Fim de tarde

Se debruça no portão

Mas um dia aconteceu

E o moço retornou mendigo

O pai depressa correu

E abraçou o filho tão querido

Tragam roupas e o anel

Calcem logo os seus pés Milagre!

Vinho do melhor tonel

Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte

Mais do que o Inferno e a Morte

São torrentes que arrebentam o chão

Mais fácil secar os mares,

Apagar a estrela Antares,

Que arrancar o amor do seu coração

Fim de tarde Está deserto o portão

Autor:Stênio Marcius

baseado na PARÁBOLA DOS FILHOS PERDIDOS

Lucas 15.11-32

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Otimismo e a Esperança


Hoje não há razões para otimismo.
Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo.
Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro.
Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração.
Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível...
Otimismo é alegria por causa de: coisa humana, natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina.
O otimismo tem suas raízes no tempo.
A esperança tem suas raízes na eternidade.
O otimismo se alimenta de grandes coisas.
Sem elas, ele morre.
A esperança se alimenta de pequenas coisas.
Nas pequenas coisas ela floresce.
Basta-lhe um morango à beira do abismo.
Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões.
A possibilidade da esperança...


Rubem Alves

Trecho da crônica Sobre o Otimismo e a Esperança, publicado originalmente no livro Concerto para Corpo e Alma (Ed. Papirus).

Foto:Foi tirada numa casa de repouso de velhinhos, na cidade de Jundiaí-SP em Janeiro de 2007,no trabalho prático do IPL daquele ano.Um dia muito marcante para minha vida.