[Opinião] Colégio Cearense - Antonio Mourão
29/09/2007Causou celeuma, na cidade, o anúncio do fechamento do Colégio Cearense. Para aqueles, como meu, que lá estudaram, ficou um gosto meio amargo a deglutir. Nós, que tanto confiamos naquelas pilastras mestras da educação marista, fomos tomados de surpresa..
Mas, devemos nos render às evidências do tempo. Nada daquilo que nos foi ensinado no passado deixa de ter validade. Continuam ensinamentos válidos para muitas gerações. Nada ficou perdido.
Penso que a mudança de perfil da cidade, esvaziando o Centro, foi muito forte. Uma pena que os irmãos maristas não tenham percebido isso a mais tempo e construído, por exemplo, uma sede mais para o lado leste da cidade.
Mas, os ensinamentos maristas continuarão numa série de outras atividades tanto aqui, em Fortaleza, como no Brasil e no mundo. A Ordem se encontra em 76 países dos cinco continentes.
Não penso que o meu casamento deixou de ter validade porque o padre que o oficiou já faleceu. Ou porque o outro, que me batizou, deixou a batina.
Os valores não se apegam ao espaço, ficam marcados em nossas vidas ou não ficam. Ninguém vai ao cemitério para ver como era o ente querido. Ele está, se ainda continuar vivo, em nós. Nas nossas atitudes e condutas.
Em verdade devo confessar-lhe, o meu Colégio Cearense não se localiza na Av. Duque de Caxias. Está em minhas lembranças. No que sou. Na história que estou sendo capaz de construir.
As paredes não fazem as fortalezas. Aquelas aulas, o pátio, o campo de futebol, o recreio... hoje habitam outros planos. Estão muito vivas em minha memória.
Lastimo sim, que outras instituições de ensino, em nossa cidade, tenham transformado o sublime ato de educar, num negócio que envolve muita grana e lucro.
Aí sim, eu choro muito e tenho saudades. Não apenas dos colégios que fecharam, mas dos herdeiros que não tiveram a mesma mística dos fundadores.
Antonio Mourão - Médico antropólogo e professor